![]() André Botelheiro junta-se à equipa do Lugar ao Sul e publica hoje o seu primeiro artigo. Semana sim, semana não poderá encontrar os seus artigos à quinta-feira. Quem é André Botelheiro? Nascido a 15 de maio, acabou de entrar para o incrível segmento dos “entas”. Licenciado em Direito pela Universidade Lusíada de Lisboa, passou pela Universitá degli Studi di Firenze (Itália) como estudante ERASMUS. Mais tarde, ingressou na pós-graduação em Direito Penal Económico Europeu na Universidade de Coimbra e, mais recentemente, no Mestrado em Sociologia na Universidade do Algarve. Cumprindo um sonho de criança, em 2001, passa a exercer advocacia mas interessou-se sempre por construir um percurso profissional diversificado: integrou a equipa de voluntários da Expo'98, como assistente de produção no Palco SONY; coordenou equipas de recenseadores nos CENSOS de 2001; inaugurou o gabinete de apoio jurídico para o associativismo juvenil do IPJ-Faro; geriu as equipas de voluntários no Media Center do Estádio Algarve durante o Euro’2004; presidiu à Comissão para a Dissuasão da Toxicodependência de Faro, sob a alçada do IDT; e assessorou o Reitor da UAlg. É na comunicação que encontra a sua paixão e, atualmente, é coordenador do Gabinete de Comunicação e Protocolo da UAlg e diretor executivo da rádio RUA FM. Farense convicto desde 1977, acredita no poder da cidadania livre e participada. Faz das viagens os seus escapes, da sua moto a sua fiel companheira, da família e dos amigos o seu suporte básico de vida. Interessa-se por tudo o que resulte no debate saudável de ideias, em particular, política, história, música, desporto e, claro está, este tão afamado Lugar ao Sul! ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Que Educação tem Lugar ao Sul? Por André Botelheiro
O começo não foi fácil e ainda não o está a ser, no momento em que começo este pedaço de texto. Comecei por me surpreender quando, seguramente sob efeito da toma excessiva de amizade, a Dália Paulo me telefonou e em jeito de desafio, de alto risco para a própria, convidou-me para integrar este espaço de encontro que tem o Sul como norte para a prosa. Comecei por procurar razões, objetivas, para, em auto-negação, declinar o amistoso convite. Encontrei imensas e as suficientes. Mas não o fiz... afinal, há sempre “Lugar ao Sul” para mais um. Para começar, havia que escolher. E decidi começar, como não podia deixar de ser, pelo Sul. Mas pelo que julgo ser o alicerce de um qualquer outro ponto cardeal... a Educação. E o que tem a Educação a ver com o Sul? Tudo e Nada. Nada, porque objetivamente havia a necessidade imperiosa de, simplesmente, começar. Nem que fosse para corresponder ao compromisso assumido. Tudo, porque, sem exageros, acredito que é na Educação que Tudo começa! É o maior valor que uma sociedade pode construir para garantir um futuro, digno desse ideal. A resposta, inquietante, foi confirmada em alguns dados que o mais recente relatório “Estado da Educação 2015”, publicado pelo Conselho Nacional da Educação em 2016 (www.cnedu.pt ), revela sobre este nosso lugar ao Sul de Portugal. Sem pretensões, e por manifesta incompetência para uma análise mais aprofundada, decidi partilhar alguns dados avulsos que, como tal, não respondem a todas as inquietudes que levantam, mas impõem surpresa e uma reflexão conjunta da sociedade que decidiu como sendo seu este lugar ao Sul, vulgo Algarve. Assim, sem mais demoras, observa-se que em 2014/2015: - O Algarve é região do continente com maior taxa de retenção e desistência nos ciclos do ensino básico regular: no 1º ciclo com 6%, 2 pontos percentuais acima da taxa nacional (4%); no 2º ciclo com 11,2%, mais 2,8 pp que a taxa nacional (8,4%) e no 3º ciclo atinge 15,4%, mais 3,4 pp que a taxa nacional (12%). - O Algarve tem o pior registo no continente (23,1%) quanto à taxa de retenção e desistência nos cursos científico-humanísticos do 10º, 11º e 12º ano, são 4,8 pp acima da taxa média nacional (18,3%). - O Algarve, com 87%, apresenta a taxa de conclusão do ensino básico regular (9º ano) mais baixa do continente (-2,3 pp que a taxa média nacional). Os resultados não são melhores quando analisada a taxa de conclusão do 12º ano no ensino secundário regular. Com 62,9%, revela a taxa de conclusão mais baixa no continente, com menos 7,1 pp que a taxa média nacional (70%). Acresce que, no distrito de Faro menos de 80% dos diplomados em cursos científicos-humanísticos do 12º ano (em 2013/14) ingressaram no ensino superior (em 2014/15), sendo o pior resultado do continente em comparação com os mais de 90% registados nos distritos de Coimbra e Bragança. Obviamente, estes dados escondem muito mais do que aquilo que numa primeira análise percepcionamos. Ainda assim, podemos concluir que, em 2014/2015, o Algarve é a região do continente com os indicadores de retenção, de desistência e de conclusão mais negativos em todos os ciclos de estudo do ensino básico e do ensino secundário regular, com a agravante de ser a região em que menos alunos prosseguiram os seus estudos após conclusão do 12º ano. As assimetrias da própria região, a sazonalidade das atividades económicas, o apelo do “emprego fácil na praia”, poderão indicar algumas pistas para eventuais respostas. O cenário futuro ilumina-se quando verificamos que o Algarve tem uma das maiores concentrações de população residente em idade escolar (0-24 anos) do país (112.024 no ano de 2015), deixando para trás distritos como o de Aveiro e de Coimbra. Esta população jovem é cada vez mais multicultural, enriquecida pela mais alta percentagem do número de alunos de nacionalidade estrangeira que frequentam o ensino básico e secundário (10%), muito acima da média nacional (3,7%). No presente ano letivo, a Universidade do Algarve irá atingir o número record de estudantes de nacionalidade estrangeira, já serão 15% dos alunos da academia algarvia. Matéria-prima não nos falta. Mas o assunto é sério demais para ser alvo de descobertas às apalpadelas. Exige mobilização regional de todos os atores, autárquicos, académicos, empresariais e agentes educativos para, em conjunto, se aprofundar a questão: que Educação tem Lugar ao Sul?
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