Por Bruno Inácio A pintura surrealista "La trahison des images" (1928/1929) em que René Magritte nega o que estamos a ver. Na realidade não estamos a ver um cachimbo mas a representação de um cachimbo. 26 de Julho de 2018
“Hospitais do Algarve, Évora, Coimbra e Lisboa Central com maior número de vagas para médicos” 30 de Julho de 2018 “O Algarve precisa de 67 médicos para o Verão mas ainda não conseguiu nenhum” 30 de Julho de 2018 “Ministério da Saúde procura anestesistas a todo o custo, para suprir carências no Algarve” 30 de Julho de 2018 “Ministério da Saúde admite rever atrativos para colocar médicos no Algarve” Quatro títulos de noticias do jornal Público em apenas quatro dias mostram uma realidade que todos conhecemos, que alguns procuram ignorar, que outros querem pintar de cor-de-rosa e que outros usam como arma de arremesso. Olhemos para o problema com as lentes que quisermos mas só por falta de honestidade intelectual é que diremos que não temos um problema. Não sendo de agora, é um problema que também existe agora. Identificado o problema, reconheça-se que os últimos governos têm procurado encontrar soluções para o minimizar. Seja através de trabalho extraordinário, contratação externa, autorização para médicos aposentados regressarem ao serviço, incentivos para a fixação de médicos. De uma forma geral, as soluções tiveram um efeito anestesiante e não resolveram a questão de fundo que, por força da lógica, se acentua profundamente no verão. Chegamos pois a um ponto em que temos um desequilíbrio brutal entre a quantidade de médicos em Lisboa, no Porto e em Coimbra relativamente ao Algarve (e ao resto do território). Será qualquer coisa como o dobro. Ou seja, em Lisboa, Porto e Coimbra existem mais do dobro dos médicos por habitante do que existe no Algarve. Também este fenómeno se explica por várias razões mas se as formos esmiuçar encontraremos os mesmos factores que levaram (e levam!) a um desequilibro territorial que existe no país entre o litoral e o interior e entre os centros urbanos e as periferias. Está visto e comprovado, várias vezes comprovado, que não são os incentivos e as outras medidas anestesiantes que vão fazer mudar a situação. E sim, é uma situação preocupante porque falamos do bem principal que devemos ter a capacidade enquanto Estado (todos nós!) de providenciar de forma generalizada e tendencialmente gratuita. Urge pois medidas de carácter estrutural, radicais (se preferirem o termo!) e consequentes. Seja a construção de um hospital central, seja a obrigatoriedade de colocação na região por determinado tempo, seja a rotatividade que obrigue ao serviço em determinado local do território. Não podemos continuar a formar médicos e continuar com falta de médicos. É claro que não têm de ser os médicos a resolver os problemas que cabe à gestão política, portanto cabe à gestão política implementar medidas, eventualmente impopulares, que se impõe na resolução do problema. Posto isto, e tendo em conta o conto de fadas que temos vivido neste país nos últimos quatro anos, estamos todos (mesmo aqueles que dizem que não e que pintam o país de rosa) certos que isso não vai acontecer. Portanto, por cá, cada um que se amanhe!
1 Comment
João Baltazar
2/8/2018 13:29:23
Infelizmente este tema será rapidamente esquecido passado que é o mês de Agosto. O Algarve voltará à condição de província ou como agora está na moda "interior" esquecida.
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