O Lugar ao Sul volta hoje a contar com a participação do seu já habitual convidado especial Paulo Pereira. O seu escrito de hoje olha de forma interessante para problema do crescimento do PIB e a sua relação com o investimento. É desta forma que o experiente gestor Algarvio chama a nossa atenção para uma realidade que nem sempre se compreende na sua plenitude. É pois , mais uma vez, "material" de Lugar ao Sul. Luís Coelho Nota Biográfica Paulo Jorge Teixeira Pereira, esperou pela inauguração da ponte sobre o Tejo para ir nascer a Lisboa em novembro de 1966. É licenciado em Gestão Financeira pela ESGHT e Pós-graduado em Finanças Empresariais pela FE-UALG. Depois de várias colaborações na imprensa regional, viria a ser representante do Semanário Económico na Região até à sua passagem a diário. Há cerca de 25 anos que trabalha como consultor de empresas, tendo-se especializado na área dos apoios e incentivos ao investimento, incluindo ainda duas passagens por funções públicas em Vila Real de S. António e Portimão. Fez parte da Comissão Fiscal da Câmara de Comércio e Industria de Portugal e integra os orgãos sociais da BICS - Associação dos Centros de Empresa e Inovação Portugueses. Foi fundador e ainda é dirigente da Algarve Film Commission. Quanto tinha tempo livre ia ao cinema e dedicava-se à fotografia. Sempre que tem oportunidade, viaja em família. E, claro, é adepto do único clube desportivo nacional que tem um nome que se compreende em qualquer parte do mundo: SPORTING !!!! Por Paulo Pereira. O INE publicou no final da semana passada o detalhe dos números que demonstram como o PIB cresceu 2,9% no 2º semestre de 2017. O Consumo recupera para niveis registados em 2011, mas o Investimento está ainda 34% abaixo do melhor registo dos últimos 16 anos. No seguimento do anterior artigo para o “Lugar ao Sul”, proponho-me agora analisar com mais pormenor os números mais recentes da economia nacional, partindo dos dados oficiais disponibilizados pelo INE no final da semana passada, a 31 de agosto. Esta publicação mais recente do INE vem confirmar os números que já haviam sido conhecidos no início do mês, apresentados agora com maiot detalhe por forma a demonstrar como se chegou à conclusão de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,9% no 2º trimestre de 2017. A evolução favorável do PIB explica-se, em parte, pelo contributo positivo da procura interna que aumentou devido ao comportamento do Investimento, através da variação de existências e da chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Tendo-se verificado uma ligeira redução das Exportações de Bens e de Serviços, o contributo da procura externa para a variação do PIB foi negativo. Isto é o que diz o destaque do INE publicado no site do Instituto, acompanhado de uma breve análise e de informações de todos os registos disponiveis desde 1995 (os mais interessados poderão aceder a toda a informação disponivel online em: https://goo.gl/p8bkkb). Da leitura do destaque do INE podemos concluir que a Procura Interna (Consumo + Investimento) cresceu, mas que o Saldo da Balança de Transações com o Exterior (Exportações - Importações), continua a ser negativo. Agora vamos lá tentar perceber isto em português e ver como é que afinal os números têm evoluído nos últimos anos. Para o efeito, irei centrar a análise na evolução do Consumo e do Investimento, que são os dois principais indicadores que explicam a dinâmica do PIB. Numa próxima oportunidade, proponho-me falar sobre o balanço entre Exportações e Importações que, salvo situações muito pontuais, funciona sempre “contra” o PIB, dado que normalmente as importações são superiores às exportações. Consumo a crescer O valor calculado pelo INE como Despesas de Consumo Final, corresponde à soma do consumo das famílias, das Instituições sem fins lucrativos e das Administrações Públicas. Como se pode observar pelo gráfico nº 1 abaixo, o Consumo evoluiu de forma constante entre 1995 e o final de 2010. Em termos absolutos, o consumo atingiu o pico aos 156,6 mil milhões de euros em 2010 (média de 15,6 mil euros gastos anualmente por cada português). A partir de 2011 o Consumo entrou em quebra, chegando ao mínimo de 141,4 mil milhões de euros em 2013 (9,7% a menos que no final de 2010). Em 2014 começou a assistir-se à retoma, tendo chegado aos 149,6 milhões de euros no final de 2016. A manter-se a dinâmica, é possível que este ano volte a ultrapassar os 150 mil milhões, voltando ao nível que já havia sido registado em 2011, mas ainda 4% abaixo do máximo registado em 2010. Investimento: faltam 34% para chegar a 2001 Outra das componente do PIB é o indicador da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) que corresponde, na prática, ao Investimento realizado num determinado período, onde se inclui o imobilizado, as aquisições e variação de existências. A curva da evolução do Investimento tem um comportamento diferente do verificado no Consumo, como se pode visualizar no gráfico 2. Assiste-se a um crescimento mais ou menos regular entre 1995 e finais de 2001, quando o investimento atingiu o máximo de 11,6 mil milhões no 3º trimestre do ano. A partir dessa altura o investimento começou a diminuir, chegando a um registo mínimo de 9,6 mil milhões no segundo trimestre de 2003, quase 17% menos do que dois anos antes. Começou então um novo período de recuperação do investimento, que voltaria a ter um máximo no primeiro trimestre de 2008 (10,8 mil milhões). A partir de então foi quase a pique até ao ultimo trimestre de 2013, altura em que se registou novo mínimo com 6,3 mil milhões de euros de Investimento (-41,6% do que cinco ano antes). No início de 2014 começou nova retoma do Investimento, chegando aos 7,6 mil milhões de euros no final do 2º trimestre de 2017. É verdade que este ultimo valor é 20% superior ao que se registava no final de 2013, mas também é verdade que ainda está a 34% dos registos de 2001. Em jeito de conclusão, ficam algumas ideias para reflexão: - O PIB no final de 2016 chegou aos 177,4 mil milhões de euros que, ainda assim, estão 8,9% abaixo do registo de 2010; - O Consumo está a recuperar para níveis registados em 2011; - O Investimento está ainda 34% abaixo do melhor registo dos últimos 16 anos. Apesar dos sinais positivos registados na economia, verifica-se que há ainda um caminho a percorrer até ao ponto em que seja possível repor os níveis de consumo de há 6 anos atrás. No caso do Investimento, verifica-se que a dinâmica está ainda longe dos valores registados no início do século. Nota: não faço a mínima ideia se este texto respeita o velho ou o novo acordo ortográfico. Aliás, nem sei se está em vigor. Lembro-me de ter lido em qualquer sitio que alguns países não tinham ratificado o Acordo.
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