Por Luís Coelho São muitos os que na comunidade académica vêem nas alterações climáticas uma ameaça para a sobrevivência da espécie humana. De facto, as previsões mais extremas sugerem que a nossa presença no terceiro Planeta a contar do Sol deixe de ser possível assim que a temperatura média anual aumentar dois graus celsius relativamente ao seu valor na era pré-industrial. Este não é um problema teórico: basta estar atento aos inúmeros sinais que mostram que algo profundamente fundamental está a mudar no nosso Planeta. É o degelo acelerado do Ártico e suas dramáticas consequências. São os fogos florestais de proporções épicas que devoram o sudoeste dos Estados Unidos ou os tornados que arrasam a sua costa sudeste. Temos também as vagas de calor intenso que sufocam a América do Sul e a Austrália ou ainda as cheias brutais que fazem Países Europeus e Asiáticos mergulhar no caos. De notar que estes são apenas exemplos (bem conhecidos) do que está para vir, cada vez com maior intensidade.
O que choca é perceber que a humanidade teima em não olhar para o assunto de frente e com a frieza e tempestividade que se impõe. A crítica é, claro, para os governos e a miríade de entidades supranacionais que têm a palavra decisiva neste contexto. Fico incrédulo ao ver como estas estruturas fogem sistematicamente à sua responsabilidade maior por conta de interesses (eventualmente) legítimos de este ou daquele, mas que, na história das coisas, nunca passarão de pequenos episódios efémeros e sem sentido de maior. Importa aqui recordar a lamentável figura dos Estados Unidos nesta matéria. Esta que afirma ser a maior potencial mundial decidiu em Junho de 2017 apresentar a sua renúncia unilateral ao Acordo de Paris, documento assinado em Dezembro de 2015 e que representa uma esperança no combate global às emissões de dióxido de carbono e ao aquecimento global. A crítica é, também, para cada um de nós. De facto, é hoje perfeitamente evidente que o estilo de vida que temos nos países ditos desenvolvidos não é sustentável. De forma simples: basear a nossa existência em padrões de consumo que exigem um gasto voraz de combustíveis fósseis é condenar as gerações vindoura a uma vivência que nenhum de nós gostaria de experimentar. A vida calma que conhecemos no sul de Portugal não vai passar incólume a esta dinâmica, algo que fica bem patente nos recentes eventos que assolaram o sotavento Algarvio. Quem por cá vive, sabe bem que no espaço de uma semana, Faro foi assolada por dois tornados que deixaram um rasto de destruição bem visível na cidade. Ao mesmo tempo, a chuva, antes por muitos desejada por conta da seca que se fazia sentir na região, cai agora de forma tão violenta e abrupta que de bênção passou rapidamente a problema tal a devastação que tem provocado. Temo que estejamos condenados a viver no meio de um clima cada vez mais extremo e brutal. Recordemos pois a fragilidade da condição humana face ao esplendor da força da Mãe Natureza. Será que ainda vamos a tempo?
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