Por Hugo Barros Neste período de globalidade, onde o desígnio da competitividade assenta na capacidade de retenção e valorização do talento como diferenciação concorrencial, é cada vez mais importante assegurar politicas e iniciativas de fomento da excelência.
Penso que poucos temas serão hoje mais centrais e estruturantes na sociedade, assumindo um impacto de curto, médio e longo prazo, não apenas na competitividade regional, mas na configuração da base económica, e das dinâmicas sociais e participativas nacionais. É certo que a formação formal tem, neste campo, um papel prioritário. Tal como tem profundo impacto as conhecidas vicissitudes do próprio setor e as dinâmicas dos seus agentes. Mas por muito importante (e necessária) que possa ser essa reflexão, não é sobre ela que pretendo escrever. Pretendo sim realçar e valorizar, mais até que a excelência, as iniciativas de promoção da excelência, essencialmente como mecanismos de oposição à vulgaridade e à mediocracia, e como definição de modelos de atuação. Muito embora os diferentes desafios enfrentados por cada geração, esta parece ser uma questão extremamente atual, para a qual recupero um excerto do texto do professor António Branco, ex-Reitor da Universidade do Algarve, neste Lugar ao Sul, com o qual não posso deixar de me identificar: “é visível na solicitação insistente dos jornalistas aos anónimos presentes nos locais de reportagem para que deem o seu testemunho, nos serviços noticiosos ininterruptos, na profusão de programas de comentário político, nas milhares de horas de debate futebolístico televisivo, no modo como usamos as redes sociais e em muitos outros contextos da nossa vida comum. Para mim, há nesse processo de imediatização da fala um efeito cujas consequências não são positivas: é que, na perspetiva da defesa da Razão enquanto albergue das boas decisões coletivas, a «fala» que mais contribui para o progresso e para o bem-estar das comunidades é aquela que decorre do «pensamento».” Como apresentado de forma eloquente, e sendo eu próprio um “cliente” do debate futebolístico televisivo, assistimos efetivamente a uma excessiva e abusiva massificação da banalidade. Não argumento que não possa ser relevante saber exatamente a que horas o Sr. Bruno de Carvalho adormeceu, ou rever um “loop” de 36 horas sobre a saída ou entrada de um carro que supostamente leva no seu interior alguma personalidade afeta a algum processo em segredo de justiça. Bem sei da importância de podermos opinar sobre coisas, e de podermos aumentar os Gosto das redes sociais, e não é isso que pretendo criticar ou argumentar. Prefiro seguir o caminho inverso. VALORIZAR EXCELÊNCIA. Não falo de grandes medidas publicas propostas pelo estado. Não falo de grandes prémios e reconhecimentos. Não falo de júris internacionais e candidaturas exigentes. Falo das pequenas e locais dinâmicas que visam identificar e reconhecer o trabalho e a excelência. Falo da dinamização de dinâmicas participativas que visem valorizar a intervenção social, o empreendedorismo, o desporto e todas as áreas na qual se reconheçam boas práticas. E para o presente, falo concretamente da iniciativa “Prémios Juventude”, dinamizada desde 2004 pelo Município de São Brás de Alportel. Iniciativas como a exposta configuram, pessoalmente, dinâmicas de inovação territorial que importa valorizar e replicar. Muito embora a critica fácil ao amadorismo da organização, à juventude e nervosismo dos premiados, ou ao eventual populismo da iniciativa, enquanto são-brasense (convicto), não posso deixar de ficar extremamente satisfeito com a decisão de valorização da excelência. Mais especificamente, num período de massificação da banalidade, não posso deixar de valorizar o facto de a iniciativa focar os jovens do município, reforçando o alento para a continuação do trabalho e definindo standards para os demais. Igualmente gratificante (e preocupante… é sinal que esta coisa de ser jovem vai-nos fugindo) é a verificação de que cada após ano, as diferentes categorias continuam a encontrar novas e válidas propostas, e que o concelho continua a gerar jovens interventivos, dinâmicos e empreendedores. Este é um elemento que nos deve orgulhar enquanto cidadãos, e perspetivar um futuro mais risonho, contrariando a critica e o saudosismo geracional. Enquanto são-brasense e algarvio, este é um fator de competitividade futura que importa valorizar e replicar, reconhecendo a excelência gerada pelo território. Consigamos agora dar continuidade, e reter todo este talento na região, e com certeza ultrapassaremos muitos dos inúmeros desafios que se colocarão à região nos próximos anos (mas isso são outras reflexões).
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