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Notas de uma quarentena improvável (2)

30/3/2020

4 Comments

 

O tempo das coisas bonitas

Por Anabela Afonso

Por aqui os dias correm rápidos, como se, apesar de tanto tempo em casa, deixássemos de ter tempo para tanta coisa que, afinal, se pode fazer a partir do recolhimento.

​Hoje quero falar das coisas bonitas que os tempos difíceis acabam por proporcionar. Não sei se porque se abre um espaço para acontecerem coisas novas, ou se porque as coisas sempre lá estivessem e só agora tivéssemos reparado nelas. Esta coisa de pararmos, de mudarmos de ritmo, de nos limitarmos a um curto espaço de deambulação, ao que parece também transforma o olhar, a escuta e o sentir. Talvez resulte daí esta sensação de que, apesar da angústia dos dias, há sempre qualquer coisa que vale a pena agradecer, em cada dia que passa.

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Uma dessas coisas, surpreendentemente, para mim, pelo menos, é o "espaço" digital. Essa outra dimensão que, para pessoas como eu, ou seja, aqueles que conhecem apenas o suficiente para o utilizar como meio de comunicação básica no trabalho ou com os amigos, de repente se está a revelar um importante meio de aproximação, de descoberta e de criatividade.

De aproximação porque, como bem sabemos, nos permite, apesar da distância, o contacto regular com os telefonemas, as várias aplicações com chat, as videochamadas, e as redes sociais que nos trazem os quotidianos dos nossos conhecidos para mais perto de nós. Tudo isso nos aproxima, e mais do que eu imaginaria possível.

De descoberta porque, não sei se convosco se passa o mesmo, mas ao fim de uns dias de isolamento, o telefonema habitual, o teclar mensagens nos grupos de amigos, deixam de ser suficientes e começa a parecer-me estar meio mundo a explorar um bocadinho mais as potencialidades destes poderosos meios que temos à mão (literalmente!). Dessa exploração resulta que cada vez dominamos melhor este mundo digital, mas também que, através dele, vamos descobrindo um pouco mais daqueles com quem interagimos.

De criatividade, porque a conjugação dos fatores, tempo, isolamento e meios digitais à distância de um simples toque, leva muitos de nós a revelar as mais extraordinárias formas de como passar os dias, e como ajudar os outros, sobretudo aqueles que estão mesmo sozinhos, a sentir que continuam acompanhados. E isso é um efeito extraordinário.


É assim que, para mim, a nossa relação com o digital (em particular com aqueles que lhe eram mais resistentes), será uma das grandes transformações que estes tempos nos trarão. E é também por isso que, hoje, a classifico com uma das coisas bonitas que estes dias me têm revelado.

Percebi que o nossos telemóveis e o nossos computadores são agora, também, uma grande sala de jantar onde reunimos os que queremos bem, são a esplanada onde ao final de uma sexta feira me nos juntamos com a(o)s amiga(o)s para um copo de vinho, descomprimindo assim de uma semana de trabalho (sim, porque o trabalho continua e isso servirá para outra nota, talvez), são espaços de delicada intimidade entre amigos que, nunca, como agora, partilharam tanto.

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O meu maracujá a florir. Uma das coisas bonitas que estes dias me deram.

Através do digital o mundo canta, dança, abraça-se, beija, chora, ri, e percebe que precisa mais do que nunca do calor do contacto físico, mas que até lá, pode ainda descobrir muitas outras formas de sentir e de estar próximo, e isso é uma coisa bonita.

Para nós, em particular, é também a confirmação de que a saudade é arte suprema de ser português. É a ausência a mostrar-nos como nos faz falta o outro. Como nos fazem falta os abraços, os beijos, o toque e o cheiro, a mesma medida em que percebemos que que não há distância que nos impeça de sentir o calor de uma amizade, e como mesmo longe, os amigos conseguem, sempre!, aquecer-nos o coração.

Para os mais cépticos, fica a prova de que, quando queremos muito, até dançamos juntos à distância: Danse à 5 confnement. Mais uma coisa bonita que me chegou hoje, enviada por quem está perto, apesar de longe. Mais uma a juntar às muitas coisas bonitas que me têm chegado nestes dias, e que me fazem acreditar que no final #VaiFicarTudoBem.


4 Comments
Gilberto Goncalves
31/3/2020 11:47:45

Realmente, desda escola, logo das primeiras vezes que te vi, vi que eras alguém muito especial.
Parabéns por seres uma pessoa linda, tanto por fora como por dentro!
E espero que não leves a mal, este desabafo espontâneo, mas agora, ao ver como escreves, não aguentei... e lá foi!!! 😉

Reply
Anabela Afonso
31/3/2020 16:36:21

Olá Gilberto.
É uma mensagem muito gentil, e se há coisa que precisamos agora é gentileza. Não teria como levar a mal. Muito obrigada por leres. Que tudo corra bem contigo e com os teus.

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Miguel
31/3/2020 13:09:17

"Por aqui os dias correm rápidos, como se, apesar de tanto tempo em casa, deixássemos de ter tempo para tanta coisa que, afinal, se pode fazer a partir do recolhimento" - exactamente, mesmo em reclusão acabamos por vezes por não ter tempo para tudo o que planeávamos fazer.
No fundo estamos a tirar o melhor partido possível dos instrumentos que temos e nesta era felizmente não são poucos e aliviam as ânsias e normais necessidades de contacto humano, somos seres sociais, e eu era - apesar de relativamente jovem - um resistente às mesmas, e continuarei a ser pós crise.
Continuo a achar que em situações normais promovem uma atomização das relações humanas, uma necessidade de gratificação imediata, dito isto ainda bem que existem, que continuam a melhorar-se e que nos facilitam a vida em tantos sentidos e ocasiões (como esta).
E em tempos onde qualquer canal de comunicação nos bombardeira com coisas...menos belas digamos, a beleza de um jantar familiar via skype ou de uma cavaqueira de amigos (ignorando o seu lado trágico) continua lá, de um vídeo de natureza em vez de um passeio, porque é algo que nos poderá ficar na memória, com sabor a menos certamente, mas sempre imensamente melhor que o nada, cumprimentos!!

Reply
Anabela Afonso
31/3/2020 16:38:38

Olá, mais uma vez, Miguel. Obrigada por ler e comentar. Devo dizer que também gosto muito do modo como escreve. Não deixe de nos ir dando o seu feed-back. Fique bem e até breve!

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