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Não travem o turismo. Dêem-lhe uma boa estrada para ele chegar a um bom destino.

19/4/2017

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Por Bruno Inácio

Ao turismo no Algarve, entalado entre a “gentrificação não urbana” e a sua importância económica, continua a lhe faltar o essencial: investimento público robusto na dimensão, consistente no tempo e estratégico na implementação.

Tenho seguido com atenção e interesse o debate que em Portugal se tem realizado sobre o excesso de turismo. Esse debate também chegou aqui ao Lugar ao Sul. Recomendo a leitura do texto do Gonçalo Duarte Gomes intitulado “A jactante modéstia de uma casa Algarvia” e o texto do Luís Coelho que em tom provocatório, assumido pelo autor, afirma titulando “É preciso colocar um travão no turismo”. Cada um ao seu jeito, com exemplos distintos, lá nos vai dando pistas sobre as vantagens da qualidade sobre a quantidade e ainda paralelos com outros casos cuja maturação está mais avançada.

Julgo que existe um outro lado do círculo que importa abordar e que procurarei lançar nas próximas linhas na esperança que a força da espuma dos dias me permita voltar ao tema com maior profundidade substantiva na próxima semana. 

​O outro lado do círculo prende-se com o investimento público, neste caso a falta dele, acompanhado pelo síndrome de “pai ausente”, sendo que neste caso o “pai” é mesmo o Estado que se “ausentou” da educação, do crescimento e do dia-a-dia do “filho”, neste caso o sector do turismo no Algarve. De resto, os responsáveis pelo sector na região já o clamam há muito tempo. E é esta ausência de investimento público, somada com a falta de noção da importância estratégia do sector, que nos poderá levar mais rapidamente ao fenómeno de gentrificação ao mesmo tempo que não nos trás o crescimento económico desejado.

Passo a explicar.

Durante as primeiras décadas da descoberta do turismo crescemos porque nos descobriram e consequentemente era necessário acolher esses tais “turistas”. E foi assim. Prédio após prédio, mamarracho após mamarracho. Posteriormente, na ressaca do boom turístico, chegou o discurso do “Algarve tal como o destruímos”. A cadência destes acontecimentos faz lembrar o jogo de tabuleiro Monopólio – fomos directamente da “Rua do Ouro” para a “prisão” sem direito a parar (para pensar) na “casa de partida”.

Com o discurso da “destruição” vieram de seguida os Planos. Não só os planos de desenvolvimento turístico mas também – e especialmente – os planos de ordenamento que as autarquias, sobretudo as autarquias, lá foram colocando em prática. Quero acreditar que houve alguma intenção de reverter alguns “cancros” urbanísticos dentro do que é possível reverter a partir de um bloco de cimento.

Com alguma regeneração e requalificação urbana, renovados espaços públicos, uma oferta mais qualificada, e acima de tudo com ligações aéreas mais regulares (para mais destinos e em maior quantidade) chegaram mais turistas. Adicionalmente, outros destinos concorrentes tornaram-se mais inseguros e nós, sem grande esforço e por consequência, mais seguros.

Tudo isto contribuiu para que record atrás de record, cada vez mais turistas nos visitem.

E no meio destas décadas (para não dizer: desde sempre), nunca o Estado central olhou para o Algarve com o olhar estratégico que um destino turístico de excelência merece. O Luís Coelho, no texto que referi no início, falou no caso de Barcelona. Por lá, a cidade cresceu turisticamente após um elevado investimento público naquele caso materializado pela realização de uns jogos olímpicos. Hoje a cidade debate o problema do “excesso” mas paralelamente também cresce economicamente.

O maior risco que corremos é passarmos de um destino turístico com capacidade de carga regular para um destino turístico gentrificado sem que sequer a região retire dai o benefício económico do processo turístico.
​
Mas atenção, não estou a defender que o ideal era gentrificar a região só para dai retirar o benefício económico. Pelo contrário, estou a defender que se exige investimento público em quantidade e qualidade que nos permita melhor estruturar a economia da região, potenciando o sector turístico com base na nossa identidade e com isso gerar valor acrescentado para outras actividades económicas. 
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