Por Gonçalo Duarte Gomes Sendo este um espaço de partilha, e preferencialmente sob a forma escrita, é interessante também, de tempo a tempo, parar para breves – mas fundamentais – reflexões. Num tempo em que as palavras correm soltas, percorrendo instantaneamente geografias insondáveis através desse espaço que as não tem, que é a internet – concretamente nas redes sociais virtuais – e, ao mesmo tempo, censores e inquisidores de pacotilha as dissecam militantemente em busca da descontextualização mais conveniente à promoção de agendas que, na sua base mais profunda, contêm apenas ódio (aos vocábulos e ao Homem que as profere), é cada vez mais importante pensar nelas. Sem falar do estado lastimável da ortografia (esse sim, tema capaz de sugar toda a alegria de qualquer pessoa que minimamente goste das palavras). Para essa reflexão ganha, nesta fase, crescente atractivo – pelo menos para este escriba – o exercício de escrita “à moda antiga”, com recurso a ferramentas que obriguem, no próprio gesto de escrita, a uma maior reflexão e cuidado, um mais apurado critério de pensamento e selecção das palavras. Foi assim que, em complemento à imortal escrita à mão, me decidi a trazer de volta ao activo uma veterana máquina de escrever de família, ferramenta de trabalho de antanho que, fechando uma circunferência de proverbial economia circular, se vê de volta às lides. Em busca de maior sentido e propriedade para as palavras, num tempo em parecem valer pouco, e cada vez menos. Porque houve neste processo um contributo significativo dos maravilhosos poemas dactilografados de José Carlos Barros – alguns deles aliando à poética uma estética sublime – para o agudizar desta curiosidade e inquietação, impõe-se um sincero agradecimento e, modesta e insignificantemente, a dedicatória desta publicação.
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