Por Bruno Inácio Eram os Romanos que os catalogavam assim. Era a forma que tinham para dividirem os meses. Os idos eram a 15 de Março, de Julho e de Outubro. Contudo os de Março ficaram para sempre célebres, em género de marca histórica, por Júlio César, o mítico Imperador romano ter sido assassinado nessa data por Brutus, seu comparsa das megalomanias. A morte de Júlio César, retratada por Vincenzo Camuccini Curiosamente, é a Júlio César a quem é atribuída a famosa frase que muitos usaram para descrever o povo Português ao longo da história. Dizia César, rapaz que gostava de andar por aí a conquistar territórios como se não houvesse amanhã que “há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa nem se deixa governar.” (A frase também é referenciada várias vezes como sido proclamada por outro general romano - General Galba)
Não se sabe se a afirmação terá sido motivada por algum acontecimento em particular ou se o Imperador tinha uma visão catastrofista cá da ponta da Europa. Diz a história, pelo que se vai lendo, que “os homens de Roma achavam bizarro que em séculos de guerra os lusitanos apenas tivessem sido liderados fugazmente por Viriato”. Nos Idos de Março de 2017, se olharmos para o que disse Júlio César (ou Galba), mais uma vez, infelizmente, parece que a descrição nos assenta. Ora vejamos: vivemos semanas a discutir SMS´s quando tivemos o menor défice financeiro da nossa democracia que foi conseguido por um modelo económico do governo anterior e que é celebrado pelo governo actual como sendo um sucesso de um modelo seu não empregue. Confuso? Pudesse Júlio César enviar SMS´s dos Séculos Antes de Cristo em que viveu e já estavam os lusitanos de hoje a escrever para os Romanos um Guia da Arte da Guerra por Via dos Erros de Percepção Mútuos. Como a tecnologia ainda não está evoluída o suficiente para viajar no tempo (nem para não deixar escapar umas declarações de transferências para offshores dos computadores do Fisco), vamos nos entretendo com as Comissões Parlamentares de Inquérito que por tudo e por nada lá vão sendo criadas. Já que não nos governamos nem nos deixamos governar, valha-nos o Carnaval (como ontem o Luís Coelho aqui descreveu) e as entrevistas de José Sócrates para nos ir entretendo de idos em idos, até ao epílogo glorioso que chegará com Dom Sebastião. Apetece citar Jerónimo Bragança num fado imortalizado pela imorredoura Amália Rodrigues de nome (veja-se a ironia da coisa) Triste Sina Mar de mágoas sem marés Onde não há sinal de qualquer porto. De lés a lés o céu é cor de cinza E o mundo desconforto No quadrante deste mar, que vai rasgando, No horizonte, sempre iguais à minha frente, Há um sonho agonizando Lentamente, tristemente...
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