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Morra a paisagem, morra! Pim!

4/5/2018

2 Comments

 
Por Gonçalo Duarte Gomes

​Basta PUM basta!!!

Uma geração que consente deixar-se representar por uma paisagem assim é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!

Abaixo a geração!

Morra a paisagem, morra! Pim!

Uma geração a cavalo de tal paisagem é um burro impotente!

Uma paisagem com uma geração assim ao leme é uma canoa em seco!

Esta paisagem é cigana!

Esta paisagem é meio cigana!

Esta paisagem será typical, será eco, será moda, será um manancial de chavões e aberrações, será tudo menos paisagem que é a única coisa que ela é!

Esta paisagem pesca tanto de paisagem que até faz hotéis no mar!

Esta paisagem é fruto de habilidades!

Esta paisagem constrói-se mal!

Esta paisagem usa materiais de segunda!

Esta paisagem especula e inocula os proxenetas!

Esta paisagem não é paisagem!

Morra a paisagem, morra! Pim!
Imagem
Este breve mas abusador exercício sobre o Manifesto Anti-Dantas, de Almada-Negreiros, vem a propósito da paisagem algarvia e de recentes notícias vindas a público, acerca de (mais um) novel atentado, prestes a contra ela ser cometido, juntando-se a tantos outros.

Ora, tal como Almada, à cabeça do grupo de Orpheu, sentiu necessidade de se insurgir contra uma intelectualidade de “cegos em terra de reis”, também aqui, não obstante a languidez atávica, vai fermentando um grito de revolta.

Não contra “ceroulas de malha” ou dramaturgia de qualidade duvidosa, mas antes contra a repetição sistemática de erros colossais em matéria de ordenamento do território e gestão da paisagem – vulgarmente conhecidos como cagadas.

Desta feita, e fazendo fé em notícia do Expresso, temos aí a estalar um novo empreendimento residencial, em Armação de Pêra, a... 30 metros da praia!

Pese embora tudo muito legal, é fácil de perceber que é incorrecto (ok, para algumas pessoas na Assembleia da República aceito que não seja assim tão imediato).

Primeiramente, pela incomodativa pequenez do pensamento, a confrangedora omissão de ambição, a aflitiva ausência de rasgo: porque não fazer logo a coisa dentro de água?

Assim ao menos calavam antecipadamente os críticos que venham com aquela treta, inventada pelos chineses, das alterações climáticas, e da subida do nível médio do mar, e das ondas grandes, e sabe-se lá mais o quê: dentro de água já estava! Para lhe dar uns requintes de malvadez, e valorizar a coisa também do ponto de vista da biodiversidade, era colocar umas bóias, daquelas em forma de flamingos pirosos. E no fim um néon, bem espampanante: “Chupem, ambientalistas!”.

Sei bem que são valiosas as pérolas que aqui vou ofertando, mas custa-me ver o pessoal a ficar aquém das possibilidades. É, por essas e por outras, que o País não vai a lado nenhum...
Descontarei o facto da coisa não ser nova, pois era processo que estava assim para o comatoso depois dos anteriores promotores terem sido atropelados pela crise, em 2008, quando até já teriam semeado algum betão – cultura arvense que é sabido medrar no Algarve como sarna em cão tinhoso.

Por isso mesmo, não obstante o renovado baptismo como Bayline (em inglês tudo soa mais refrescante, e a sonoridade da coisa propicia doces enganos, evocadores de “piquenas” voluptuosas em ousados fatos-de-banho vermelhos), a estrutura é démodé e alheada de um pensamento mais futurista.

Salva-se o facto das degredadas terras de Armação de Pêra serem evangelizadas com mais seis edifícios de cinco a seis pisos, que era coisa que lá faltava, albergando 255 “flats” e toda a sorte de mordomias. De nada, gentios!

E ainda vão ter, logo ali ao lado, na Lagoa dos Salgados, o tal do eco-resort/eco-coiso. Vão ter, que é como quem diz, porque vai ser do camandro mas não para o vosso bico. Ou melhor, até será para o bico de alguns, que aquelas eco-camas não se vão fazer sozinhas, e a eco-relva não se corta por obra e graça do Nosso Senhor.

Isto é que vai ser encher a barriga de desenvolvimento, seus malucos...

Fora de brincadeiras, neste ponto instalam-se sentimentos mistos.

É que, realmente, se é para avacalhar, concentrando todas as maleitas paisagísticas num só ponto, estilo aterro urbanístico, o sítio está bem escolhido. Não só apenas se estraga uma casa, como facilita a tarefa de limpar, se algum dia alguém decidir pôr ordem nesta bagunça.

Por outro lado, sabemos que, tal como uma doença venérea, este tipo de “pugresso”, à moda da betoneira, se não for alvo de uma profilaxia paisagística, espalha-se.

Enfim, fica-nos o consolo da algarvia bandalheira litoral ser democrática. Dela usufruem, em fraterna igualdade, ricos e pobres, legais e ilegais, sotaventinos e barlaventinos, em ilhas, ribeiras, lagoas ou arribas.

​Novamente adulterando a obra do Português Sem Mestre:
O Algarve inteiro ha-de abrir os olhos um dia – se é que a sua cegueira não é incuravel e então gritará commigo, a meu lado, a necessidade que o Algarve tem de ser qualquer coisa de asseiado!

​​Morra a paisagem, morra! Pim!
2 Comments
fernando santos pessoa
4/5/2018 22:12:15

Gosto do poema do Gonçalo, bem inspirado noutro grande poeta, mas bem adaptado à realidade paisagem. E pouco ou nada há a fazer, a descrença na possibilidade de paisagens equilibradas acentua-se...

Reply
Gonçalo Duarte Gomes
14/5/2018 14:16:46

Sim, as paisagens equilibradas tornam-se cada vez mais uma miragem, na medida exacta do crescente desequilíbrio da própria sociedade que as molda.
Resta alimentar a esperança que sempre reside no tremendo potencial de superação do Homem, para que nos surpreenda neste trajecto para já nada animador...

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