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Quem tem coragem de falar de Decrescimento Económico?

3/6/2019

1 Comentário

 

Por Anabela Afonso

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É verdade que as eleições europeias foram pouco participadas em Portugal, mas se alguma coisa de positivo trouxeram, foi tornar visível até que ponto as questões ambientais entraram nas agendas políticas para ficar. Se acredito que isso acontece porque toda a classe política finalmente acordou para a emergência do tema? Claro que não.

O tema entrará na agenda política porque os partidos perceberam que este é um assunto que começa a mobilizar os cidadãos (e aqui os jovens tiveram um papel fundamental com as greves climáticas inspiradas pela jovem sueca Greta Thunberg e pela sua intervenção em 2018 na cimeira do clima) e que a sua sobrevivência – dos partidos políticos -  passará também pela capacidade de incorporarem esta temática nos seus programas e discursos. O problema é que, na grande maioria dos casos, não passará disso mesmo. Limitar-se-ão a mudar o suficiente para que tudo fique na mesma; o mesmo será dizer, introduzirão as inovações discursivas necessárias para convencer o seu eleitorado de que estão realmente preocupados com o assunto. Na prática pouca coisa mudará. Pelo menos para já.

E digo, pelo menos para já, porque apesar de ténues, há sinais de esperança, e não são assim tão incipientes como isso. Deixo dois exemplos com os quais tive contacto com apenas alguns dias de distância, os quais estão ambos relacionados com um conceito que, apesar de há já algum tempo ter surgido e ser objeto de estudo, tem sido muito convenientemente ignorado por quase toda a gente – políticos, academia e comunicação social - no nosso país e não só: o Decrescimento Económico. Para quem não está muito a par, o decrescimento económico defende o bem-estar de todos, deixando os objetivos do crescimento da economia e o constante aumento da produtividade de estar no centro do modelo social e económico vigente.

Voltando aos dois exemplos: na semana que passou, coincidência ou não, surgiram nas redes sociais dois artigos dedicados a esta temática.
Um deles, da autoria de Shayla Love, levanta a possibilidade de uma mudança radical de paradigma, isto se queremos mesmo salvar o planeta, e intitula-se The radical plan do save the planet by working less. A autora parte de um estudo do conceituado MIT - Massachussetts Institute of Technolgy datado de 1972 (sim, leram bem, de 1972, há nada menos que 47 anos) dedicado ao tema “ The Limits of Growth” e que previa o que aconteceria à civilização humana se a população e a economia continuassem a crescer. E não é difícil de imaginar, num planeta com recursos finitos, o que acontece se a população e a economia só se preocuparem em produzir cada vez mais, pois não?

No entanto, no modelo atual que vangloria o contínuo crescimento económico e aumento da produtividade (independentemente de muitas vezes ambos se fazerem à custa da destruição de recursos naturais preciosíssimos ou dos limites mínimos da dignidade humana), não há país nenhum que não se concentre em, a cada ano, poder dizer que está em crescimento económico, mesmo que sejam 2 ou 3 décimas percentuais, ou de se penitenciar quando não o consegue fazer.

E é aqui que chego ao segundo artigo. Totalmente em contracorrente com o que se passa no resto do mundo (pelo menos do mundo democrático com um nível de transparência que permita escrutinar as suas políticas públicas), a primeira-ministra neo zelandesa Jacinda Ardern é a primeira chefe de governo – se não for agradeço que me corrijam - a anunciar um orçamento que retira dos seus objetivos prioritários o crescimento económico do país, e que subordina a execução de despesa à necessidade de dar resposta às 5 grandes prioridades definidas para o país:

- Melhorar a saúde mental;
- Reduzir a pobreza infantil;
- Atender às desigualdades que enfrentam os povos indígenas Maori e das Ilhas do Pacífico;
- Prosperar na era digital;
- Transitar para uma economia sustentável de baixas emissões.

Só estes dois artigos, cujos links disponibilizo acima, deixam suficiente matéria de reflexão e alguns pontos de discussão que gostaria muito de ver ocuparem o espaço público nos meses que se avizinham e que irão anteceder as eleições legislativas.

As pistas por eles apontadas podem parecer utópicas e radicais, mas se a questão das alterações climáticas se trata mesmo de uma questão de vida ou de morte para os nossos filhos e os nossos netos – e pode muito bem ser isso o que está em cima da mesa -, espero bem que quem se predispõe a gerir os destinos do país tenha coragem suficiente para não ficar apenas a brincar ao faz de conta para conseguir mais um votos a explorar o filão da ecologia.
​
Para os que queiram aprofundar um pouco mais sobre o assunto, fica a informação que a próxima Conferência Internacional sobre o Decrescimento Económico, terá lugar em Manchester em 2020, e o link com mais detalhes.

1 Comentário
Alexandra
4/6/2019 12:33:47

Obrigada por partilhares. Muitos já pensam assim....!!!

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