Lugar ao Sul
  • Sobre nós
  • Autores
  • Convidados
  • Personalidade do Ano a Sul
    • Personalidade de 2017
  • Contactos
  • Sobre nós
  • Autores
  • Convidados
  • Personalidade do Ano a Sul
    • Personalidade de 2017
  • Contactos

Bem-vindo

Vais ao Hospital? Não. Vou à cidade. 

15/2/2017

1 Comentário

 
Por Bruno Inácio

A regeneração urbana, a construção da cidade, a mobilidade. Conceitos que associamos de forma indelével ao core business da administração pública central e local. A reflexão em torno deste tema acaba consequentemente por se centrar nos políticos e naqueles que procuram intervir publicamente de forma mais ou menos interessada neste tema. 
Imagem
A cidade, do ponto de vista conceptual tem sido explorada por muitos autores. Marx e Engels falavam sobre uma cidade (ocidental) moderna como o local da produção e reprodução do capital, produto da sociedade capitalista e parte integrante de processos sociais mais amplos. Mas estas são visões do século XIX que pese embora importa estudar devem ser contextualizadas. Os processos de planeamento aprofundaram-se e hoje conceitos como a “qualidade de vida” são factores-chave do pensamento estratégico da cidade.

Esta pequena abordagem vem no seguimento da entrevista que Filipe Vieira, administrador executivo do Hospital de Loulé, deu ao Jornal Barlavento (ler aqui) sobre o novo investimento que aquela unidade irá realizar na zona história da cidade.

Já volto ao tema, mas antes permitam-me recordar o processo de requalificação do edifício actual do Hospital de Loulé. Após ter encerrado, assim permaneceu durante muitos anos sem qualquer solução à vista. O edifício, no centro da cidade, propriedade da Misericórdia de Loulé, foi acabando por se degradar e a pouco e pouco acabou por se tornar um cancro urbanístico. Seruca Emídio, à data presidente da Câmara Municipal de Loulé, assumiu como desígnio a sua requalificação. E julgo que o fez não só pela necessidade de aumentar a oferta de cuidados de saúde na cidade, mas também - e atrevo-me eu a dizer, sobretudo - porque percebeu todo o potencial gerador de vida que tal intervenção poderia acarretar. Recordo que a questão foi alvo de trica política. A oposição contestava este apoio público à Misericórdia que posteriormente iria concessionar a exploração a privados. Não quero aqui retomar essa discussão. Ela é válida e pertinente certamente, no entanto quero me centrar no efeito multiplicador positivo que o investimento trouxe à cidade de Loulé.

O tempo passou e hoje o Hospital de Loulé tornou-se uma referencia na prestação de cuidados de saúde no sul do país. A requalificação do edifício trouxe um dinamismo colateral que não sendo quantificável é plenamente visível. É um facto que acrescentou valor, não só porque um marco importante da memória colectiva da cidade foi recuperado, como a sua recuperação contribuiu para a construção da mais e melhor cidade.

Olhando para o futuro, o Hospital de Loulé prepara um investimento de 4 milhões de euros na recuperação do antigo Convento de Graça com vista à sua expansão e à criação de uma unidade clínica de ponta. Nesse processo o Hospital de Loulé propõe-se a manter a sua traça arquitectónica ao mesmo tempo que dá uma função a um edifício sem qualquer utilização. Este é um outro exemplo de degradação patrimonial que existe no centro da cidade. A autarquia, liderada por Vítor Aleixo, está a realizar um investimento na recuperação do Portal e requalificação do espaço interior da antiga igreja deste antigo convento. É um bom exemplo de como o público e o privado podem baixar a tensão que a sua génese invoca, para contribuir de forma uniforme para a criação de cidade.

Retomando a entrevista de Filipe Vieira replico uma frase do responsável que me parece particularmente feliz:

“Esta zona obriga a uma reformulação dos fluxos de pessoas e de viaturas. Nós, de facto, juntamente com a autarquia e com as entidades oficiais, temos aqui uma equação que tem de ser resolvida, que é conseguir alocar toda esta gente no centro da cidade. Penso que a criação desta nova unidade não só traz muita gente para habitar aqui em Loulé, mas também traz uma vivência fantástica. Consigamos todos re-equacionar uma solução integrada»


​Integrar. Parece-me a palavra chave. Olhar para a cidade, identificar as suas maleitas e numa estratégia integrada por em prática soluções funcionais. A atracão de mais pessoas, ou melhor, a atracão de mais vida para os centros urbanos de onde essa vida foi gradualmente expulsa pelas novas lógicas urbanistas de expansão, é um desígnio que exige criatividade e visão associada a uma lógica de planeamento descomplexada. E neste caso concreto, que hoje aqui vos falo, existe visão pública e privada em prol de uma melhor cidade. 
1 Comentário
Luis santos
15/2/2017 22:20:50

Artigo com a qualidade que o autor já nos vem habituando.
Concordo, em absoluto, com a conclusão. Será, sem dúvida, um dos grandes desafios para a cidade, quer na vertente pública assim como na iniciativa privada.
Uma reflexão sobre a reabilitação de outros dois edifícios emblematicos da cidade e a preocupação com os desígnios de um outro, também sobre gestão pública, que foi em tempos um instituto superior complementaria a perspectiva.

Responder



Enviar uma resposta.

    Visite-nos no
    Imagem

    Categorias

    Todos
    Anabela Afonso
    Ana Gonçalves
    André Botelheiro
    Andreia Fidalgo
    Bruno Inácio
    Cristiano Cabrita
    Dália Paulo
    Dinis Faísca
    Filomena Sintra
    Gonçalo Duarte Gomes
    Hugo Barros
    Joana Cabrita Martins
    João Fernandes
    Luísa Salazar
    Luís Coelho
    Patrícia De Jesus Palma
    Paulo Patrocínio Reis
    Pedro Pimpatildeo
    Sara Fernandes
    Sara Luz
    Vanessa Nascimento

    Arquivo

    Junho 2020
    Maio 2020
    Abril 2020
    Março 2020
    Fevereiro 2020
    Janeiro 2020
    Dezembro 2019
    Novembro 2019
    Outubro 2019
    Setembro 2019
    Agosto 2019
    Julho 2019
    Junho 2019
    Maio 2019
    Abril 2019
    Março 2019
    Fevereiro 2019
    Janeiro 2019
    Dezembro 2018
    Novembro 2018
    Outubro 2018
    Setembro 2018
    Agosto 2018
    Julho 2018
    Junho 2018
    Maio 2018
    Abril 2018
    Março 2018
    Fevereiro 2018
    Janeiro 2018
    Dezembro 2017
    Novembro 2017
    Outubro 2017
    Setembro 2017
    Agosto 2017
    Julho 2017
    Junho 2017
    Maio 2017
    Abril 2017
    Março 2017
    Fevereiro 2017
    Janeiro 2017
    Dezembro 2016
    Novembro 2016
    Outubro 2016

    Feed RSS

    Parceiro
    Imagem
    Proudly powered by 
    Epopeia Brands™ |​ 
    Make It Happen

“Sou algarvio
​e a minha rua tem o mar ao fundo”
 

​(António Pereira, Poeta Algarvio)

​Powered by Epopeia Brands™ |​ Make It Happen