Por Sara Luz
Sala cheia, oradores de renome e audiência expectante, foi como se apresentou o Auditório Verde da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve no passado dia 09 de abril, onde se discutiu a importância da Saúde na Economia do Algarve no âmbito das comemorações dos 40 anos do Serviço Nacional de Saúde. As formalidades introdutórias a cumprir num evento deste género não se fizeram demorar e rapidamente foi dada voz a António Correia de Campos, que iniciou a conferência com uma apresentação genérica sobre a importância das políticas sociais no combate às desigualdades, enfatizando aspetos relacionados com a pobreza, emprego, qualificações e indicadores de saúde. Concluiu a sua intervenção com uma afirmação sobejamente conhecida e inquestionável: muito se fez nos últimos 40 anos, mas muito mais há a fazer! Posto isto, ocuparam-se os lugares sentados no palco pela moderadora e participantes convidados. De um lado, profissionais de saúde – Ana Paula Gonçalves, Paulo Morgado e Rui Lourenço; do outro, economistas – Rui Nunes e Luís Coelho. No começo, a trivial troca de impressões sobre a construção do Hospital Central do Algarve (HCA) e a comparação entre os setores de saúde público e privado na região, o que me levou a pensar na altura se esta não seria mais uma conferência em que os participantes se limitam a discutir o “sexo dos anjos”. Não que o investimento do HCA não faça falta à região, porque faz; não que a dependência dos Algarvios aos hospitais privados não seja preocupante, porque é; mas, continuar a insistir na ideia de que o investimento no HCA é o aspeto central para a resolução dos problemas em matéria de saúde na região do Algarve continua a parecer-me imprudente, especialmente quando profissionais de saúde tomam essa posição. A discussão evoluiu e, a certa altura, um dos participantes fez menção àquilo que considero ser o ponto fulcral da temática em discussão: a estratégia regional na área da saúde que não temos, que tanta falta nos faz e que, por inerência, pouco ou nada nos traz! Referiu-se, ainda, à falta de movimento e até de alguma autocensura nos últimos anos por parte de líderes dos setores social, económico e da saúde, dizendo que centrar a discussão na construção do novo hospital é por si só redutor, pois os serviços de saúde têm um peso de apenas 13% sobre os determinantes da saúde, determinantes estes sim que deveriam estar no topo das preocupações dos líderes Algarvios. Do lado dos economistas, salientou-se que a Economia deve servir as pessoas e não verificar-se o oposto. Contudo, a boa gestão do défice e da dívida pública faz com que os Governos sejam chamados a fazer escolhas e, por não haver dinheiro, optou-se então por sacrificar o investimento público. Ora, como salientado, numa mesa em que há pouco dinheiro quem o recebe é quem tem uma estratégia bem definida e o Algarve neste campo, infelizmente, defende-se muito mal. Para concluir, não se pode dizer que tenha existido um verdadeiro debate de ideias. Houve antes uma partilha de opiniões sobre o que cada um dos participantes pensa a respeito do assunto e, por isso, pareceu-me, que faltou essa construção. De facto, soube a pouco, mas ainda assim não deixa ser uma excelente iniciativa e, por isso, o meu agradecimento à organização!
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