Por Bruno Inácio Por aqui andamos muito dedicados ao tema da saúde. Depois de na semana passada o Gonçalo Duarte Gomes ter receitado uma vacina ao turismo do Algarve, o João Fernandes, já esta segunda-feira, colocou a coisa em perspectiva e, quanto a mim, deixou claro a importância do sector na região - se é que tal (ainda) fosse necessário – e quanto a mim rematou para golo na baliza que o Luís Coelho havia construído sobre a necessidade de colocar um travão no turismo. Fechada que estava, aparentemente, a discussão, os “habitantes” deste Lugar, receberam ontem uma nova conterrânea que meteu o dedo na ferida e trouxe as chagas da saúde na região para cima da mesa, não fosse ela uma profissional da área. Como tantas vezes acontece com outros colegas deste Lugar, a Sara Luz tece um conjunto de considerandos com os quais não concordo, mas - como também muitas vezes acontece –finaliza o seu artigo com o que todos desejamos aqui: mais e melhor região, mais e melhor qualidade de vida para quem aqui vive e para quem nos visita. Caminhos diferentes que nos levam a lugares comuns. Não é essa também a maravilha da democracia? É pois. Composição VIII Pintura a óleo sobre tela realizada pelo artista russo Wassily Kandinsky Dei por mim a pensar que independentemente do número de leitores deste Lugar (e são alguns milhares por semana) é uma óptima forma de comemorar Abril tendo em conta que estas discussões nos enriquecem na medida em que nos obrigam a olhar para os temas sobre outros pontos de vista.
Esta experiência – o Lugar ao Sul - que já leva mais de meio ano, não sei se pioneira ou não, tem sido uma agradável aventura. Julgo que falo por todos os que aqui escrevem quando o afirmo. A equipa tem crescido e o Lugar tem ficado mais habitado. Mais habitantes obriga-nos a um esforço suplementar de reflexão na medida em que estes acrescentam novas perspectivas construídas por outras experiências de vida. E isso só pode ser positivo. Este intróito serve para fazer um desabafo, em jeito de desejo, que não é particularizado em nada ou ninguém, mas genérico no sentido do que pessoalmente desejo para o nosso Sul. A criação de massa critica não é só uma responsabilidade individual de cada um na medida em que cada pessoa faz o seu caminho, a sua formação e tem sua experiência. A massa crítica comunitária é algo que nos convoca a todos para a sua concretização através de formas tão diferentes como são as associações, os partidos, os fóruns de reflexão, a escola, as instituições regionais etc. etc. etc. Dei por mim a reflectir sobre esta questão no mesmo sentido em que o Daniel Oliveira escreveu no Expresso deste fim de semana um artigo intitulado “Não há vacina contra a ignorância”. Concordar com o Daniel Oliveira é coisa rara, muito rara, por estas minhas bandas, mas o seu texto é exemplar e a determinado momento afirma: “O que nos protege a todos é a imunidade de grupo, que só funciona com altas taxas de vacinação. Por isso, vacinar os filhos não é uma opção individual, é um dever social ainda mais imperativo do que o pagamento de impostos. A vacina prova que a cooperação entre todos garante uma defesa coletiva. E que o egoísmo ou a ignorância de poucos só não tem consequências dramáticas porque a esmagadora maioria participa nessa cooperação. Se essa minoria se tornar significativa, ficamos todos em perigo.” Se deste parágrafo retirarmos a ideia da vacinação e colocarmos a ideia da massa crítica, do pensamento próprio, da necessidade de colocar em causa as ideias pré-concebidas… não assenta que nem uma luva? Eu julgo que sim. E por isso acredito piamente que projectos como o Lugar ao Sul e tantos outros das mais variadas formas que existem a Sul são fundamentais para a construção do nosso futuro colectivo. E todos somos responsáveis. Entreguemo-nos, pois, a esse desígnio e conquistemos o futuro.
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