Por Gonçalo Duarte Gomes A laranja do Algarve é já quase mítica. Doce, sumarenta, refrescante, apelativa. De tal forma que, tornando-se a estrangeira de maior sucesso, é já praticamente indissociável da região. Sim, porque, e adaptando um curioso slogan turístico, embora seja de cá, não nasceu por aqui. Por isso coloco a questão: antes da cítrica condição, o que vinha de trás? E já agora, o que aguarda adiante? O Algarve é de facto uma metafórica laranja? E daí, partirá para um figurativo guacamole? Ou é literalmente outra coisa? Foi recentemente lançado à discussão um manifesto, intitulado “das 3 Delícias”, que tem por objectivo pôr o Algarve a reflectir sobre si mesmo.
A ideia é presunçosa, não há como o negar. Mas, sem tentar, nunca se fica realmente a saber o limite das possibilidades. Por isso mesmo, sem vergonha, com muito atrevimento e com a singela expectativa de lançar pouca discussão que seja, aí está. Reconhecendo o carácter único e irrepetível do Algarve, pretende a região como mais do que um mero cenário turístico, onde desde há muito se vive e onde por muito tempo se quer viver, reclamando a sua paisagem, e o futuro dessa paisagem viva, e não imagem genérica de um não-lugar. Reivindicando civicamente um Algarve inteiro, completo, solidário e feliz, reencontrado na contemporaneidade e reconhecível na sua matriz única de atlantismo mediterrânico, um Algarve resiliente, perene e apto para os desafios que o futuro encerra. Civicamente exigindo definições institucionais, ordenamento do território efectivo porque assente em acção política – com menos discurso vão –, uma economia regional mais justa, o sequeiro como matriz da identidade algarvia, a protecção plena da dieta mediterrânica, um modelo energético regional e a promoção da cultura algarvia. A perspectiva é a de um futuro que não se interrompe, mas que tem passado. De ilusões, mas que nunca tiram os pés do assento na terra. De um Algarve ao mesmo tempo sublimado e condensado no doce das três delícias. Que, podendo trocar o figo, a alfarroba e amêndoa pelo abacate, pela manga e pela framboesa, talvez continue a ser delicioso. Mas já não algarvio. Os interessados, simpatizantes, apoiantes, discordantes, conhecedores ou meramente curiosos poderão ler e, se assim o entenderem, assinar, em: http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=manifesto3delicias
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