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Monte Gordo del Mar

10/2/2017

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Por Gonçalo Duarte Gomes

Todos os anos, ou perto disso, a peregrinação de estudantes portugueses rumo a Lloret del Mar é notícia.

Em busca do Santo Graal da bezana, da amizade instantânea, de um momento romântico em pleno live-show do processo de digestão do jantar de ontem, que alguém resolveu partilhar com o Mundo, ou simplesmente daquela foto épica de balconing, é ver a juventude rumar em massa à Catalunha, como gado para uma reunião de concertação socia… perdão, feira.

E todos os anos, ou perto disso, a coisa resulta em chatices porque a malta quando se junta em ambiente de festa (seja em que idade for) tende para o disparate, e os acidentes acontecem. Mas a solução para esta dor de cabeça começa a desenhar-se. E chama-se Monte Gordo del Mar!
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Provavelmente será exagero prometer a resolução desta preocupação para todos os pais que autorizam a ida da sua prole nestas “viagens de finalistas”. Mas há a possibilidade de mitigar ligeiramente a coisa, pelo menos ao nível da distância.

Isto porque Monte Gordo parece ter reactivado a sua já conhecida aposta numa frente de betão junto, e até sobre, as areias das suas praias, o que lhe conferirá um look muito Lloretiano ou até Torremoliniano. E é aqui que entra o génio desta jogada de marketing territorial, que contribuirá para continuar o Algarve na vanguarda da promoção da qualidade turística.

Como a partir da segunda bebida fluorescente, parecida com um recuerdo do caixote do lixo de Almaraz, todo o betão é pardo, e todos os idiomas são substituídos pela linguagem universal e corporal do amor, será canja vender Monte Gordo como o destino ideal para o descanso dos guerreiros estudantes. Rejubilam os pais, que vêm a petizada ficar mais perto, é benéfico para a balança comercial, já que os cobres que a miudagem ia gastar lá fora a encher a cara, passam antes a alimentar a economia nacional e indiferente para a malta jovem porque… bem, festa é festa, seja onde for.

E o futuro começa agora, ou vá, em breve, com a recente autorização para construção de um hotel mesmo no areal de Monte Gordo, num local onde actualmente se localizam infra-estruturas desportivas e de lazer!

Não é coisa inédita para aquelas bandas, dir-se-á. Em fórmula vencedora não se mexe, apoiarão outros. Uma aberração, contestam alguns.

Enfim, o progresso tem destas coisas.

Até há os que reclamam da possibilidade de novas torres de betão lhe virem a tirar a prazenteira vista mar de que actualmente disfrutam. Não sou de coisas, mas acho que há malta nas costas das actuais torres de betão que é capaz de concordar, mas mudando o alvo da zanga, talvez para os que agora temem iniciar o calvário de inapelavelmente ver as vergonhas do vizinho da frente, mergulhado em penumbra. Não sei porquê, mas veio-me à cabeça a expressão “Há sempre um peixe maior”…

Aborrecimentos visuais à parte, resta aquele incómodo de nos termos habituado a ouvir dizer (eu sempre convivi com muito hippies) que nas dunas não se constrói porque são zonas ecologicamente valiosas e sensíveis, dotadas de uma dinâmica com a qual a edificação não se coaduna (vêem o que estou a fazer?), e que a praia é de todos, e que devemos adoptar uma postura preventiva na ocupação de zonas litorais face ao quadro de cada vez mais, mais frequentes e mais intensos fenómenos climatéricos extremos.

Mas também para esse há resposta, já que Monte Gordo está no “lado B” da dinâmica costeira, ou seja, em vez de sofrer processos de erosão (recuo da linha de costa por remoção de sedimentos), tem vindo a beneficiar de processos de acreção (avanço da linha de costa por deposição de sedimentos). Ou seja, a praia tem crescido ao longo dos últimos anos, que, já dizia o Lavoisier, “a areia tem que ir para algum lado!” – esta citação provavelmente não é de fiar...

Pois bem, se o mar se afasta, toca a correr atrás dele, que o pessoal não vai para novo e a obesidade que por aí grassa recomenda poucas e curtas deslocações.

Sobre a legalidade da coisa não me sei pronunciar pois não tenho elementos suficientes, mas também, em caso de chatices, podem sempre tentar o mesmo enquadramento que recente foi consagrado nas ilhas-barreira da Ria Formosa, que o Sol quando nasce, é para todos. Autorizado parece que está, com a autarquia de Vila Real de Santo António provavelmente a bater palminhas ao som da doce música do tilintar dos carcanhóis.

Ainda assim, os tais detractores não desarmam com a história de que é um absurdo do ponto de vista do ordenamento do território, aumentar a carga sobre uma zona que deveria, em sentido contrário, estar a ser aliviada ou pelo menos mantida como está. Até porque, dizem, os ciclos da dinâmica costeira podem sempre inverter-se, bastando para o efeito haver uma intervenção desastrada algures a sotamar, que altere os padrões da deriva sedimentar.

Excessos de zelo, já que, se há coisa que não há em Portugal, são intervenções desastradas ou com falta de enquadramentos abrangentes.
​
Essa malta está é com falta de meter uma pulseira colorida no pulso e emborcar meia dúzia de long drinks com sombrero e preparar as hashtag das selfies… porque afinal de contas, ¡no passa nada, tios!
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