Por Luís Coelho. Na semana passada escrevi sobre a forma como a dívida nacional coloca um importante travão às legítimas aspirações do povo Luso. Uma semana depois tudo ficou… pior. São muitas as razões que me levam a pensar desta maneira. Desde logo a inevitável questão Trump. Não concordo nem deixo de concordar com a linha de acção do Presidente dos Estados Unidos. No entanto, confesso que admiro a sua coerência. Em particular, noto que o novo Presidente da maior economia do mundo está simplesmente a colocar em prática as ideias que defendeu durante a campanha que o levou até à Sala Oval em Washington D.C.. Claro está, as suas acçõestêm impacto mundial e o que antevejo é altamente preocupante. Por exemplo, a possibilidade muito real de se viver uma guerra comercial (e cambial) entre os Estados Unidos e a China com consequências inimagináveis para a estabilidade económica (e política) mundial. A potenciação do terrorismo global em face do exacerbar do sentimento anti-americano (e logo anti-europeu) no médio oriente. A escalada de violência na zona Israelo-palestina, algo que se constitui como um barril de pólvora à beira de explodir. Isto para já não falar das consequências sobre o ambiente da posição “anti-green” que Trump tem vindo a demonstrar ao longo dos poucos dias que ocupa a cadeira do poder. No longo-prazo (se o houver), este é provavelmente O tema mais importante de todos.
Ainda assim, e como cidadão de uma europa esquizofrénica, incoerente, altamente dividida, sem projecto e sem uma verdadeira liderança de e para os europeus, não posso deixar de pensar que a nova Administração dos Estados Unidos está apenas e tão só a colocar em prática aquilo que a maioria dos seus concidadãos ratificou democraticamente há umas meras semanas. De facto, é lamentável (quase surreal, diria eu) ver como Angela Merkel e Francois Hollande vêm na Sexta-feira passada apelar à união dos povos europeus face à “ameaça” Trump depois da forma indecorosa como lidaram com a questão do Brexit, da dívida pública grega (e já agora, Lusitana) e da questão dos refugiados, para citar apenas os exemplos mais importante dos últimos tempos. Dos burocratas de Bruxelas (Jean-Claude Juncker, Martin Schulz e restante pandilha) nem vale a pena falar. Muitas vezes pergunto-me a mim mesmo se Portugal precisa da “orientação” e “ajuda” destes tipos altamente bem remunerados e que estão enfiados num qualquer gabinete confortável no centro do continente sem terem a mínima ideia do que é viver no nosso País. Os sinais de preocupação não param de chegar. França, que para o bem e para o mal inspirou de forma decisiva a filosofia que preside às democracias modernas, divide-se entre a agenda ultra-liberal de François Fillon, escolhido nas primárias do centro-direita, a família Le Pen, que personifica a Extrema-Direita no país e Benoît Hamon, o qual se apresenta ao eleitorado Gaulês com ideias de esquerda (quase) radical. Tudo rapaziada de extremos, portanto. A Grécia continua a sua agonia social e económica, com o FMI a dizer na semana passada que existem riscos significativos da trajectória da dívida pública do País ser completamente insustentável. A crise dos refugiados agudiza-se todos os dias, com milhares a chegarem às costas italianas e gregas em desespero e, na minha opinião, sem grandes possibilidade de serem ajudados pelos países supostamente mais ricos e poderosos. Resta-nos o futebol, pois claro. Também aqui temos um mundo novo e, para alguns, "perigoso". O Sporting lá ganhou (ainda que os meninos de Alcochete não percam uma oportunidade para testar a capacidade do meu coração para absorver o impacto de eventos extremos), o Benficas claudicou em Setúbal e, contra todas as expectativas, ficou a ver a final do Algarve no sofá e dois dos mais recentes produtos da melhor academia do mundo ajudaram o Moreirense a fazer história. Visto deste lado a questão futebolística até correu bem neste fim-de-semana. Veremos o que os próximos dias nos reservam.
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