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NO ALGARVE, NÃO HÁ TURISMO A MAIS, HÁ É OUTROS SETORES A MENOS!

24/4/2017

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por João Fernandes
Como não poderia deixar de ser, junto-me à discussão do travão, da estrada e da vacina.
Democrata convicto, valorizo especialmente a diversidade de opiniões. Todo o exercício que contrarie a sentença “TINA” (There Is No Alternative), tão em vigor na Europa a propósito de tudo e de nada, é um contributo para a construção de novas soluções… Não liguem, ainda estou sobre o efeito Macron.
Dito isto, começo por congratular os meus colegas de pena Luís Coelho, Bruno Inácio e Gonçalo Gomes, que na passada semana escreveram interessantes artigos sobre o turismo: “É preciso colocar um travão no turismo - Lugar ao Sul”, “Não travem o turismo. Dêem-lhe uma boa estrada para ele chegar a um bom destino. - Lugar ao Sul “e “E uma vacina para o turismo? - Lugar ao Sul”. Como se poderá depreender pelo título que escolhi, discordo da premissa de base do Luís, mas saúdo a atitude crítica e estimuladora de reflexão.
A ideia do Turismo como o eucalipto que seca tudo à sua volta, do setor que atrofia toda e qualquer atividade que se desenvolva no mesmo território, esconde outras fragilidades.
É certo que o turismo no Algarve, à semelhança de outros destinos que despontaram na década de 60, se desenvolveu muito focado no Sol&Mar, com uma especial concentração da atividade no Verão e em áreas muito demarcadas junto à costa. Este grau de especialização teve os seus benefícios - a criação de uma imagem internacional que se traduziu num forte crescimento dos fluxos turísticos para a região - mas são também conhecidos os efeitos negativos, nomeadamente, ao nível da sazonalidade, da coesão territorial e do ordenamento do território.
As questões que seguidamente coloco são, propositadamente, provocatórias e até tendenciosas, na medida em que negligenciam impactos negativos vários ao nível da sustentabilidade ambiental, social e económica, causados por um modelo de turismo que já muito poucos defendem. De qualquer forma poderão servir de contraponto a alguns lugares comuns, a meu ver errados, sobre o real impacto do Turismo no Algarve.
É facto que no mesmo período em que o turismo crescia, setores como a agricultura, a pesca e a indústria sofreram um significativo enfraquecimento. Mas será que a responsabilidade do declínio de outros setores se deve especialmente ao desenvolvimento do turismo?
Será que foram os empregos “precários, sazonais e mal pagos” que afastaram a mão-de-obra dos outros setores?
Será que o facto de sermos visitados por milhões de turistas e excursionistas, com maior poder de compra que os residentes, nos dificultou a venda de bens e serviços produzidos na região?  
Será que os investimentos realizados com a receita do IVA Turístico, como a melhoria das infra-estruturas de saneamento básico que se realizaram no Algarve nos anos 70 (muito antes do resto do país), prejudicaram a qualidade de vida dos residentes ou as atividades económicas em torno do mar?
Será que um Aeroporto Internacional com fortes ligações aos maiores mercados de consumo, que ainda hoje é subaproveitado na sua vertente de transporte de carga, foi inibidor do desenvolvimento de uma indústria exportadora?...E o que dizer da “imparável dinâmica” do Porto Comercial de Faro?
E o abandono e a decadência de inúmeros edifícios nos centros das cidades, alguns deles património classificado, que agora são procurados para o turismo residencial ou para o alojamento local? Não poderiam ter antes sido objeto da nossa atenção?
Já agora, será que na cidade de Faro a culpa da proliferação de mamarrachos, quais baluartes da arquitetura, também se deve ao turismo? Prédios hediondos e altos no meio da cidade, fábricas abandonadas junto à Ria, depósitos de hidrocarbonetos e bairros da lata em zonas nobres… Para os mais distraídos, Faro, mesmo com o aumento da procura representa sensivelmente 2% das dormidas na região.
Será que os concelhos de maior procura turística, como Loulé e Albufeira (juntos representam cerca de 56% das dormidas na região) são os que apresentam hoje piores respostas sociais aos seus concidadãos?
Será que pagamos mais impostos e taxas por termos turismo? Ou será que o abate dos Programas de Apoio à Economia Local (PAEL), a que muitas autarquias do Algarve tiveram que recorrer para pagar divida contraída para investimento público (Escolas, Teatros, Mercados, Equipamentos Desportivos, estradas, fornecimento de água potável…), se fazem agora por via das receitas adicionais de IMI, IMT e Derrama com origem no Turismo?
Nesta facilidade de imputar ao turismo a causa de todas as nossas incapacidades, há pontos de partida que roçam a pós-verdade. Comparar os 2,9 milhões de hóspedes que o Algarve recebeu em 2016 com os 35 milhões de turistas que Barcelona acolhe por ano… é, como o próprio Luís Coelho explica, falar de cargas e de realidades do próprio território completamente distintas.
É bom lembrar que na hotelaria da região, no ano de maior procura de sempre (2016), a taxa anual de ocupação por quarto foi de apenas 64,9% (48,7% se considerarmos a Tx de ocupação por cama). Temos turistas a mais????????  
Como diria o Dr. Vitor Neto, ex-secretário de Estado do Turismo, Presidente da Associação Empresarial da Região do Algarve e Empresário na área da Agroindústria: “No Algarve, não há Turismo a mais, há é outros setores a menos!”.
Outro exemplo deslocado é o “efeito perverso do Alojamento Local (AL)” no arrendamento em Faro.  
Então vamos a factos: dos 18.853 registos de AL do Algarve (Registo Nacional de Turismo, 19 Abril 2017), apenas 251 são do concelho de Faro e destes apenas 119 se situam na freguesia Sé-São Pedro (23 estabelecimentos de hospedagem, 26 moradias e 70 apartamentos, correspondendo no total a 713 camas). Ora, só a Universidade do Algarve, com os seus muitíssimo bem-vindos alunos, professores e funcionários, em boa parte oriundos de outras regiões, representa uma pressão incomparavelmente superior sobre o mercado de arrendamento. O mesmo se pode dizer em relação ao efeito da presença temporária dos muitos (e ainda assim muito poucos) profissionais de saúde, justiça, segurança pública ou professores do Ministério da Educação. E então? Ficávamos melhor sem eles?????
E que tal apostarmos na requalificação urbana e em políticas municipais estruturadas de arrendamento?... Já estou a mesmo a imaginar quais as receitas que vão pagar estas políticas que há muito deveriam estar aplicadas…
 
