Lugar ao Sul
  • Sobre nós
  • Autores
  • Convidados
  • Personalidade do Ano a Sul
    • Personalidade de 2017
  • Contactos
  • Sobre nós
  • Autores
  • Convidados
  • Personalidade do Ano a Sul
    • Personalidade de 2017
  • Contactos

Bem-vindo

Recuperação na zona euro: um perigo para os Portugueses?

10/1/2017

0 Comments

 
Por Luís Coelho.
Aqueles mais atentos às matérias económicas vão, seguramente, estranhar o título que escolhi para o post desta semana. De facto, é praticamente unânime entre economistas, comentadores e políticos do burgo que o principal problema do nosso País é a falta de crescimento.
Assim, será boa notícia tudo o que indique que a zona monetária onde nos movimentamos está em recuperação. Aparentemente é mesmo isto que está a acontecer na Europa do Euro. Em particular, notícia veiculada ontem pela Bloomberg dá nota de que o desemprego no bloco da moeda única em Novembro de 2016 permaneceu em mínimos de mais de sete anos; paralelamente, a Alemanha, motor do Euro, anunciou o segundo aumento consecutivo na sua produção industrial; já a confiança dos empresários franceses voltou a subir. Exemplos similares acumulam-se, o que permite perceber a razão pela qual o quarto trimestre de 2016 foi o de maior crescimento na zona Euro desde o já mui longínquo ano de 2011. Estaremos pois a entrar naquilo que Mário Draghi apelou  de "recuperação económica moderada mas firme"? Talvez. E por isso se justificar tentar explicar melhor a escolha do título deste post. De forma simples diria que a mesma reside na perigosa combinação de duas palavras: 1) sobreendividamento e 2) euro. A ver se me explico. Neste momento Portugal beneficia da generosa política do Banco Central Europeu (BCE), o qual através do seu mecanismo de Quantitative Easing vai mantendo os juros da dívida nacional dentro de patamares “aceitáveis”. Ora, é espectável que este mecanismo deixe de estar disponível se/quando a economia euro arrancar, facto que irá seguramente colocar pressão sobre os juros da nossa dívida pública. Claro está que o crescimento do nosso produto mitiga esta preocupação; o problema é que o timing e intensidade destes efeitos parciais podem ser desfavoráveis ao nosso País, o que trará fortes dissabores aos Lusitanos. Uma segunda questão de índole monetário prende-se com o preço do dinheiro. Actualmente o BCE  pratica uma taxa directora que está a níveis historicamente baixos. Tal permite que os bancos emprestem entre si a valores muito baixos, algo que transparece nas taxas euribor actualmente disponíveis. É esta situação que permite a muitas empresas e famílias com créditos junto da banca desfrutar de taxas de juro relativamente baixas. No entanto, o crescimento da economia euro levará mais tarde ou mais cedo a pressões inflaccionistas, as quais ditarão uma alteração da política do BCE nesta matéria. Quando tal se verificar teremos um aumento generalizado do nível das taxas de juro, o que tornará mais difícil a vida a todos os que tenham créditos com taxa variável. Já agora, e pensando no Algarve, o crescimento da zona euro pode também ter um efeito perverso, o qual resulta do mercado cambial. Em particular, como sabemos, uma parte importante do nosso turismo internacional é originado a partir do mercado inglês, cuja moeda é a libra esterlina. O efeito combinado do crescimento da economia euro (e respectiva valorização das taxas de juro) com o impacto (ainda por perceber na totalidade) do Brexit poderá ditar uma deterioração significativa do valor relativo da libra algo que, naturalmente, prejudicará a procura dos ingleses pelo nosso Algarve.
 
As linhas anteriores podem eventualmente dar a entender que prefiro ver a Zona Euro estagnada. Ora, não é este o caso. De facto, maior dinâmica na “Eurolândia” significa maior potencial exportador e mais economia interna, o que ajudará a reduzir o desemprego (e aumentar o emprego) e a combater o deficit público. A minha chamada de atenção é para aquilo que se chama de choque assimétrico: Portugal pode não beneficiar tanto deste crescimento como os nossos parceiros em face da sua situação particular. Neste contexto releva claramente o facto do País estar muito endividado (agentes privados e Estado) e a nossa fortíssima sensibilidade às decisões de política monetária do BCE. Mas enfim, é o cenário que temos, pelo que nos resta arregaçar as mangas e tentar fazer o melhor possível mesmo em face das fortes restrições que enfrentamos.
0 Comments



Leave a Reply.

    Visite-nos no
    Imagem

    Categorias

    All
    Anabela Afonso
    Ana Gonçalves
    André Botelheiro
    Andreia Fidalgo
    Bruno Inácio
    Cristiano Cabrita
    Dália Paulo
    Dinis Faísca
    Filomena Sintra
    Gonçalo Duarte Gomes
    Hugo Barros
    Joana Cabrita Martins
    João Fernandes
    Luísa Salazar
    Luís Coelho
    Patrícia De Jesus Palma
    Paulo Patrocínio Reis
    Pedro Pimpatildeo
    Sara Fernandes
    Sara Luz
    Vanessa Nascimento

    Arquivo

    October 2021
    September 2021
    July 2021
    June 2021
    May 2021
    April 2021
    March 2021
    February 2021
    January 2021
    December 2020
    November 2020
    October 2020
    September 2020
    August 2020
    July 2020
    June 2020
    May 2020
    April 2020
    March 2020
    February 2020
    January 2020
    December 2019
    November 2019
    October 2019
    September 2019
    August 2019
    July 2019
    June 2019
    May 2019
    April 2019
    March 2019
    February 2019
    January 2019
    December 2018
    November 2018
    October 2018
    September 2018
    August 2018
    July 2018
    June 2018
    May 2018
    April 2018
    March 2018
    February 2018
    January 2018
    December 2017
    November 2017
    October 2017
    September 2017
    August 2017
    July 2017
    June 2017
    May 2017
    April 2017
    March 2017
    February 2017
    January 2017
    December 2016
    November 2016
    October 2016
    September 2016

    RSS Feed

    Parceiro
    Imagem
    Proudly powered by 
    Epopeia Brands™ |​ 
    Make It Happen
Powered by Create your own unique website with customizable templates.