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O PROVINCIANISMO ALGARVIO

15/4/2019

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Por Patrícia de Jesus Palma

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Há pesos diferentes. Por exemplo: um coimbrão orgulhoso da sua terra é um «coimbrão a valer»; um algarvio orgulhoso da sua raiz é…«um provinciano». Estas diferentes medidas deixam-me sempre divertida, porque elas dizem mais do avaliador do que do objecto da avaliação.

Cá estou, provincianíssima, deliciada a imaginar o escocês Thomas Carlyle (ensaísta, 1795-1881) a ler a abertura do romance do meu comprovinciano Guilherme Centazzi (Faro, 1808-Lisboa, 1879):

«Nasci no Algarve, donde se vê que devo ser grulha, e falador: isto ponho eu já aqui para que os leitores saibam com quem se metem, e depois se não queixem das digressões e moralidades a que sou sujeito, e de que por mais que faça nunca posso mondar de todo o que escrevo: pois sou algarvio, isto é filho lá das terras que estão mais a sul de Portugal, formando certa província com a alcunha de reino […].»



Assim começa O Estudante de Coimbra – figura de difícil classificação, já se vê: protagonista de origem algarvia com formação coimbrã... O Estudante de Coimbra, ia a dizer, foi romance publicado em Lisboa no ano de 1840 sobre tema coevo («história portuguesa desde 1826 até 1838») e pouco depois traduzido para alemão – Der Student von Coimbra, 1844 – sem que a maioria da reduzida elite cosmopolita portuguesa lhe tivesse posto os sapientes olhos em cima.


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Foi nesta língua que Thomas Carlyle leu atentamente a prosa de Centazzi e sobre ela escreveu extensa recensão na Fraser’s Magazine, reconhecendo que: «although many faults may inquestionably be found in it, is yet the best specimen of the present school of Portuguese belles lettres it has been our fate to meet with.»

Naquele ano, Alexandre Herculano dava à estampa em Lisboa o seu Eurico, o Presbítero, considerado até há pouco tempo «o primeiro romance moderno». Mas a história tem destas coisas: reescreve-se. E Pedro Almeida Vieira reescreveu-a ao reinscrever O Estudante de Coimbra na história da literatura e Centazzi como o «pai do romance moderno português».

Para além do tema das paternidades e das cronologias, o que não é pouco, afinal G. Centazzi deu expressão contemporânea à modernidade, atrai o estilo coloquial, bem-humorado, irónico e desassombrado, agradável a qualquer «comprovinciano» deste ou de qualquer outro reino.

É largo o «provincianismo» algarvio.


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