Por Filomena Sintra Pelos Gregos e Romanos, o sal, foi usado como moeda de troca, até à extrema proporção do “sal por ouro”, transportado pela Via Saliarium, a mais importante rota para o império. Daí originará a palavra salário ( salarium argentum - pagamento em sal). Para filósofos e crentes, fora também um elemento divino e o ouro branco da terra. São inúmeras as referências históricas, à sua importância, e universal o sentido bíblico “vós sóis o sal da terra”. Trespassaram séculos e o sal sempre será um elemento fundamental à vida, tal como o oxigénio, a água e o sol. É aconselhado o seu consumo, de forma moderada, e inconscientemente ingerimo-lo muitas vezes em excesso, proliferando as campanhas ANTI SAL, a propósito das hipertensões a si associadas. Em certos países, em que a absorção de sal com iodo é incipiente, existem mesmo campanhas públicas, para o promoção do seu consumo, como é o caso do Programa Nacional de Iodização do Sal, implementado pelo Governo Moçambicano, consciente de que a sua falta é uma causa determinante da deficiência mental. Impressionante não é?! Portanto, o sal é um aliado da saúde, desde que seja o sal que nos transporte os elementos necessários a essa condição, dificilmente presentes no sal industrial. Existem imensos estudos publicados sobre as diferenças colossais entre o sal marinho tradicional e o tradicional sal industrial. O primeiro resulta tão simplesmente do processo de evaporação da água das salinas, que ali chega naturalmente pelas correntes do mar. É extraído manualmente e seco ao sol, o que lhe permite a sua cor naturalmente branca e a retenção de microelementos da vida marinha, como o magnésio, minerais diversos e o tal iodo natural. O segundo, extraído com meios mecânicos, é depurado com sistemas e produtos industriais, por forma a garantir o seu branqueamento, e para compensar as perdas no processo, por vezes, aditivado com iodo de potássio.
No Algarve, existem três áreas de produção de sal e flor de sal de modo artesanal, no aproveitamento exclusivo deste sol, deste mar, e da mão de obra daqueles homens que em cada safra, árdua e diariamente, colhem e recolhem o ouro branco que nos alimenta, são: em Olhão, Tavira e na Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António. Sendo tão lógica a escolha, arriscava perguntar, quantos de nós preferimos o sal tradicional ao sal industrial? E porque não o fazemos?! Porque será mais caro?! Não deve ser, dada insignificante diferença, no orçamento mensal! Ou será porque, parece um pormenor tão inócuo nesta imensidão de escolhas que temos que fazer para uma vida mais saudável?! Se o motivo é não saber onde comprar, saiba-se que, todas as grandes e médias superfícies já têm sal e flor de sal recolhido tradicionalmente. Nas pequenas lojas de conveniência, nas feiras e mercados, também já se encontra. E como tudo na vida, a oferta ajustar-se-á à procura, o que me faz crer, num nicho de mercado em crescimento. Em Castro Marim, depois de um quase total abandono das salinas tradicionais, e de um grande esforço de investimento público na revitalização da actividade, hoje, é um produto e uma marca indissociável ao território, mas cuja valorização ainda está muito longe daquilo que é a sua riqueza. Telegraficamente há que reter: O sal tradicional, será um tempero para a vida, e sal industrial... tempera! O sal tradicional é mais saudável e por isso o recomendável! As salinas tradicionais são elementos fortes e importantes na paisagem da Ria Formosa e da Reserva Natural de Castro Marim e Vila Real de Santo António, imprescindíveis à própria biodiversidade! É um produto diferenciador e de qualidade que deve integrar a fileira de produção da hotelaria, restauração e bebidas! É um produto que só existe, enquanto houver homens e mulheres, que a esta actividade difícil se entregam e que merecem o nosso maior respeito e valorização! É identitário de uma cultura! A partir de amanhã, à nossa mesa só Sal e Flor de Sal de Qualidade! Como bairrista que sou, e porque também acredito nos elementos distintivos deste espaço natural onde é extraído, recomendo no topo da pirâmide o SAL e FLOR DE SAL DE CASTRO MARIM. Há que acrescentar uma pitada do bom sal na vida, e promover os valores deste Algarve.
4 Comments
Maria Emilia Estevao
22/10/2016 23:51:23
Gostei muito do seu artigo referente ao sal do Algarve, sou consumidora desse precioso produto. e recomendo a sua utilização. Grata por fazer esta referência ao ouro Algarvio.
Reply
Filomena Pascoal Sintra
24/10/2016 12:28:24
Cabe-nos a nós, reforçar a nossa identidade, valores naturais e humanos. Afinal é isso que nos distingue e nos afirma...
Reply
Vitoria
11/10/2017 16:16:55
Agradecia que me indicasse se a flor de sal aoSal contém iodo pois vou fazer um tratamento e não posso consumir nada que contenha iodo aguardo resposta obrigada.
Reply
14/12/2017 10:10:59
Bonjour , je suis Dirk de la firme Corma.
Reply
Leave a Reply. |
Visite-nos no
Categorias
All
Arquivo
October 2021
Parceiro
|