Por Bruno Inácio Dizem que existe um primeiro dia para tudo. Ora bem, hoje é o dia de concordar com o PCP. Coisa nova por estas (minhas) bandas mas que faço com o fulgor de quem acredita que as convicções políticas são maiores que os partidos e que a causa pública é mais importante que qualquer interesse particular e circunstancial. O PCP veio ontem afirmar publicamente, no âmbito das suas jornadas parlamentares, que irá propor um novo referendo sobre a regionalização em Portugal até ao primeiro trimestre de 2019. De facto, nos últimos anos, o meu pensamento político sobre as virtudes da regionalização esfriaram.
Não obstante, esse esmorecimento não coloca em causa um ideia maior: qualquer processo de regionalização, por menos bem conseguido que seja, será melhor que a manutenção da centralização de poder que temos em Portugal. É um facto que somos um dos países mais centralizadores da Europa. O poder de centralização do Estado tem levado a que as outras regiões do pais que não Lisboa tenham vindo a perder competitividade e acima de tudo que tenha a possibilidade de se desenvolver segundo uma estratégia própria, pensada e sufragada eleitoralmente pelos seus eleitores. O PCP procura assim trazer o tema de volta a debate publica. É de elogiar a sua posição e a pertinência do momento em que o faz. O PS governa com o apoio das esquerdas. Sabemos que António Costa é (pelo menos em palavras) um descentralizador. Sabemos que existe muita gente no Partido Socialista que são regionalistas convictos. Sabemos igualmente que no PSD, apesar da posição do líder do partido ser oposta, existem muitos militantes que são favoráveis a um processo de regionalização. Assim sendo, queríamos acreditar que existem condições políticas para dar corpo a posição do PCP. No último (e único) referente realizado em Portugal sobre a regionalização, o Algarve assim como o resto dos pais disseram votaram negativamente. Uma campanha que descredibilizou o processo, apoiada descaradamente pelo poder económico e político da capital, levou a que a regionalização fosse encarada como a criação de “jobs for the boys”. No Algarve também alinhámos nessa cantiga. Hoje os tempos são outros e julgo que existe um sentimento de maior percepção da necessidade de termos a decisão política mais próxima de nós. Outras das questões que levantou polémica no referente de 1998 foi o mapa das regiões. Hoje também esse tema é mais pacífico, sendo amplamente aceite as cinco regiões plano como um mapa sensato. Espero sinceramente que se retome o debate público em torno desta questão. Espero que o Presidente da República, confesso anti-regionalista não trave o processo e permita que se avance com nova consulta popular. E espero igualmente que o PSD, cujo líder não é igualmente adepto da regionalização, tenha a capacidade de debater o assunto de forma aberta e não assuma uma posição de defesa da centralidade. Nesta luta todos seremos poucos e neste caminho (como sempre devia ser) o Algarve necessita que todos tenhamos a coragem de vestir a sua camisola.
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