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O Poema Pouco Original do Medo

19/12/2016

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Por Pedro Pimpão & Filomena Sintra

​Um poema intemporal, a comemorar uma feliz efeméride, 19 de dezembro de 1924, data do nascimento de um importante poeta do movimento surrealista em Portugal, Alexandre O’ Neill. Hoje, 19 de dezembro, data em que o Homem reescreve nas notícias, o poema do medo, vivido lá fora das nossas casas, bem longe do nosso quotidiano, mas que à escala deste mundo louco, é um medo que partilhamos.


O Poema Pouco Original do Medo 

​O medo vai ter tudo
pernas
ambulâncias
e o luxo blindado
de alguns automóveis
Vai ter olhos onde ninguém o veja
mãozinhas cautelosas
enredos quase inocentes
ouvidos não só nas paredes
mas também no chão
no teto
no murmúrio dos esgotos
e talvez até (cautela!)
ouvidos nos teus ouvidos

O medo vai ter tudo
fantasmas na ópera
sessões contínuas de espiritismo
milagres
cortejos
frases corajosas
meninas exemplares
seguras casas de penhor
maliciosas casas de passe
conferências várias
congressos muitos
ótimos empregos
poemas originais
e poemas como este
projetos altamente porcos
heróis
(o medo vai ter heróis!)
costureiras reais e irreais
operários
(assim assim)
escriturários
(muitos)
intelectuais
(o que se sabe)
a tua voz talvez
talvez a minha
com a certeza a deles

Vai ter capitais
países
suspeitas como toda a gente
muitíssimos amigos
beijos
namorados esverdeados
amantes silenciosos
ardentes
e angustiados

Ah o medo vai ter tudo
tudo
(Penso no que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer)

O medo vai ter tudo
quase tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos
a ratos


Alexandre O'Neill, in 'Abandono Vigiado' 
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