Lugar ao Sul
  • Sobre nós
  • Autores
  • Convidados
  • Personalidade do Ano a Sul
    • Personalidade de 2017
  • Contactos
  • Sobre nós
  • Autores
  • Convidados
  • Personalidade do Ano a Sul
    • Personalidade de 2017
  • Contactos

Bem-vindo

«O Algarve é um viver e saber viver» Joaquim Romero Magalhães (1942-2018)

3/1/2019

0 Comments

 
Por André Botelheiro

Quis o mês de dezembro lacrar o ano de 2018 com uma emotiva e justa homenagem a um dos maiores intérpretes deste lugar ao sul. Porém, não avisou, porque de nada serve avisar, para uma partida que é sempre prematura, sobretudo para quem ainda assim pensava, escrevia e dizia. O doutoramento Honoris Causa do Professor Joaquim Romero Magalhães, atribuído pela Universidade do Algarve, no passado dia 12.12.2018, foi o encore a uma vida plena, na academia, na política, na família, na amizade.​
Imagem
No eloquente elogio que apadrinhou a distinção, proferido pela discípula ao seu mestre, colega e amigo, Maria Leonor Freire Costa, docente da Universidade de Lisboa, pugnou que: «a Joaquim Romero Magalhães, a região deve uma insubstituível história económica atenta». «Como mostrou nos milhares de páginas que sobre o tema escreveu, o Algarve revela-se efetivamente um espaço económico, separado do Alentejo e do resto do país por forças em parte ditadas pela geografia, sendo em 1700 mais rural que em 1500. Estão ainda por fazer monografias histórico-económicas semelhantes sobre outras regiões do país».

Nesta derradeira cerimónia, Joaquim Romero Magalhães dedicou grande parte do seu discurso ao Algarve, a este lugar ao sul:

«Sou algarvio por nascimento e por uma continuada vivência. Porém, nem regionalista, nem exclusivista. Tenho procurado instalar-me numa neutralidade que me permita ser justo e avaliar, com equilíbrio, aquilo com que me depreendo. Nem tudo no Algarve é bom, nem tudo aquilo que nos rodeia em Portugal deve ser desprezado».

Este desprendimento, que só quem muito ama sabe e pode ter, nunca o deixou afastar-se da sua permanente inquietude pela busca incessante das melhores respostas às melhores perguntas:

«Será o Algarve definível? Concentrado em meia dúzia de palavras, cristalizado nuns tantos conceitos e difundido em não menos preconceitos? A que metáforas há que recolher? O Algarve é uma história. Uma literatura. Uma paisagem. Uma tonalidade luminosa: é um viver e saber viver e é um conjunto daquilo que, afinal, nos rodeia e conforta. É tudo isso. O que se vê e o que não se vê. O que é material e o que paira acima dessa realidade. É um todo, não pode ser fragmentado. É algo que ainda hoje me desperta os sentidos».

Para o sempre, ficamos com a lúcida e douta última lição do Professor Joaquim Romero Magalhães, na terra que escolheu como sua, e na universidade que ajudou a erguer.
​

(Ver discurso a partir dos 37:20)
Sobre Joaquim Romero Magalhães (1942 – 2018):

​​​​​​Nasceu em Loulé a 18 de abril de 1942. Fez a Escola Normal e o Liceu em Faro. Na cerimónia da sua jubilação, em 2012, referiu-se a esse seu percurso na cidade de Faro como tendo sido determinante na sua formação, designadamente pelo convívio que aí teve com as classes mais desfavorecidas da cidade.

Licenciou-se em História na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em 1967. Obteve o grau de Doutor, em 1984, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e integrou o corpo docente dessa Faculdade. Foi nomeado em 1994 professor catedrático daquela Universidade. 

Durante o seu percurso de docente universitário foi professor convidado da École des Hautes Études en Sciences Sociales, de Paris (1989 e 1999), da Universidade de São Paulo (1991 e 1997) e da Yale University (2003). Coordenou o volume “Alvorecer da Modernidade”, vol. III da História de Portugal dirigida por José Mattoso (1993). Publicou recentemente “Vem aí a República! 1906-1910” (2009). Na Imprensa da Universidade está a reunir obra dispersa com o título genérico de Miunças, três volumes (2011-2012).

