Por Luís Coelho. No momento em que escrevo este pequeno texto o Eurogrupo reúne-se para discutir um hipotético alívio da dívida Grega. Sendo este um tema helénico, a verdade é que muito nos interessa. De facto, como todos sabemos, tanto gregos como lusos sofreram (e continuam a sofrer) bastante com o que é usualmente designado como a crise das dívidas soberanas, a qual resultou da catastrófica falência do banco Lheman Brothers em 2008. Em particular, lá como cá, as condições de vida sofreram uma deterioração muito significativa, com os helénicos a ficar com a pior parte. Pois bem, parece que finalmente todo este sacrifício pode dar frutos. Em particular, o Eurogrupo está a ponderar aceitar uma proposta do Mecanismo Europeu de Estabilidade (veículo criado para financiar os países da zona euro em dificuldades) que irá permitir aliviar a pressão sobre as finanças públicas gregas. Em discussão está a extensão dos prazos de reembolso dos empréstimos já concedidos (para 32,5 anos) e uma revisão em baixa das taxas de juros praticadas, a qual afectaria não só os financiamentos já existentes como seria extensível a eventuais empréstimos futuros adicionais. É fácil perceber que a combinação destas medidas permite aliviar de forma clara as finanças da Grécia, país que ainda está mergulhado numa crise profunda apesar de apresentar já um saldo primário estimado a rondar os 3.5% do seu Produto Interno Bruto (PIB). Claro está, muitos dirão que estas medidas são insuficientes: o que seria mesmo desejável é um write-off puro e duro da dívida pública (estima-se que esta represente 176% do PIB helénico…). No entanto, como diz o povo, o bom é inimigo do óptimo, sendo que, pessoalmente não sou muito adepto desta solução mais musculada. De facto, há que considerar os efeitos reputacionais de curto e longo-prazo de tal medida, os quais não podem ser devidamente antecipados e me preocupam sobremaneira. Posto isto, admito que seria positivo ver o Eurogrupo a apoiar o plano proposto pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade. Primeiro porque tal seria bom para todo um país que precisa de ajuda para sair de uma situação que se pode tornar ingovernável muito rapidamente. Depois, porque um plano equivalente poderia ser também reclamado pelo nosso País, o que evidentemente ajudaria à nossa recuperação (é como se a camisa de forças que nos prende afrouxasse um pouquinho). Finalmente, porque medidas desta natureza reforçam os princípios que estão no cerne daquilo que, um dia, foi o projecto europeu. Num contexto internacional particularmente difícil, é preciso ter líderes (há quem lhes chame Estadistas) que decidem em prol do bem comum e não a pensar apenas e tão só no seu eleitorado directo.
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