Por Luís Coelho Todos sabíamos que compatibilizar turismo com a pandemia COVID19 seria difícil. Os números estão aí para, infelizmente, provar esta ideia. Em particular, o mais recente destaque publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre a actividade turística revela uma quebra homóloga de -66.4% face a 2019 nas dormidas em estabelecimentos classificados em solo nacional. Uma análise mais fina dos números revela ainda que a queda do mercado nacional é expressiva (48.1%) e absolutamente dramática quando o foco é o mercado internacional: 73.9%. O Algarve não passou incólume a este verdadeiro rolo compressor. De facto, os dados do INE mostram que, globalmente, a procura turística na região caiu 70.9% face a 2019 (Janeiro a Julho). O mercado interno caiu 47.3% e o externo 77.6%. Esta queda abrupta da procura resultou numa perda muito significativa de rendimento para as nossas unidades de alojamento classificado: 74% em termos homólogos. Dito de outra forma, em média e até Julho do ano corrente, estas unidades perderam 3 em cada 4 euros facturados em 2019. Felizmente, nem tudo são péssimas notícias já que Agosto acabou por ser relativamente simpático em termos turísticos para o Algarve. Os dados oficiais ainda não estão disponíveis (estão previstos para Outubro) mas as notícias dão conta de um aumento expressivo da procura nacional nesse mês, o qual beneficiou ainda do efeito positivo da abertura (fugaz) do corredor aéreo com a Inglaterra.
Setembro marca a passagem para a época baixa no Algarve. De facto, os dados do INE revelam que a região recebe em média 16% dos seus hóspedes entre Outubro e Dezembro, com este trimestre a representar cerca de 13% dos proveitos anuais dos seus estabelecimentos classificados. É esta a conhecida sazonalidade da operação turística algarvia, a qual representa sempre um desafio importante para a gestão da tesouraria das empresas deste sector. Prevê-se, no entanto, que o ano de 2020 venha a ser (bem) pior por três ordens de razão: . O verão não correu bem, facto que impediu o acumular dos excedentes necessários para enfrentar o arrefecimento da actividade económica com tranquilidade; . É de antecipar uma redução significativa da procura turística neste final do ano. Por um lado, o produto golfe – crítico para esbater a quebra de procura nesta altura do ano - está fortemente prejudicado com o encerramento da ponte aérea com o Reino Unido. Por outro, é natural que toda a procura turística resfrie em face do aumento do número de casos de COVID19 em Portugal e na Europa; . A terceira questão é mais subtil e prende-se com os efeitos de curto-prazo das medidas que o governo foi aprovando nos últimos meses para responder aos efeitos da pandemia. Parece claro que, num primeiro momento, estas ajudaram a que muitas empresas se mantivessem em funcionamento. Infelizmente, Outubro marca a inversão deste ciclo. Por exemplo, é a partir deste mês que cessa o benefício de redução de 50% nas contribuições à segurança social das empresas que tiverem requerido o Apoio Extraordinário à Retoma de Actividade na modalidade de dois salários mínimos por trabalhador. Em Novembro termina o pagamento fracionado de retenções de IRS, de IRC e de IVA para as empresas que optaram por fazê-lo ao longo de seis meses. Em Dezembro dá-se o vencimento do terceiro pagamento por conta de IRC, o qual passa novamente a fazer parte das obrigações fiscais das empresas. Importar recordar que todas estas alterações acontecem ao mesmo tempo que terminam as restrições ao despedimento impostas às empresas que tenham beneficiado do regime de lay-off simplificado até Julho. Não tenhamos pois dúvidas que os próximos meses são desafiantes para as empresas Algarvias muitas das quais dependem quase em exclusivo do turismo para sobreviver. Será este um trimestre horribilis?
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