Por Sara Luz
Saber atempadamente que se vai receber visitas em casa é facto para nos apressarmos a limpar e a arrumar o que a azáfama do dia-a-dia não nos permite. Desse modo, garantimos não só que as visitas se sintam confortáveis como fiquem bem impressionadas. No setor da saúde passa-se exatamente o mesmo quando o Sr. Ministro da Saúde (MS) decide fazer uma visita aos serviços. Nos serviços de urgência dos hospitais, por exemplo, o número de pessoas internadas no serviço/sala de observação (comummente designado por “SO”) tende surpreendentemente a diminuir dias ou horas antes às visitas com pré-aviso do MS. Não é, portanto, de admirar que use isso a seu favor, dizendo que as “coisas” não são assim tão más como muitos as pintam. O próprio desafio lançado aos deputados de todos os partidos políticos para fazerem visitas “surpresa” aos serviços de urgência reflete exatamente essa sua (falsa) crença. Mas, até que ponto é correto acreditar no que os mais chegados lhe dizem, negando factos dos que estão no terreno lhe dão a conhecer?! A verdade é que se em nossas casas não contamos que as visitas andem a espreitar o “pó debaixo do tapete”, é exatamente isso que se esperaria de um Ministro da Saúde, sobretudo quando as denúncias dos profissionais de saúde, sindicatos, ordens profissionais, são significativas em número e em teor. Esconde-se atrás dos picos de afluência e de quem se faz representar. Quebra promessas. Ameaça os profissionais de saúde na defesa das carreiras e na igualdade das classes. Num país de “pobres e velhos”, insinua egoísmo profissional aos que todos os dias vestem a camisola nas suas organizações… Esperava-se mais, muito mais deste Ministro, especialmente pela formação base que tem. Mas, no final das contas, nem médico, nem político, nem líder, nem grande decisor…
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