Por Gonçalo Duarte Gomes Há dias assim. De plena satisfação, de alegria profunda, de beleza imensa e de partilha fraterna. Dias de Inverno que são, na verdade, Verão. Ontem foi um dia desses neste nosso Lugar. Um Lugar que é, em boa verdade, vosso. Porque este é um Lugar que se cumpre fora de si. Nos olhos que lêem. Nas ideias que fluem. Na reflexão que se gera. Porque é ideia, desdobrada em muitas outras ideias. Diversas, plurais, por vezes contraditórias. Mas concordante na orientação a Sul. Na orientação ao Algarve. É também um Lugar que olha para fora de si. E fora de si encontra outros que ali pertencem também. Outros de excelência. Como é o caso da Personalidade do Ano a Sul 2018, Júlio Resende, que ontem recebeu o prémio, numa cerimónia simples - como são as melhores coisas da vida - mas plena de alegria e emoção. Tentar falar da sua obra seria quase redundante, quando tantos já o fizeram, e com maior propriedade. Além de que a sua obra, ainda que sobejamente conhecida e criticamente aclamada, não chegaria para explicar o porquê da sua eleição. Porque as suas dimensões são múltiplas. Filósofo de formação, poeta de um coração tal que faz dele ortónimo de heterónimos alheios, pensador por vocação. Um pensamento que exprime não só através de música, mas também da palavra escrita. Para melhor o conhecermos, o seu Professor, Paulo Cunha, partilhou um emocionado testemunho. De memória, carinho e profunda amizade. Concluído com a profética certeza de que o melhor Júlio Resende está ainda para vir. Porque o futuro e a grandeza são em si desígnios. Mas Júlio Resende é também, simultaneamente, um misto de Chopin, Debussy e Skriabin, com um swing enérgico, reunidos numa alma profunda, como, entre muitas outras virtudes, o definiu o testemunho de outra amiga, e também antiga professora, Oxana Anikeeva. Ditosos mestres que originam alunos destes. A ambos, obrigado. No final, Júlio Resende, o Júlio, com a simplicidade e a generosidade dos grandes, em discurso directo. De palavra falada. E de música. Uma música que, enchendo o espaço mágico do Teatro Lethes, nos levou na corrente do mitológico rio homónimo e, como as suas místicas águas, apagou de nós quaisquer más lembranças, trocando-as pelo encantamento de cada nota. Notas que, como o próprio Júlio confessou, se fazem de Olhão, de gelados à beira-mar, do sortilégio de uma região que preenche a alma, e que transborda sob a forma de música. Por isso mesmo, quando, daqui por muitos anos, em tempo ou lugar indefinido, perto ou longe, regressarmos a este final de tarde que para sempre viverá em nós, suspenso nas notas que nos suspenderam e que nos embalaram, no limiar da emoção, estaremos a regressar ao Algarve. Ao Algarve de Júlio Resende. Mágico. Único. Belo. Porque nele do Inverno se faz Verão. E da Ria Formosa se faz música. O Lugar ao Sul agradece penhoradamente à ACTA - A Companhia de Teatro do Algarve, na pessoa do seu Director Artístico, Luís Vicente, e ao Município de Faro, na pessoa do Presidente da Câmara Municipal, Rogério Bacalhau, a cedência deste espaço perfeito. Agradece também ao nosso parceiro Sul Informação, pela presença e cobertura atenta. Finalmente, agradecemos a tantos e tantas amigos, amigas, admiradores e admiradoras do Júlio Resende, que com a sua presença e calor tornaram esta partilha ainda melhor. Muito obrigado. Créditos fotográficos/vídeo: Ana Gonçalves | André Botelheiro | Gonçalo Duarte Gomes
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