Por Filomena Sintra Assinala-se este fim de semana o Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, e é inevitável lembrar a dor e atropelo que tanto tem causado, aquela que é das estradas com maior sinistralidade do país, há décadas, a EN 125. Fora de qualquer discussão partidária, dou por mim a pensar muitas vezes, que o problema deste Algarve, será uma inconsciente falta de solidariedade nacional, dos restantes 96% de portugueses que cá não vivem. Não são representativas as nossas necessidades! Existirá até uma ingratidão do país para com a região, considerando aquilo que a mesma representa para balança de transacções da nação, para a sua imagem e prestigio. Discutir as portagens da A22, com a generalidade dos portugueses, leva sempre à comparação egoísta de que se uns pagam, todos devem pagar, e o Algarve não será excepção. Desconhece-se por completo a especificidade da região, nem há espaço para a compreender. Abordar o cluster Turismo & Cultura, na razão de que é um grande impulsionador do crescimento das cidades, questionamo-nos qual o investimento público nacional feito ao longo de décadas, a favor do património histórico e cultural do Algarve?! Que rede de transportes, à responsabilidade do Sector Público do Estado, serve o Algarve? E por aí fora.... No oposto, temos o indubitável impulso para a região e para o país, com a construção do Aeroporto e a Universidade do Algarve. Sem estes investimentos, estaríamos altamente periféricos e não teríamos qualificado as empresas e as instituições. Depois de alguns anos a discutir soluções e projectos, sobre a intervenção na EN 125, em 2009, a então empresa Estradas de Portugal, através de concurso público internacional, transfere a subconcessão Algarve Litoral à empresa Rotas do Algarve Litoral, em regime de parceria público-privada. Uma das muitas parcerias da moda, cujos dividendos agora pagamos! Do contrato de subconcessão fazia parte a concepção, projecto, e os trabalhos de requalificação, financiamento, exploração e conservação por um período de 30 anos da EN 125 entre Vila do Bispo e Vila Real de Santo António (155 km). Aqui estavam incluídas, arrojadas variantes e acessos às principais cidades e alguns estradas confluentes, num total de 273 km a requalificar. Foram desenhadas rotundas, ciclovias e zonas de acostagem, dignas de uma região, que recebe milhões de turistas, e que pela suas potencialidades e atratibilidades, tem captado novos despertares e investimentos a favor do país. No alinhamento de muitas entropias, um novo país se afigura, muitos projectos tiveram que ser suspensos, pela desproporção do sonho à capacidade de realização financeira e até de sobrevivência do país, e, nessa leva, lá é renegociado o contrato para a nossa estradinha EN125. Reduz-se significativamente o projecto de engenharia, suprimem-se variantes, ciclovias e acessos, e, mais gravoso para o sotavento, fracciona-se o contrato, regressando às Estradas de Portugal, agora Infraestruturas de Portugal, o troço de Vila Real de Santo António – Olhão. Se a requalificação da EN 125, tarda e resulta nos mínimos, o Sotavento terá que aguardar ainda mais, por concursos a promover. Resta-nos a crença, de que agora, novos ventos não se atravessarão. Desafortunadamente, a rotunda e o troço de acesso à Praia Verde (Castro Marim), lugar simbólico, onde em 2008, o primeiro ministro de então, veio anunciar o início da grande obra de requalificação da Estrada Nacional 125, parece-me vir a ser o último, a merecer um olhar atento e uma rápida intervenção. Infelizmente, reforça-se mais uma vez a sabedoria popular: “quem nasceu para lagartixa, nunca chega a jacaré”! Se há 10 anos atrás, a EN 125, já era onde se registavam os mais elevados índices de sinistralidade, como é possível concretizarem-se outros desígnios, novas auto estradas, pontes e viadutos, e não haver determinação, em prol da vida, em injectar meios financeiros para a obra em questão, que não passa de uma requalificação?! Omiti o facto, revoltante e relevante, da introdução em paralelo, das portagens da A22, aumentando o tráfego e a carga sobre a nossa estradinha. Tudo isto acontece, porque a nossa dor, está longe dos corações que sucessivamente decidem e dos outros que insensivelmente para si reivindicam, usando a força da sua representatividade populacional e o subsequente mediatismo protagonizado. Leia-se, é uma questão cultural, impregnada nos partidos, mas também na população em geral. Querido Portugal, por favor, este Reino dos Algarves, merece outro carinho e outra solidariedade, nem que seja pela motivação egoísta, de querer melhorar as condições de circulação de quem nos visita. Esta é muito mais do que uma questão política - partidária, é uma questão prioritária para a região e para o país! Foto: https://marafado.wordpress.com
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