O Websummit 2018 contou com 70 000 participantes, um número capaz de fazer arregalar os olhos se pensarmos que nem sequer foram lá tocar os Pearl Jam ou os Guns N’ Roses (que me perdoe o NOS Alive e o Passeio Marítimo de Algés). Mas nós, malta da província outrora apelidada de Reino dos Algarves, temos de nos deslocar à Capital para conseguirmos fazer parte destas massificações, o impressionante aqui é tratar-se de um evento corporate e não de ócio e mesmo assim os números conseguirem ser superiores. Emotions in VR AR - Eric Darnell @Baobab Studios As expectativas são altíssimas, perante todo o social media à volta do evento e dos preços com valores superiores ao ordenado mínimo nacional. Diga-se de passagem, que também não é muito difícil. Não o facto de haver eventos que custem mais de 580€, e sim qualquer coisa que ultrapasse essa “amostra” de ordenado (mas isso ficará para outra semana). O Websummit é apelido do evento mais disruptivo (the new buzz word) de tecnologia da Europa, um evento que vendeu entradas entre os 700 e pouco e 1500€, ou seja, uma pechincha de 700 e picos se formos um “pássaro madrugador” (os chamados Early Birds, portanto) ou 1500 para os que deixam tudo para a última. Claro que ainda tivemos os bilhetes especiais entre os 4995€ e os 24 995€ para os “Executives and Chairperson”, que garantiam acesso a áreas restritas e contactos directos com os speakers. O primeiro contacto com o Websummit foi uma entrada para um registo algo caótico, em que foi literalmente necessário caminhar até ao extremo oposto da entrada para ir levantar a acreditação (tudo bem, se tivéssemos no Alentejo seria o equivalente ao “é logo ali”). Mas vejamos o resto do enquadramento: Novembro, Lisboa… e como seria de esperar o tempo não está propriamente convidativo para se andar na rua, eis que as coisas ficam ainda melhores (ou talvez não) e que a solução da organização passa por fazer um evento de abertura no Main Stage e quem chegou primeiro está safo, quem chegou depois tem direito a um ecrã gigante ao estilo Mundial de Futebol, mas em que se pagou os tais 700-1500 euros, não para ir ao “estádio da tecnologia” mas para ver um ecrã. Claramente que neste caso, no acto do registo ficou esquecido o belo do tremoço e da cerveja para o resto do pessoal que ficou fora do estádio. Tudo merece uma segunda oportunidade e na manhã seguinte qualquer semelhança entre uma linha de contagem de gado é uma mera coincidência! Segurança é essencial (imprescindível!!!), portanto as revistas à entrada são obrigatórias. Já os múltiplos scans e checkpoints eram desnecessários. Talvez os organizadores tivessem um “desejo estatístico” … Nós, o “gado drone”, tínhamos um desejo de ser tratados como pessoas e não ter de estar em filas para tudo e estarmos muitos mais “RESTful” e “microservidos”. Felizmente para entrar no WC não era necessário scan, apesar de até aí haver filas. Nem tudo é drama, e de que me posso queixar eu quando fui alvo de discriminação positiva e fiz parte da % de mulheres que teve bilhetes duplos a 85 euros (também este tema para outra semana), uma verdadeira pechincha e sem dúvida mais em conta que os bilhetes para o grande Hans Zimmer. Adiante, porque nem tudo é triste, nem tudo é Fado, e há que enaltecer o bom do maior evento Tech da Europa. O que valeu realmente a pena? 1200 oradores, 24 palcos em que destaco as talks sobre Inteligência Artificial, Machine and Deep Learning, Civitech e Healthtech, verdadeiramente inspiradoras. Folgo em saber que ainda controlamos as máquinas e que num futuro próximo não temos uma Skynet a incitar exterminadores contra a humanidade. Por outro é bom ter presente que podemos para breve ter carros e estradas mais seguras, operações em que os robots asseguram maior rigor na missão de salvar vidas e que na genialidade algumas pessoas podem realmente contribuir para um mundo melhor diminuindo a pegada humana através de soluções tecnológicas. Infelizmente com tantas palestras, pessoas e stands para visitar não tive a oportunidade de conhecer a Sofia, mas consta-me que tal como os humanos têm os seus momentos, também ela não estava num dia bom. Talvez tenha dormido mal justificando a lentidão e respostas pouco correctas. Isso, ou falhou a Internet, um dos dois, até porque eu nem sei se ela dorme ou fica só sem bateria. Conferência de Impressa com Sofia @YouTube Por outro lado, se analisarmos o evento enquanto empresa é possível justificar o tempo/investimento, basta existirem objectivos concretos traçados. Seja por procurarmos um Business Angel ou VC, parceiros ou puramente por questões de Marketing. Quiçá pretendemos recrutar, mudar de emprego, fazer networking, perceber as novas tendências ou simplesmente inteirar-nos do que a concorrência tem na manga. Seja como for, nesta envolvente Torre de Babel é verdadeiramente de salientar o facto do nosso “Algarve do Céu Azul” ter estado representado por algumas empresas da região, estando presentes a: #TurbineKreuzeberg, #Yourdata, #Brasfone, #Dengun, #MontionSphere, #Redux e provavelmente outras as quais não tive o prazer de saber/encontrar. Esperamos que, com o arranque do Algarve TechHub, no próximo ano e nos 9 seguintes, a representação regional tenha uma presença mais viva. Para aqueles que não trabalham no sector da tecnologia propriamente dito podem olhar para o evento como uma oportunidade de adquirir software, estarão certamente no sítio certo. Outra informação válida para o leitor é dar a conhecer a panóplia ou chamemos-lhe até universo de eventos durante o Websummit, oficiais e “extra” Websummit. O difícil realmente é escolher onde pretendemos estar estrategicamente e se precisamos mesmo dormir mais de 6 horas. A presente edição teve um tremendo foco nas Mulheres e a sua presença no Mundo da Tecnologia (Women In Tech), contando com a Portuguese Women in Tech. Fazendo um parêntese, e porque o Algarve não é só Turismo, também nós por cá estamos a começar a dar cartas nesta área: é caso para salientar que, não mais do que uma semana antes, Penelope Gonçalves uma Programadora da empresa #Contenserv, esteve nomeada para “Best Developer” nos Prémios Portuguese Women In Tech. E ainda que no próximo dia 23 de Novembro, as GeekGirls Portugal – Faro irão realizar o primeiro evento de Women in Tech no Algarve. Voltando ao tópico e a modo de conclusão, ir ou não ir ao Websummit, eis a questão? Pessoalmente diria que vale a pena ir, claro que com a esperança de mais bilhetes para Women in Tech, uma excelente promoção, ou de passarmos a ter um ordenado mínimo assim mais para o “Ibérico”. Constrangimentos organizacionais à parte, é um espaço que permite sem sombra de dúvida elucidarmo-nos sobre o que há de mais recente na tecnologia e qual o futuro que podemos vislumbrar, assim como ter a oportunidade de contactar com pessoas excepcionais e ouvir os melhores dos melhores. Os bilhetes para a edição de 2019 já se encontram à venda.
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