Por João Fernandes
Não sendo propenso a misticismos ou a prognósticos incautos, arriscar-me-ia a dizer que os próximos três anos serão muito positivos para o turismo em Portugal e, em particular, para o Algarve. É certo que num setor exposto à concorrência global e num contexto em que a mudança e a instabilidade são as constantes mais credíveis, ninguém no seu perfeito juízo pode afirmar que estará livre de um qualquer imprevisto que altere rapidamente as previsões mais consolidadas…Como diria o João Pinto “Prognósticos só no fim do jogo”. Ainda assim, o histórico recente da evolução da procura, o feeling de quem está no terreno e as perspectivas traçadas pelos mais conceituados organismos internacionais, levam-me a, com alguma segurança, afirmar que não estamos a viver um momento meramente conjuntural. O turismo deverá continuar nos próximos anos a ser o principal motor das exportações portuguesas e do crescimento do país. As previsões são da entidade de referência do sector turístico ao nível internacional, o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), que em parceria com a Oxford Economics estimou o impacto económico e a relevância social que o turismo vai protagonizar em cada país no espaço de uma década. Para Portugal, as avaliações do WTTC não deixam dúvidas quanto à hegemonia do turismo. Entre 2016 e 2027, o contributo total do turismo para a economia portuguesa deverá subir, de 16,6% para 18,5%, no que toca ao PIB, e deverá subir ainda mais, de 19,6% para 22,6%, no que toca ao emprego do país. Vejamos então alguns dados que retratam a evolução do comportamento recente dos destinos turísticos concorrentes nos contextos europeu, mediterrânico e da Península Ibérica. Europa Já este ano, de acordo com o primeiro relatório trimestral da European Travel Commission (ETC), quatro em cada cinco destinos europeus registaram crescimentos de dois dígitos nos primeiros meses de 2017. A Islândia continua a liderar o crescimento (+54% chegadas, relativamente ao período homólogo de 2016), beneficiando de um aumento contínuo da capacidade aérea nas rotas transatlânticas. Portugal (+25% chegadas) e Malta (+23% chegadas) revelam importantes conquistas na atenuação da sazonalidade, sendo acompanhados neste primeiro trimestre pela Finlândia, Estónia, Eslovénia e Bulgária, que assinalaram igualmente fortes crescimentos. As companhias aéreas confirmam também a forte tendência de crescimento, em parte devido à redução dos custos de combustíveis. Quanto à ocupação hoteleira, assistimos a um incremento sustentado na maioria dos países europeus, mas os hoteleiros afirmam continuar cautelosos relativamente à subida acentuada de preços. No seu mais recente barómetro de viagens intercontinentais para a Europa, a ETC aponta ainda para que alguns mercados emissores de longo curso, como a China, os EUA, a Índia e o Japão, terão forte influência no crescimento das chegadas na Europa. Em contraste, o Brasil é apresentado como um mercado emissor envolto em grandes incertezas. Em Portugal, os mais recentes dados do INE disponíveis, referentes a Maio, assinalam um expressivo crescimento dos hóspedes oriundos dos E.U.A. (+51,5%) e do Brasil (+121,7%). Mediterrâneo Segundo dados da Organização Mundial de Turismo (OMT 2016), relativos aos 13 principais destinos turísticos da bacia do Mediterrâneo, Portugal foi o terceiro país com maior crescimento da procura internacional (+12,8%). Depois de Chipre (+19,8%) e da Bulgária (+13,8%), Portugal cresce claramente acima da média do Mediterrâneo e do seu principal concorrente - Espanha (+10,3%). Em termos do indicador receitas turísticas, Portugal registou igualmente um crescimento muito positivo (+10,7%), só superado pela Bulgária (+15,7%) e Chipre (+11,9%). Neste mesmo contexto geográfico, se considerarmos a diferença entre o ponto de partida da procura internacional em 2013 e os resultados de 2016, há a destacar que destinos como a França, Turquia, Egipto e Tunísia perderam cerca de 17 milhões de chegadas internacionais. No que respeita à Turquia, um importante destino concorrente do Algarve, os primeiros meses deste ano seguem a tendência negativa que começou em 2015 (chegadas caíram 8,1%, em relação ao mesmo período de 2016). Em contraponto, os restantes nove países receberam no ano passado mais 35 milhões de chegadas de estrangeiros do que em 2013. Ou seja, nestes 4 anos, apesar dos ataques terroristas e da instabilidade política, a procura turística internacional pelo Mediterrâneo continuou a evoluir positivamente, atraindo aproximadamente 18 milhões de chegadas a mais que em 2013, quando a conjuntura era bastante distinta. Fica também claro que, sobretudo no último ano, as taxas de crescimento do turismo em Portugal não se devem apenas a desvios de fluxos. Há que reconhecer que, mesmo atentando a essa realidade, o nosso país conseguiu apresentar taxas de crescimento superiores à de concorrentes como a Grécia, a Itália, a Croácia ou mesmo Espanha, quer em termos de procura, quer no que respeita à receita. Portugal vs Espanha Comparando os principais indicadores do primeiro quadrimestre da atividade turística em Portugal e em Espanha, Portugal apresenta inclusive taxas de crescimento superiores às dos nossos vizinhos (11,2% e 4,7%, respetivamente - dados INE - dormidas em estabelecimentos hoteleiros). Ao nível das regiões, o Algarve destaca-se na comparação com as suas “concorrentes” espanholas. Neste mesmo período, enquanto o Algarve regista aumentos de 11,7% nas dormidas de estrangeiros, a Andaluzia (+7%), Canárias (+3,4%) e Baleares (+0,5%) ficam ainda assim muito abaixo destas taxas. Sabemos bem que estes resultados refletem um conjunto vasto de fatores, que vão desde a melhoria das condições económicas nos principais mercados emissores até à capacidade e condições da oferta em cada país recetor de turistas, passando pelas inúmeras condicionantes inerentes à sua intermediação. Principais Mercados Emissores de Turismo para o Algarve As previsões de crescimento médio anual para os gastos turísticos até 2020 dos nossos principais mercados emissores (Fonte: Turismo de Portugal), são igualmente favoráveis: Portugal – Mercado interno (+2,3%); Reino Unido (+3,1%); Alemanha (+4,7%); Holanda (+2,4%); Irlanda(+5,4%); Espanha (+4,5%); França (+4,4%). Resumindo: As perspectivas são muito boas e reforçam a confiança de que temos tudo para continuar este ciclo virtuoso do turismo. É importante acompanhar, antecipar e garantir que estamos a desenvolver todos os esforços necessários para garantir que este crescimento continua a acontecer.
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