“Our lives begin to end the day we became silent about things that matter.” Martin Luther King19/1/2018 Por Joana Cabrita Martins
E assim retomo um tema que tem sido frequente por este Lugar ao Sul, e por estes dias não só ao Sul. A saúde ou ... As primeiras denúncias internas vieram a público por via do sector da enfermagem...depois soube-se que também o sector médico o fazia mas não publicamente. Internamente ao pedir exclusão de responsabilidade por falta de meios. Estas denúncias e pedidos iniciaram-se a Sul mas rapidamente se tornaram um surto epidémico que alastrou a todo o país. Não é difícil perceber o quão débil se encontra o Estado de saúde de Portugal para todo ele ser infectado por uma epidemia em tão curto espaço temporal. Este surto desenvolveu-se, multiplicou-se e manteve-se activo por mais de uma semana porque os meios terapêuticos aplicados não foram assertivos e muito menos eficazes no tratamento e imobilização da patologia. Rapidamente a administração do CHUA veio refutar o que os seus enfermeiros haviam denunciado. O que não surtiu o efeito terapêutico desejado. Seguiu-se a tentativa do Sr. Ministro Adalberto Campos Fernandes de aplicar nova medicação, desta feita evocando uma cabala para com o actual governo, por parte do sector de enfermagem mobilizado por uma Ordem. Uma vez mais a tentativa de erradicar a epidemia de denuncias não foi a melhor opção de tratamento. E a verdade é que nos media se multiplicaram as reportagens, os artigos e os programas sobre o tema. O Ministro veio pedir “a cara” de quem denunciava. “A cara” Sr. Ministro? As caras! Plural! Não só de enfermeiros, médicos, técnicos, auxiliares...o Sr. Ministro está a esquecer-se dos UTENTES!!! E não Sr. Ministro, não é só a cara, é a cara, o corpo e a mente dos utentes que são destratados vezes sem conta de cada vez que têm que ir a um Serviço de Urgência do SNS. E se eu achava que isso era algo que se passava no CHUA e em poucos mais Hospitais e Centros Hospitalares Portugueses, fiquei a perceber que afinal não eram poucos mas MUITOS aqueles em que as condições de tratamento Hospitalar são simplesmente desumanas. E impensáveis!!! “Is this normal? In 2017? We are in Europe in 2017!” -questionou Miss Daisy, uma belíssima Holandesa de 81 que esperava há 5 horas para ser atendida pós-triagem no CHUA, com pulseira amarela devido a uma patologia cardíaca, sendo que o cenário que via na sala de espera era mais do que terrifico. Pacientes a gemer de dor, outros deitados nas cadeiras, outros em cadeiras de rodas horas a fio, outros algaliados à vista de todos. “Yes, unfortunately this seems to be the normal reality in our ED*” tive que lhe responder...longe de saber o que ainda iria presenciar e viver naquele SO, e posteriormente nas enfermarias. SIM! Aquilo é o NORMAL e PERMANENTE Sr. Ministro e Sr. Presidente da Republica, e Srs. Deputados, e Srs. Presidentes e Chefes de Administração!!! E NÃO, não é um pico de afluência devido a...X, Y, Z. Aqui a Sul, é no Inverno, com a gripe, na Primavera com as alergias, no Verão com as insolações, no Outono com... ...com TUDO o que é normal no ser humano! Porque o anormal é mesmo este sistema desumano! E SIM, pelos vistos não é algo de hoje (deste ano), e pelos vistos (e por vós sabido) caros Srs. e Sras. (não vá ser injusta na questão da igualdade de género) é algo que se repete ano após ano desde há alguns (não sei especificar quantos porque felizmente não frequento os Hospitais tantas vezes como neste de 2017 que passou). Então só tenho a dizer Sr Ministro que, se quer caras eu dou-lhe a minha enquanto familiar, que é outra classe que também frequenta estes espaços e/ou serviços, de duas outras caras que já não se podem dar em parte porque passaram pelo SNS. E se a situação já era esta durante os governos anteriores e o seu grupo parlamentar e as vigentes Ordens não fizeram as denuncias e pressões que agora estão a ser feitas só têm é que lamentar e assumir o que não fizeram pelo SNS. E SE NÃO O FIZERAM e se agora O NÃO ASSUMEM é porque por trás desta situação está todo um negócio de milhões em PPP na área da saúde que foi iniciada e perpetuada pelo PS em tempo de governação. Meus Srs. tenham vergonha e sentido de responsabilidade e lealdade para com os cidadãos que vos elegeram e assumam o real estado do SNS em Portugal em vez de o negaram e se vitimizarem. Não estamos aqui a tratar do sector das energias, ou do sector da mobilidade, do sector da educação, da justiça, entre outros, embora sejam, também eles fundamentais na estruturação base de uma sociedade. Estamos a abordar o sector da SAÚDE, o pilar base sem o qual tudo o resto não se coloca, o direito mais elementar a que todos os indivíduos deveriam ter acesso condigno. Isto não é uma questão politica isto é um CRIME social do qual o Estado é o responsável máximo! Sejam enfermeiros, sejam médicos, sejam tecnicos, sejam auxiliares, sejam utentes, sejam familiares, sejam Ordens, sejam Administrações, sejam deputados, sejam Ministros... Sejam do PSD, sejam do PS, sejam do PCP, sejam do Bloco de Esq., do CDS, do PAN... ...sejam PESSOAS...denunciem!!! Hoje e sempre...aqui a Sul e até lá a cima ao Norte. Aqui em Portugal e...noutras instâncias...nas Europeias...NAS MUNDIAIS! Façamo-nos ouvir por aquilo que são os direitos básicos da vida humana. Como disse Luther King “Our lives begin to end the day we became silent about things that matter.” Nota: Por opção, a autora não escreve aplicando o acordo ortográfico actualmente em vigor. * ED -Emergency department (Serviço de Urgência)
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