Por Cristiano Cabrita
O mundo só pode ser Melhor que até aqui, - Quando consigas fazer Mais p'los outros que por ti!* *António Aleixo Os algarvios, por natureza, são bairristas e assumem a luta do seu vizinho como a sua. Fazem-no desprovidos de interesse, com uma naturalidade sadia e com um sentimento de apego que traz sorrisos e aquece o coração de quem tem o privilégio de ser algarvio. E o “ ser” algarvio não se aplica somente aqueles que aqui nasceram ou que aqui têm raízes familiares, aplica-se também àqueles que aqui decidiram constituir as suas famílias, abrir os seus negócios, usufruir da sua reforma, enfim, que decidiriam “viver” o Algarve. O cheiro a maresia, as cores do barrocal algarvio, a beleza da nossa costa, a riqueza da nossa fauna e flora, o azul deste mar, o património histórico e etnográfico e os sabores característicos da região são passaportes identitários que elevam a riqueza da nossa região a patamares únicos no mundo. A própria oralidade é um cimento agregador da nossa forma de estar e ser. Conseguir discernir a origem do môce de Lagos, de Portimão, do Alvor, de Loulé ou de Faro, simplesmente pela maneira de falar é de uma complexidade e de uma riqueza sem comparação. A última vez que senti esta maneira de estar e ser algarvio, este sentimento de apego e partilha comum, foi num dos momentos mais difíceis que tive a oportunidade de viver em primeira mão, no dia 1 de Novembro de 2015. As inundações em Albufeira foram uma tragédia para a cidade. Mas, houve um lado positivo. Foi indiscritível a onda de solidariedade que recebemos de todo o país, do estrangeiro, mas, em particular, de todos os municípios do Algarve e de todos os algarvios. O sentimento, a vontade de ajudar, fosse com um ou dois homens, fosse com um camião, com uma simples bomba de água, ou com apenas uma palavra de apoio, o calor que sentimos naquele dia frio e trágico para a História de Albufeira, aqueceu-nos a alma e deu-nos força para continuar a lutar e reerguer a cidade dos escombros. Nessa semana, houve união sincera, da mesma maneira que todos nos solidarizámos com Monchique aquando dos incêndios que fustigaram aquele concelho, da mesmíssima maneira que nos unimos contra os contratos de exploração de petróleo na costa sul. Talvez por nos considerarmos diferentes, herdeiros de um legado milenar, talvez porque nos sintamos distantes do poder central por razões que não cabe agora discorrer, talvez porque, para o resto do país, quando atravessamos a Serra do Caldeirão, deixamos de ser apenas “albufeirenses”, “monchiquenses”, “louletanos”, “farenses” ou “lacobrigenses”, passando a ser também algarvios. Talvez porque este sentimento é apenas isso, um sentimento que as palavras não conseguem exprimir na sua verdadeira dimensão. Na sua incomensurável grandeza. Por tudo isto, hoje faço um apelo diferente para que votem em Paderne, aldeia finalista do concurso “7 Maravilhas – Aldeias de Portugal”. Como é público, Paderne é a única representante algarvia, concorrente na categoria Aldeias Rurais e para ser considerada uma das 7 Maravilhas de Portugal vai precisar de contabilizar mais votos do que a sua concorrente, a aldeia de Sistelo. Teria a mesma postura se tivesse em causa a eleição de Estoi, de Alte, da Bordeira (Aljezur) ou de qualquer outra localidade algarvia porque entendo que o Algarve é um património comum que deve ser defendido até à exaustão. Da mesma maneira que sou um promotor do Festival de Marisco de Olhão; que aplaudo a Noite Branca de Loulé; que enalteço o Festival F em Faro; que valorizo a tradição vitivinícola de Lagoa e a FATACIL; que promovo o legado de Monchique; que difundo a Feira Medieval de Silves e que aconselho a Fortaleza de Sagres, o Castelo de Silves, a Ermida de Nossa Senhora da Guadalupe e a Fortaleza de Lagos, entre outros, a todos os que nos visitam. Da mesma forma que valorizo e divulgo as maravilhas encerradas em Cacela, Monte Gordo, Cabanas de Tavira, Burgau, São Brás, Bensafrim, Santa Barbara de Nexe, Aljezur ou Castro Marim, venho agora apelar ao voto comum de todos algarvios em Paderne. Se Paderne ganhar, ganhará o Algarve, ganhará o património algarvio, ganharemos todos nós. Para votar em Paderne basta ligar para o número 760 10 70 03, até dia 3 de Setembro, data em que se realiza, em Piodão, a gala final, conduzida por Catarina Furtado e José Carlos Malato, no decorrer da qual vão ser anunciadas as 7 aldeias Maravilhas de Portugal. Caso Paderne seja vencedor, tornar-se-á na terceira maravilha do Algarve, neste caso, na categoria de Aldeias Rurais, depois da eleição da Ria Formosa, em 2010 (7 Maravilhas Naturais) e de Odeceixe, (7 Maravilhas Praias).
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