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NA ALMA ALGARVIA: O ENCONTRO COMO PATRMÓNIO

29/6/2017

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Dália Paulo convida António de Freitas  

O Lugar ao Sul iniciou em Dezembro a publicação de um conjunto de textos de autores convidados. Hoje cabe-me a mim fazer mais um convite. Convidei o padre António de Freitas, como voz ativa e atuante junto das populações, como um pensador que nos questiona e que contribui para derrubar barreiras e preconceitos, ajudando-nos a construir um Algarve mais tolerante. Estamos gratos pela colaboração e por tornar este Lugar ao Sul mais abrangente.

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Se há coisas (e há muitas certamente) que dão sentido à vida, enriquecendo-nos como seres humanos, uma delas é, sem sombra de dúvida, o encontro: encontrar quem amamos, encontrar os outros, encontrar o que desejamos; deixarmo-nos encontrar por quem nos quer descobrir, abrindo a nossa vida à tensão da hospitalidade de quem deseja abrir a sua existência ao outro, mas suspende-se esperando a sua reação; encontrarmo-nos a nós mesmo na trama da vida, às vezes tão dispersiva e caótica. Encontrar, encontrar-se, deixar-se encontrar…
O Algarve é, precisamente, essa terra de milenares encontros. Terra que nasce e se recria constantemente dos e com os encontros e reencontros – a História narra-o com clarividência. Tem sido nesta cultura de encontros que se vem lavrando e fazendo germinar o modo de ser do Algarve e das suas gentes. E tem sido nesta cultura de encontros que se vem rasgando sempre e de novo, entre ondas e tempestades, a esperança de novas eras para a nossa região. Civilizações, culturas, gentes, religiões encontraram-se aqui. Mas, sobretudo, encontraram no Algarve e nas suas gentes um espaço de encontro para si e entre si. Nós somos fruto destes encontros (nem sempre fáceis e nem sempre compreendidos), mas, antes de mais, temos sabido ser hábeis artífices de encontros: entre nós mesmo e com os demais. E é isso que faz também o mundo encantar-se há muito pelo Algarve que somos nós. Hoje (um hoje que já leva algumas décadas), o mundo, a que antes já tínhamos ido ao encontro, encontrou-nos e encontrou-se no Algarve.
Hoje, o mundo mudou muito e o Algarve também mudou bastante. Hoje, o mundo tem uma capacidade de compra e investimento nunca vista e o Algarve recriou um património imenso que pode vender a todo o mundo. Mas o encontro de alma abertura, daquilo que somos, com os que nos visitam não se mercantiliza: esse partilha-se, implica-nos, compromete-nos. Não é algo que se dá fora de nós mesmos, mas dá-se-lhes dando-nos.
Tenho tido a possibilidade de percorrer alguns países e nestes últimos dois anos vivi longe do Algarve. A verdade é que, sempre que regresso por breves períodos, experimento a beleza do encontro com as nossas gentes: o sorriso, o acolhimento, a hospitalidade, a partilha das coisas mais simples e mais essenciais da vida… sinto-me encontrado e encontro o que me faz sentir ser eu mesmo. O calor do sol sente-se nas relações, nos braços abertos, nas vidas recontadas e cúmplices. A brisa marítima sente-se no acolhimento, no aconchego, no sorriso que nos refresca e refaz a alma. Além disso, quem faz a experiência de viver fora e ouve falar do Algarve, por gentes que o visitou, orgulha-se de perceber que de entre muitas coisas, o que mais encantou foi o modo como acolhemos, a simpatia, o trato delicado, o tempo que foi dado e não apenas vendido, o conhecer alguém que até lhes abriu a porta de casa… é o encontro como património que não se vende, nem se mercantiliza nalgum pacote de férias, mas que vai na bagagem da vida e do coração dos que nos visitaram. Porque, afinal, como escreveu alguém, «Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós».
É este Algarve que eu amo e é este Algarve que espero reencontrar sempre: este Algarve com alma, a alma de uma gente que, criativamente, se faz encontro e onde o encontro, com o que se é, é o seu maior património que originou outros patrimónios e tesouros. Como afirmou há pouco tempo Doug Lansky, referindo-se às gentes de outro país: «Eles não tem todas as melhores praias do mundo ou o melhor clima do mundo. O que eles têm é a identidade […] Eles têm aquela atitude um pouco protecionista da sua identidade e as pessoas vão lá para estar perto isso».
Hoje, como nunca (e ainda bem), trata-se de dar a conhecer e explorar o património cultural, o património religioso, o património ecológico, o património arquitetónico, o património gastronómico, etc. Mas a base de tudo isto não será o património humano, isto é, a alma das gentes? Que os primeiros, no nosso caso algarvio, nunca apaguem este último. É preciso cuidar sempre do património humano que somos e da identidade que temos. É urgente passar e sensibilizar as gerações vindouras, porque como afirmou Pedro Crisólogo: «os que passaram viveram para nós, nós para os vindouros e ninguém para si».
O que temos para dar pode ser o ponto de partida. Contudo, o que somos para partilhar, na essência dos encontros, deve ser sempre o ponto de chegada.

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