Virando a página, que as provocações por si só não resolvem muito.
É hoje relativamente consensual entre os stakeholders do turismo regional que o Algarve tem que acelerar o processo de reposicionamento, através de novos fatores de competitividade. São também as novas exigências do consumidor que o ditam.
Atualmente, as orientações estratégicas para o setor estão focadas no desenvolvimento de um turismo sustentável, redutor das assimetrias regionais, promotor do bem-estar das populações e que salvaguarde a responsabilidade na utilização dos recursos naturais e patrimoniais.
Pela oportunidade de incorporar bens e serviços na sua cadeia de valor, o Turismo pode e deve ser um catalisador de outros setores. É também a oferta turística que beneficia com uma maior diversidade e capacidade de outros setores da economia regional, na medida em que se diferencia de outros destinos, sempre que um turista tenha a oportunidade de vivenciar o que é genuíno e o que carateriza a região.
Assim tem acontecido com os estímulos recentes à Gastronomia e Vinhos da região, como o atestam: a criação da Rota e do Guia dos Vinhos; as campanhas e os eventos de promoção da Cataplana, da Cavala e da gastronomia regional em geral; a formação de profissionais altamente qualificados em Cozinha, Pastelaria e Mesa&Bar, entre muitos outros.
Há também inúmeros projetos que reforçam e renovam a própria identidade da região, todos eles com um denominador comum - o investimento do Turismo. A Dieta Mediterrânica candidatada e reconhecida como Património Imaterial da Unesco; a nova candidatura dos Lugares da Globalização; o programa 365 Algarve; a criação de rotas turístico-culturais associadas ao património, história e tradições algarvias…
É também por via do turismo que se está a dinamizar o interior algarvio. Veja-se, a título de exemplo, o crescimento da procura fora da época alta motivado pelo Turismo de Natureza e o impacto que está a ter nos territórios de baixa densidade.
As apostas no Golfe, no Turismo Residencial, no Turismo Náutico, no Turismo Sénior, no Turismo Acessível, no Turismo Desportivo e nos Congressos e Incentivos são claros sinais de compromisso com a diversificação de produtos que visam captar não só turistas com outras motivações de visita, como gerar uma procura que permita atenuar a Sazonalidade.
Resumindo, não há que travar o turismo, há sim que reforçar o seu potencial de dinamização e de mudança de perfil da economia regional.
O Turismo não será, como aliás nenhum outro setor per si, a panaceia para todos os males, mas poderá e deverá constituir-se como uma alavanca para a diversificação da base económica da Algarve.
O QUE É MESMO PRECISO É ACELERAR O TURISMO SUSTENTÁVEL!
 

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