Por Bruno Inácio Tenho dificuldades em alinhar com aqueles que constantemente criticam os políticos por não cumprirem as suas promessas. Sabemos todos, os que estão mais envolvidos e os que estão menos envolvidos na coisa politica, que o ambiente eleitoral é propicio a passar mensagens que procuram dar a entender um rumo e que muitas vezes se confunde estratégias com acções concretas.
Não obstante de assim o considerar, a verdade é que em várias situações os políticos se colocam a jeito para aumentar o descrédito que por si recai. Dois exemplos recentes que se passam no Algarve são paradigmáticos. Na saúde O ministro da saúde, pouco tempo depois de tomar posse, em Março de 2016, veio ao Algarve dizer que queria, e cito «resolver a maioria dos problemas que estão identificados, no SNS do Algarve, até 31 de Maio» (Maio desse mesmo ano, leia-se). Ainda esta semana voltamos a assistir à divulgação de um conjunto de imagens que nos envergonham a todos e que nos revoltam. É pura demagogia dizer que a culpa deste problema é do governo (sendo ainda mais demagógico dizer que a culta é do governo anterior). A região tem um conjunto alargado de problemas na saúde que são estruturais e como tal exigem medidas de fundo estruturais para a sua resolução. No entanto, esta forma de estar do governante, que veio de peito aberto, sentindo-se iluminado, qual salvador da pátria, colocando um dead line à sua própria acção, e naturalmente não a cumprindo, só concorre para aumentar esta imagem desgastada que temos da classe politica. E agora, que necessitávamos de ter o Ministro da Saúde a propor medidas estruturantes, não temos. Nem Ministro, nem medidas. Na Via do Infante Recordo que quanto estive no Parlamento, era o governo liderado pelo PSD, tivemos o cuidado de afirmar o principio do utilizador-pagador sem que isso limitasse a nossa exigência de um olhar especial para o Algarve e a para a nossa Via do Infante. Nas eleições legislativas de 2015 também tivemos o cuidado de não especular e de não fazer demagogia com esta questão, procurando não entrar em promessas fáceis de abolição de portagens. Em total sentido oposto o partido que hoje lidera o governo produziu um compromisso com os Algarvios de reduzir em 50% o valor das portagens. Não o fez. Apenas fez o que o anterior governo já tinha feito, uma redução em 15% com a agravante que também já fez dois aumentos de valor, um no inicio de 2017 e outro no inicio deste ano. Este ano todas as classes de veículos (são 4) sofrem aumentos na Via do Infante. Palavra dada, palavra honrada? Não. Não foi honrada. No Algarve o Partido Socialista ganhou as eleições legislativas de 2015. Por 1%, mas ganhou. Não fosse esta demagogia, teria o resultado sido o mesmo? Não tenho nenhuma satisfação em sinalizar os casos acima descritos. Não é bom para a nossa democracia esta quebra constante de compromisso entre eleitos e eleitores. É necessário elevar o nível das discussões e colocar a verdade como premissa principal, por muito custo eleitoral que essa forma de estar acarrete. Espero, sinceramente, que caso um dia o meu partido, o PSD, volte ao poder, não me veja obrigado a escrever outro texto como este. Seria muito mau sinal.
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