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Notas de uma quarentena improvável (29)

26/4/2020

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Os olhos com que vemos o mundo

Por Anabela Afonso

Por esta altura em vamos ser inundados com previsões, mais ou menos catastrofistas, sobre o que está por vir. Seremos confrontados com toda a série de números, dados, estatísticas, mapas, gráficos e quadros de tudo e mais alguma coisa. Na maior parte dos casos, informação que servirá para justificar porque estaremos a atravessar a maior crise das últimas décadas, e porque seremos todos chamados a fazer sacrifícios, e "apertar o cinto". Não nos iludamos, pode não ser para já, mas não tardará o dia em que mais uma vez retornará em todo o seu esplendor a famosa fórmula do "vamos fazer mais com menos". Mas será mesmo esse o caminho a seguir?

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​A propósito do que nos espera, pode ajudar tentar colocar o nosso contexto em perspectiva. Por mais dolorosa que seja toda esta experiência relacionada com o COVID'19, talvez não seja mau lembrar-nos que temos a sorte de passar por ela num dos locais mais privilegiados do planeta, já que o fazemos na pequena parte de países do mundo que tem condições de saúde, educação, alimentação e segurança, muito acima dos demais. Por mais que gostemos de dizer que não, a verdade é que não nos faltam recursos para fazer frente às mais diversas adversidades. Falta-nos talvez, pensar em novas soluções para os novos problemas que enfrentamos, em vez de os tentar resolver com as mesmas fórmulas de sempre.


A este propósito, vale a pena ver o filme "O menino que prendeu o vento". Baseado na história real de um jovem adolescente, William Kamkwamba, que com o seu engenho, conseguiu, no início dos anos 2000 salvar a sua aldeia da fome, ao encontrar uma solução para regar os campos que alimentavam a sua população. Esta história marca a estreia do ator Chiwetel Ejiofor, mais conhecido pelo seu papel em 12 Anos Escravo, na realização. Este é um filme que, para além de nos colocar em perspectiva o que são verdadeiramente as dificuldades porque possamos estar a atravessar, nos mostra também como por vezes as soluções vêm, precisamente, quando temos a capacidade de cortar com os padrões habituais e abrimos espaço àqueles que propõem novos caminhos, por mais absurdos que nos possam, por vezes, parecer.

.Para isso, também precisamos de ter a capacidade de perceber que a perspetiva que temos do mundo, está muitas vezes enviesada, contaminada até, por uma série de preconceitos e ideias préconcebidas sobre as realidades que estão mais distantes de nós, e sobre aqueles sobre quem tão pouco sabemos. Sobre isso, vale também sempre a pena revisitar a Ted Talk de Chimamanda Ngozi Adichie, "The Danger of a Single Story"

Ao ouvi-la, damos conta do ridículo com que muitas vezes nos colocamos por entendermos que, apesar de nos sabermos seres tão complexos em todas as nossas dimensões, podemos presumir que os "africanos", ou os "refugiados", ou seja, os outros, sejam eles quem forem, são seres a quem podemos retirar essa complexidade.

Entender o mundo, e portanto, entender também que lugar é o nosso, no mundo, também passa por reconhecermos que somos tantas vezes manipulados pela informação que nos chega, que serve ela própria, sempre, interesses que muitas vezes não são desvelados na passagem dessa informação. Vale, por isso, também perceber como os números, dados e estatísticas que tantas vezes nos são fornecidos para "percebermos" em que situação nos encontramos, podem ter tantos níveis de leitura e graus de sistematização que podem, literalmente, servir para dizer coisas complemente diferentes, conforme a fórmula com que nos são revelados. Neste caso, fica como sugestão esta outra Ted Talk com o sugestivo título "Let my dataset change your mindset", do especialista sueco em saúde pública, Hans Rosling (1948-2017), onde demonstra que os dados estatísticos que muitas vezes utilizamos para olhar para o mundo, escondem realidades muito diversas, impedindo-nos assim de ver o que é, verdadeiramente, a realidade com que temos que lidar.

Apurar a nossa capacidade crítica é um passo fundamental para garantirmos que, no final, #Vaificartudobem.

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