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Serviço de Urgência- 2º Episódio

15/9/2017

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Por Joana Cabrita Martins

​Serviço de Urgência- 2º Episódio
 
16ª Temporada
 
Co-produção:
Ministério da Saúde, Hospital Particular do Algarve - Gambelas - Grupo HPA Saúde, Clínica São João de Deus (Lisboa)
 
Com:
Joana Cabrita Martins, Olga Guedes, Otília Martins, Mãe, Pai, João, Médicos, Enfermeiros, outros...
 
Género:
Drama
 
Classificação:
M/18
 
Outros dados:
POR/ALG/LIS, 2017, (ao vivo e a Cores), 4320 min. (3 Dias)
 
 
 
Resumo:
 
Segunda, 4 de Setembro, dia de semana, dia de trabalho para uns, de descanso para outros, ainda de férias para alguns, dia quente.
A avó paterna de Joana já se encontra em casa aos cuidados do filho mais velho, o pai de Joana, que precisa também ele de sérios cuidados por patologia crónica grave em estádio avançado, e ao cuidado alternado dos dois netos, Joana e João.
 
Ao mesmo tempo que a situação paterna se encontra momentaneamente estável, a situação da avó materna está instável há já vários meses, para não dizer anos.
Aos 98 anos, a avó materna de Joana, encontra-se há vários anos ao cuidado, também ela, da filha mais velha, a mãe de Joana.
 
Magrinha, frágil, sem fala (apenas berra) e acamada há vários meses por avanço da idade, a avó Olga perdeu há algumas semanas a faculdade de engolir.
 
Desde então, apesar de ter diariamente cuidados e acompanhamento domiciliário de enfermeiros e fisioterapeutas, a situação agrava-se de dia para dia.
A mãe de Joana, embora informada, atenta e cuidadosa, não tem os conhecimentos técnicos, nem a capacidade psicológica para, sozinha tratar e encarar a situação de debilidade e degradação da sua mãe.
Semana sim, semana sim, a avó é internada no Hospital, ora publico, ora privado, ora porque não come nem bebe porque perdeu essa capacidade, ora porque fez uma paragem respiratória, ora porque está entupida em fluidos orais, que teimam em não descer ou em não serem aspirados pelo aspirador que foi comprado para o efeito, ora porque tem uma pneumonia por ingestão.
 
Semanas, e dias, e dias e semanas de vai-vem, de desgaste para a avó, para a mãe, neste caso filha da avó.
 
As inúmeras tentativas de encontrar um serviço de cuidados continuados, ou paliativos no Algarve, que a pudessem receber para que pudesse ser dignamente cuidada até ao término dos seus dias (que certamente se avizinhava próximo) foram todas elas infrutíferas.
 
O processo burocrático para obter uma vaga numa das poucas unidades que existem no Algarve, levaria meses.
-“Não há vagas! A senhora não apresenta escaras, nem desidratação da pele! Haverá sempre pessoas que lhe vão passar à frente”
 
Desespero, desânimo, depressão...
 
Não havendo soluções de assistência para a avó no Algarve, de lés-a-lés, a solução foi encontrada em Lisboa.
Clínica São João de Deus (Lisboa), com uma diária de 250€ + extras, através do sistema privado,  porque pelo SNS a inexistência de vagas e o processo para obtenção de uma repetir-se-ia. E assim, pelo sistema privado conseguiu o que pelo SNS só conseguiria depois de morta, passou à frente daqueles que teriam escarras e desidratação no caso dos cuidados continuados e/ou paliativos no Algarve.
 
Data de entrada quarta-feira, dia 6 de Setembro. Foi feita reserva de ambulância da Cruz Vermelha com acomodações próprias para poder transportar comodamente a fragilidade daquele corpo pequenino e em falência.
 
 
No entanto, nessa segunda-feira, a 2 dias de poder ser bem tratada em Lisboa, a avó é novamente internada porque há já 2 dias que não se conseguia alimenta-la (com seringa, líquidos como era já usual desde que deixara de engolir sem se engasgar constantemente) embora estivesse com soro cutâneo.
 
Desta feita novamente no HPA. E em 2 dias que lá esteve a falta de cuidado e respeito pelo doente foi novamente evidenciada.
 
Quando se lhe trouxe o colchão anti-escaras, leito onde repousava há semanas, e razão pela qual a sua pele estava bem tratada, a reacção do enfermeiro responsável foi:
 
“Não sei se vamos colocar! Temos que avaliar o custo-beneficio-trabalho que isso acarreta!”
 
Obviamente que o colocaram, porque o argumento foi completamente esmagado por um:
“O colchão É PARA COLOCAR e já!”
 
No dia seguinte novo episódio de desrespeito teve lugar, novamente com o enfermeiro em funções, que informou que seria colocada uma sonda de alimentação à avó embora esta tendo alta no dia seguinte para seguir para Lisboa.
 
O que ia contra a decisão da tutora legal e cuidadora da avó, assim como da recomendação de uma das netas médica.
 
Porque as implicações adjacentes à colocação da sonda eram muitas, entre o incomodo causado à doente e o risco de contrair infecções. E pelo que o necessário era dar-lhe conforto e dignidade nesta recta final de uma longa e preenchida vida, e não prolonga-la indefinidamente por uma não vida.
 
Após oposição firme e convicta de quem legalmente teria o poder de decisão, a entubação não foi avante.
 
E no dia seguinte pelas 9h00 a avó teve alta para a sua última morada, Lisboa, porqur no Algarve não havia onde.
 
E no dia seguinte com toda a assistência e cuidados às mãos de João de Deus condignamente a avó morreu, sem sondas e reanimações para perlongar uma não vida.
 
...
 
Os nomes das personagens médicas e de enfermagem são fictícios. O argumento é original e baseado em factos totalmente reais.
 
(Não é mas podia ser, o início de mais uma “season” da famosa série da NBC, que entre 1994 e 2009 nos mostrou os meandros de um serviço de urgência americano, ER)
 
 
Serviram estes dois episódios verídicos para se perceber o quão DEFICITÁRIOS são os cuidados, os equipamentos, as unidades de saúde na região do Algarve, das publicas às privadas. Seja para uma urgência seja para cuidados continuados em situação de recuperação ou em fim de vida.
Seja para o doente seja para os seus familiares.


Parece que na saúde, ao SUL não há LUGAR!
 
Nota: Por opção, a autora não escreve aplicando o acordo ortográfico actualmente em vigor.

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