Por Bruno Inácio Sebastiaan Bremer (Dutch, b. 1970). Jump Into the Fire, 2008. ©Sebastiaan Bremer/Courtesy of Edwynn Houk Gallery. Conulsa neste link Projecto megalómano. Foi assim que Lídia Jorge descreveu a necessidade do Algarve olhar para Sagres e o seu património material e imaterial. O contexto não era pejorativo como podem eventualmente pensar. O que a escritora nos quis transmitir é que existe ali um potencial tão grande, maior que a região e que o país, que merecia ser alvo de uma profunda intervenção e potenciação internacional. De resto foi esta a tónica do encontro que a editora Sul Sol e Sal e o Rotary Club de Faro levaram e efeito no passado dia 08 de Março em Faro sob o tema “O Algarve, Portugal e o Futuro – A cultura, perspectivas e desafios”.
Precisamos ganhar a mania das grandezas na nossa região. Não basta o discurso de que somos quem tem mais turistas de quem tem as melhores praias. Sim, tudo isso é importante e significativo mas o Algarve precisa que olhemos para a região com a vontade de concretizar ideias e projectos que nos extravasem, que vão para além da “coisinha” (com todo o respeito pelas “coisinhas”) e que consigam nos surpreender, pasmar e finalmente que exortem o nosso sentimento de orgulho por aquilo que é nosso. Não é pouco importante isto que vos escrevo. O Algarve vive neste contexto permanente de “wannabe”, em que suspiramos e elogiamos os que os outros lá fora fazem e parece que existe sempre qualquer coisa que nos impede de ser e fazer tão bom ou melhor. Parece que nos fixamos numa crise de meia-idade em que temos tudo para ser brilhantes mas nos falta um desbloqueador. Digo que não é pouco importante porque essa megalomania que precisamos seria a melhor arma para lutarmos contra um statu quo centralizador que se instalou em Portugal, que depois de centrar tudo em Lisboa ganha ares de bipolarização com duas grande metrópoles em Portugal a sugar tudo para si. Prova disso foi esta sessão referida no início deste texto. A tónica ambiciosa que me referia foi centrada em duas das convidadas, Lídia Jorge, a qual já fiz referência, e a Dália Paulo. Ambas pessoas do Algarve. O terceiro convidado, o ex-ministro da cultura João Soares, que já foi deputado pelo Algarve duas vezes, deu razão a tudo o que em tempos o saudoso pensador algarvio António Rosa Mendes disse para o descrever e que me abstenho de transcrever perante a sua genialidade. Do Algarvio, claro está. São pessoas como estas, o ex-ministro, que pensam que o Algarve está muito bem servido de uns teatro e como tal não precisamos de mais. Pior, ainda utilizam essa rede de infraestruturas para nos acusar de termos como fazer e de não o fazermos. Ou seja, de sermos incapazes. Vivemos nesta encruzilhada. Ainda por estes dias o Ministro do Ambiente veio ao Algarve dizer que tinha contabilizado 250 mil euros em prejuízo do temporal que nos assolou. Ora, só em Faro, as estimativas aponta para 7 milhões de prejuízos. É esta a forma que nos olham, o cuidado e o carinho que nos têm. É este pensamento bacoco que temos de combater com megalomanias. É esta forma de como nos olham que temos de combater com projectos diferenciadores. É este sentido de falta de coesão territorial que temos de romper com a nossa capacidade de irmos mais além. Por isso quando vejo qualquer responsável do Algarve a anunciar o que muitos podem achar uma megalomania, só tenho que me levantar e aplaudir de pé. Nota sobre outro tema A AMAL fez publica uma comunicação em que aprovou a intenção política de implementação de uma taxa turística na região. Só a CM Silves terá não concordado. Agora o processo passa para discussão municipal, nomeadamente para os executivos camarários numa primeira fase e para as assembleias municipais posteriormente. Aqui no Lugar ao Sul já tivemos essa discussão e já expressei a minha opinião pouco simpática para taxas deste género. Não posso no entanto ignorar o facto de a região ser permanentemente secundarizada e isso nos poder deixar sem alternativas para financiarmos as megalomanias que aqui defendo. Não querendo perder a coerência, este é um assunto que vale a pena debater.
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