Por Bruno Inácio Eu também não. Pelo simples facto de que este não existe.
E sim, deveria existir um canal de televisão dedicado ao Algarve ou ao sul de Portugal. A criação de espaço público deve ser nos dias de hoje uma das nossas preocupações tendo em conta a dimensão e força que outras plataformas sociais ganham. Ter hoje um conjunto de pessoas e um conjunto de meios que nos fazem chegar informação fidedigna e que levem às grandes massas o debate e o contraditório é um imperativo das democracias ocidentais. De um ponto de vista territorial e da sua coesão, um canal televisivo dedicado às questões do sul seria uma óptimo instrumento de reforço da nossa identidade e de aumento do escrutínio público por parte da população para com os seus eleitos e o “seu” estado. O simples facto de conseguirmos promover lideranças, pela sua capacidade de liderança e não pelo seu poder económico, seria per si uma vitória importante. Vem esta questão a propósito de um texto que escrevi aqui no Lugar ao sul onde defendia um jornal diário no Algarve e depois de ter assistido a uma conferência da editora Sul Sol e Sal moderada por Rosa Veloso, a nova responsável da RTP no Algarve. Nesta conferência a jornalista defendia que os autarcas deveriam exigir a administração da RTP um centro de retransmissão (não sei se era exactamente este o nome, sendo que a ideia geral passava por uma maior capacidade da RTP ter meios para transmitir a partir de Faro) para o Algarve. A jornalista afirmou ainda que já tentou variadas vezes propor especialistas do Algarve para comentar diversas questões mas sem sucesso. Ora bem, o que o Algarve precisa não é uma RTP mais forte, o que no Algarve urge concretizar é um canal de televisão próprio, transmitido via cabo, que seja produzido no Algarve, por gente com conhecimento regional que, sem perder o seu lugar no país e no mundo, seja um potenciador da realidade local. Poderíamos percorrer o mundo e a Europa para referir centenas de exemplos de canais televisivos de base regional que servem o propósito que acima vos descrevi mas não precisamos ir mais longe do que o nosso próprio território. Em primeiro lugar a RTP Madeira e Açores que funcionam quase como um canal autónomo e com conteúdos próprios. A dimensão ultraperiférica dos dois arquipélagos é atenuada por conteúdos informativos próprios que estes dois canais produzem numa base diária. A norte, em 2006, surgiu o Porto Canal. Um bom exemplo de como a força de uma região, nomeadamente a Universidade do Porto, as empresas da região, as autarquias e um conjunto alargado de entidades, pode potenciar a criação de um espaço público mais amplo e democrático. Temos todas as condições para levar a efeito um projecto desta natureza. A RTP podia até assumir aqui um papel fundamental a ser um dos accionistas do projecto e potenciar a criação e lançamento do canal. Termino da mesma forma que o fiz com anterior artigo referido no início deste texto: Fica o desafio, o estímulo, o que entenderem chamar. Nem que seja, fica para memória futura.
3 Comments
Rogério Amorim
28/4/2018 23:16:57
Em 1986/87 Televisão Regional do Sul esteve no ar, com um protocolo assinado com a Câmara Municipal de Faro. Durante ano e meio mostramos que podíamos competir com a RTP, até porque usávamos os mesmos equipamentos que eles. O emissor avariou, outras televisões generalistas apareceram, e acabamos por nos sentir como o Don Quixote! No entanto, está em marcha para que esta televisão apareça, não em sinal aberto, mas através do ONLINE. A linha de programação irá ser a mesma, pois isso era o que os algarvios gostavam, e estiveram sempre connosco até ao fim.
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Nuno
13/7/2018 11:02:17
É possível hoje colocar o canal em todas as televisões do mundo através do IPTV. Havendo conteúdos, tudo se pode fazer e por custos ridículos. Gostaria de participar num projecto desses, as televisões regionais em streaming para todos, funciona em qualquer smart tv ou com uma android box.
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