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Notas de uma quarentena improvável (27)

24/4/2020

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Regresso ou recomeço?

Por Anabela Afonso

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​Ao aproximar-se o início do mês de maio, tudo parece apontar para que cheguem, finalmente, por toda a Europa, Portugal incluído, as primeiras medidas de aligeiramento das restrições a que todos fomos sujeitos nas últimas semanas, devido à pandemia do Coronavírus.

No caso de Portugal e se tudo correr como até aqui, podemos entrar nesse novo ciclo, sem nunca termos passado pelas experiências mais dramáticas que tiveram lugar em Itália ou Espanha. Resta-nos agora perceber o que significará esta nova fase.

Não deixa de ser estranho que, em praticamente todos os países, se fale no mês de maio para esta espécie de regresso a alguma normalidade, quando se percebe que a pandemia chegou em momentos diferentes a cada um deles e que, portanto, também nesse caso o levantamento das medidas de restrições deveria replicar esse desfasamento temporal.

Sendo apontado no caso de Portugal, como um dos motivos por termos tido tão boa capacidade de reação ao fenómeno, o facto de termos tido mais tempo para reagir, dado o vírus ter cá chegado com semanas de atraso em relação a outros países da Europa, deveria, este pequeno detalhe, levar a que tivéssemos particular atenção no levantamento dessas medidas. Vamos ver se não deitamos fora o menino com a água do banho, na ânsia de estarmos agora, também, na linha da frente, dos que regressam ao "normal", em particular por isto ir acontecer na altura em que se aproximam os dias de sol e de calor, que tornarão muito difícil resistir às praias, esplanadas, e às noites que convidam a que fiquemos na rua até mais tarde.

Por outro lado, todos sabemos que esta situação não será sustentável por muito mais tempo, e que é preciso devolver às pessoas a possibilidade de voltarem ao trabalho, e de poderem ganhar a sua vida, garantindo que conseguem por comida na mesa, todos os dias. Isto é o mínimo. Mas seria bom não deixar que esta necessidade, que todos reconhecemos ser imperiosa, nos impedisse de perceber que o que é preciso não é regressar à "normalidade", mas sim recomeçar, para que se possa construir qualquer coisa nova.


Muitos empregos se vão perder, e muitas atividades dificilmente conseguirão regressar com a vitalidade que se lhe conhecia. Mas por mais dramático que isso possa parecer no imediato, porque implica sofrimento concreto na vida de muitas pessoas, esperemos que isso represente uma verdadeira mudança de paradigma que venha a ter como resultado, um estilo de vida mais sustentável para todos. Até porque, seguramente, novas atividades e oportunidades surgirão, como sempre acontece com as mudanças, por mais dramáticas que sejam.


Neste caso, o Algarve será um exemplo a ter em conta, na forma como irá ultrapassar os próximos meses e anos. Não há ninguém que não reconheça que a excessiva dependência que a região tem do Turismo, apesar desta ser a atividade que, nas últimas décadas,  tem garantido o sustento para uma enorme fatia da população residente no Algarve, é também a sua principal debilidade, como agora se veio a comprovar com a situação do COVID'19, que nos obrigará a ter que repensar como iremos sobreviver se nos próximos tempos ao ficarmos sem a receita que habitualmente tem origem naqueles que todos os anos nos visitam, dormem nos nossos hotéis, comem nos nossos restaurantes e consomem nos nossos estabelecimentos comerciais.


​Não será fácil é certo, mas pode ser a oportunidade de finalmente se fazer a transformação de que há tantos anos tanta gente fala.

Tem sido muitas vezes referido como, em alguns aspetos, esta pandemia terá efeitos semelhantes aos da devastação das duas grandes guerras, na sociedade europeia. E isto leva-me a um exemplo de mudança, pela qual se vinha a lutar antes desses dois momentos traumáticos, mas cuja evolução acabou por se dar de modo mais acelerado, precisamente por causa desses dois momentos trágicos da história europeia. Falo da presença da mulher no mercado de trabalho, e por consequência, a consolidação da sua trajetória de emancipação.

Não tivessem sido esses dois momentos em que os homens foram arrastados para as frentes de batalha e terem sido as mulheres a ter que assegurar os postos de trabalho que antes eram quase exclusivamente ocupados por eles, e provavelmente teríamos levado bastante mais tempo a perceber que o lugar das mulheres não era exclusivamente a cozinha e as lides domésticas e familiares.

Este será o momento para, mais do que estarmos preocupados em regressar à normalidade, nos dedicarmos a pensar um novo recomeço, a partir do que percebemos que, afinal, as coisas não estava a funcionar assim tão bem, a não ser para muito poucos. 

Por mais que nos custe a mudança que aí vem, no final #Vaificartudobem.

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