Presidente do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (1963), Presidente da Associação Académica de Coimbra (1964); Deputado à Assembleia Constituinte da República Portuguesa (1975-1976); Secretário de Estado da Orientação Pedagógica dos governos presididos por Mário Soares (1976-1978); Presidente do Conselho Diretivo da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (1985-1989 e 1991-1993); Comissário-Geral da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (1999-2002), e diretor da revista Oceanos (1999-2001). Membro da Comissão Consultiva das Comemorações do Centenário da República (2009-2011).

Dirigia a revista “Anais do Município de Faro” A 18 de abril de 2012 jubilou-se, tendo proferido a “última lição” na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Joaquim Romero Magalhães colaborou com a Universidade do Algarve desde os seus primórdios, defendendo esta instituição num dos momentos mais difíceis da sua instalação. Nos Seminários organizados em 1982 e 1983, subordinados à temática “Portugal Mediterrâneo, o Algarve no contexto português” e destinados à melhor integração dos emigrantes portugueses em férias no Algarve, Joaquim Romero Magalhães foi uma das personalidades que proferiram lições no âmbito dos Programas dessas realizações.

A sua colaboração estendeu-se posteriormente a algumas edições do Mestrado em “História do Algarve”, assegurando blocos temáticos da componente escolar desse grau.

Participou em diversos júris de doutoramento que conduziram à qualificação do corpo docente da UAlg. Pode referir-se os casos do António Rosa Mendes ou do José Carlos Vilhena Mesquita, criando com o primeiro uma relação de enorme proximidade que foi bruscamente cortada com a morte deste professor da Universidade do Algarve. Na sessão de homenagem que a Universidade do Algarve dedicou a António Rosa Mendes, Joaquim Romero Magalhães foi um dos oradores.  

Promoveu, juntamente com Manuel Viegas Guerreiro, a publicação de duas descrições do Algarve do século XVI: Corografia do Reino do Algarve (1577), de Frei João de S. José, e História do Reino do Algarve (circa 1600), de Henrique Fernandes Sarrão. Dois textos fundamentais para compreender a história do Algarve.

A sua bibliografia inclui inúmeros trabalhos sobre o Algarve Económico, centrando-se especificamente nos séculos XVI, XVII E XVIII. 
​
Faleceu em casa, na cidade de Coimbra, na madrugada do dia 24 de dezembro de 2018.

0 Comments



Leave a Reply.

    Visite-nos no
    Imagem

    Categorias

    All
    Anabela Afonso
    Ana Gonçalves
    André Botelheiro
    Andreia Fidalgo
    Bruno Inácio
    Cristiano Cabrita
    Dália Paulo
    Dinis Faísca
    Filomena Sintra
    Gonçalo Duarte Gomes
    Hugo Barros
    Joana Cabrita Martins
    João Fernandes
    Luísa Salazar
    Luís Coelho
    Patrícia De Jesus Palma
    Paulo Patrocínio Reis
    Pedro Pimpatildeo
    Sara Fernandes
    Sara Luz
    Vanessa Nascimento

    Arquivo

    October 2021
    September 2021
    July 2021
    June 2021
    May 2021
    April 2021
    March 2021
    February 2021
    January 2021
    December 2020
    November 2020
    October 2020
    September 2020
    August 2020
    July 2020
    June 2020
    May 2020
    April 2020
    March 2020
    February 2020
    January 2020
    December 2019
    November 2019
    October 2019
    September 2019
    August 2019
    July 2019
    June 2019
    May 2019
    April 2019
    March 2019
    February 2019
    January 2019
    December 2018
    November 2018
    October 2018
    September 2018
    August 2018
    July 2018
    June 2018
    May 2018
    April 2018
    March 2018
    February 2018
    January 2018
    December 2017
    November 2017
    October 2017
    September 2017
    August 2017
    July 2017
    June 2017
    May 2017
    April 2017
    March 2017
    February 2017
    January 2017
    December 2016
    November 2016
    October 2016
    September 2016

    RSS Feed

    Parceiro
    Imagem
    Proudly powered by 
    Epopeia Brands™ |​ 
    Make It Happen
Powered by Create your own unique website with customizable templates.