Por Luís Coelho. Todos os Lusos sabem que equipas como a Inglaterra, a Escócia ou o País de Gales são “café pequeno” para o Sr. Engenheiro e seus Meninos. De facto, que me lembre, nos últimos jogos a doer, a nossa Selecção de futebol foi sempre capaz de levar de vencida as suas congéneres oriundas do Reino Unido. Ora, tal supremacia futebolística, que seguramente muito nos orgulha, lamentavelmente não se replica para a esmagadora maioria dos restantes domínios da organização social. São vários os exemplos que poderia citar para fundamentar esta firmação; no entanto, nesta breve reflexão, vou apenas recorrer a dois aspectos particulares da vida actual do Reino Unido e de Portugal para dar nota da diferença que existe entre estes povos. A saber. Enquanto por aqui se discute se os administradores da Caixa Geral de Depósitos devem ou não apresentar a sua declaração de rendimentos ao Tribunal de Contas, o Tribunal Superior Britânico decidiu que cabe ao Parlamento a última palavra sobre o processo de saída do Reino Unido da União Europeia. Mais, um aspecto delicioso desta história é que tal decisão surge na sequência de uma queixa apresentada por dois cidadãos que, diria, são no mínimo peculiares: uma gestora de fortunas e um cabeleireiro, imagine-se, de origem brasileira. Mais importante do que mencionar os queixosos é sumariar o argumento por detrás da sua posição. Em particular, pelo que li, ambas as queixas sustentam que o processo de saída da União Europeia assume uma natureza crítica, razão pela qual só poderá ser conduzido pelo Parlamento Britânico e não pelo Governo. Sentado na minha cadeira e pensando sobre o assunto não posso deixar de sentir uma certa inveja dos britânicos e, em especial, da maturidade da sua democracia e instituições. Imagine-se só o que seria ter algo de remotamente parecido neste belo rectângulo plantado ao sul onde tudo o que parece esquisito, é afinal, perfeitamente normal… Valha-nos o futebol: afinal, não há quem possa discutir que somos Campeões da Europa pelo menos pelos próximos quatro anos.
1 Comment
Bruno Inácio
8/11/2016 21:18:21
Somo tão bons a nos vangloriarmos com a nossa história que, por vezes, parece que ficamos lá atrás. Bela reflexão.
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