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“Um olhar atento” um documentário e um livro que nos provocam...

17/11/2016

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 Por Dália Paulo
Em setembro de 2015 apresentei o livro “Miscelânea” de António Pinto Ribeiro em Loulé. Partilho hoje convosco parte dessa leitura, porque voltei ao livro impelida pela transmissão, esta semana pela RTP, do documentário Human de Yann Arthus-Bertrand (imperdível) quem não viu pode descarregar gratuitamente, o qual parte da inquietação sobre a humanidade não estar a progredir e por se falar da Vida. Inquietação, vida, outras respostas e múltiplos olhares, podem sintetizar (de forma simplista) o livro; por outro lado porque considero uma boa sugestão de leitura quando se começam a (re)pensar as cidades (para a felicidade das pessoas) com vista às próximas eleições autárquicas.
 
“Miscelânea” aborda a questão cultural sem perder a ligação à realidade, daí a atualidade das crónicas; usando uma expressão do autor “nada aqui é simples, nem claro, nem óbvio”. Denota-se uma preocupação com a forma como o discurso dominante - e o discurso é central no entendimento que fazemos das sociedades - aborda as questões da cultura, dando novas camadas de leitura a um discurso que, a mais das vezes, é entendido num plano monocórdico e, portanto, além de dominante é dominador; algo que António Pinto Ribeiro combate: “O maior acto de rebelião hoje é ser capaz de criar uma linguagem que combata a linguagem colonizadora dos vários governantes”.
 
O autor afirma que “optou por um formato curto para compor a descrição do real”. É uma obra que se lê com prazer e surpresa (mesmo que seja uma releitura), surpresa no questionamento e nos desafios que nos propõe; surpresa quando nos obriga a voltar à história do século xx europeu e africano e a reenquadrar o discurso político sob o olhar atento de quem não se deixa iludir pelos aplausos e medidas populares, assim como no permanente questionamento e defesa da cidadania, quando afirma que (e cito) “Se há coisa que se espera de um cidadão com espessura política é que seja capaz de, argumentando sempre -, conseguir transformar a comunidade, o país, com o objetivo de uma paz universal”.
 
“Miscelânea” é, de facto, uma obra que vai para além da cultura, por a cultura não ser, apenas, um sector económico mas um lugar onde a sociedade é descodificada; sem permitir que o entendimento que fazemos da sociedade seja traduzido pelos termos económicos, propondo pontos de fuga, bem como o direito à diferença e à contestação que a cultura sempre proporcionou (ou deve proporcionar). Isso pode depreender-se quando o autor questiona “porque continua a ser tão difícil transmitir esta ideia simples de que o investimento financeiro na cultura sai muitíssimo mais barato do que o não-investimento?”
 
É um livro, que se afasta do discurso dominante porque entende o mundo cultural atual como poucos e por isso se permite abandonar esse discurso e apontar o dedo ao fato de as palavras importarem, de não ser indiferente dizer clientes ou públicos, afastando-nos da armadilha de não termos forma de olhar a cultura como uma atividade que é, na génese, não económica mas sim, profundamente, humana; que não é entretenimento mas sim entendimento, que não serve clientes, dirige-se a cidadãos, que por muito que nos digam, por muito que o discurso político o reflita, não é uma atividade económica como as outras.
 
O sentido do livro está na profundidade dos temas que aborda, que convoca o pensamento europeu, desde a sua linhagem mais clássica à mais marginal, que, em simultâneo, convoca um olhar multicultural sobre o Mundo; que convoca os pequenos (grandes) pormenores ou nos impele a olhar para fora do comum, para o outro como igual (nas suas diferenças) para nos proporcionar um novo entendimento das questões centrais da sociedade, das questões centrais da cultura, das questões centrais, em meu entendimento, da Vida!


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