Hoje tenho o enorme prazer de contar com o contributo de uma convidada muito especial, que vem demonstrar que essa patranha governamental de que a exploração de hidrocarbonetos é que pode levar o País (e, dentro dele, a região do Algarve) para a frente... não é bem assim! Rita Gonçalves, uma Odemirense a viver em Faro há 25 anos, é técnica de Informação, Internacionalização e Inovação, e trabalha há 15 anos no empreendedorismo e associativismo Algarvio, desempenhando o cargo de directora executiva da ANJE Algarve. Tem a palavra. Gonçalo Duarte Gomes Por Rita Gonçalves
No seguimento de uma conversa entre amigos sobre empresas e investimento privado coloca-se a questão se há investidores no Algarve para as aéreas de startups, techs, empresas de energias renováveis, mar, etc., respondi que sim, claro que há, e há empresas fantásticas no Algarve a querer crescer e a precisar de investimento, e sim há investimento disponível. Então o que está a falhar? Enquanto alguns “gastam” a palavra empreendedorismo, há de facto quem não a gaste enquanto palavra, mas sim a renove e reinvente enquanto acção prática e directa no universo do crescimento empresarial algarvio. Na realização diária que é a aventura de se tornar empresário, existe muitas vezes o apoio de excelentes técnicos e direcções de entidades que primam por criar soluções e apoios a quem a eles recorre, toda uma rede de entidades privadas, públicas, associações e autarquias e universidade. Todos trabalham para este bem comum, que é potenciar o crescimento no Algarve, no entanto há obstáculos comuns a todos, e enquanto a região não se pensar como um todo, em vez de uma linda manta de retalhos, há progressos e desenvolvimentos que não são conseguidos. É crucial não só o pensamento crítico, mas sim acções que se traduzam em realidades concretas para toda a sociedade a Sul. Uma delas, já há muito tempo identificada, é a criação de um parque tecnológico. Um parque pensado não só para a realidade que temos, mas para a que pretendemos alcançar e pensado para crescer. É neste crescimento que se promove e realiza o investimento. No decorrer da amálgama de percalços e corridas de obstáculos que caracterizam a vida empresarial, há uma situação tendencialmente comum, que é a necessidade de investimento, quer seja na fase inicial, quer na fase de crescimento da empresa. Esta pode tomar as formas comuns, tal como o recurso à banca e a projectos co-financiados, no entanto cada vez mais surge a necessidade e procura de financiamento privado, que aporta não só o capital necessário ao desenvolvimento inicial do projecto, mas também o conhecimento e contactos de players no seu sector de actividade. Este contributo é muitas vezes fundamental numa startup, que se encontra numa fase de alto risco tecnológico, de produto e de mercado. Numa época em que no mundo do investimento tudo parece estar centrado em demandas para encontrar Unicórnios, Dragões e “Coelhos”, ou criá-los. Unicórnio é uma startup com um elevado potencial de crescimento disruptivo e que num espaço curto de tempo, atinge uma avaliação de mil milhões de dólares, dada por empresas de capital de risco ou por investidores. O termo Unicórnio veio de um artigo da capitalista de risco Aileen Lee em Novembro de 2013. Dragão é um termo que indica uma empresa em fase inicial que recorreu a fundos de investimento e consegue devolver aos investidores o valor igual ou superior ao investimento por estes efectuado. São mais raras que os unicórnios. RABBIT (coelho) é o acrónimo de Real-Actual-Business-Building-Interesting-Tech, que designa startups tecnológicas que trazem negócios reais, baseados num crescimento sustentado e inteligente. As RABBIT crescem a um ritmo lento, mas constante. E é nestas últimas que se está a verificar um grande interesse também por parte de investidores mais cautelosos pois o retorno não tende a ser incerto. Pode o Algarve albergar e gerar estes “seres mitológicos”? Sim, claro que sim. Pode e deve, mas fora destas demandas existem outras empresas que embora não estejam a escalar de forma mitológica, estão a crescer de forma sustentada e que procuram um investimento fora de bolhas especulativas. Não se deve dizer que está a falhar, captar investidores não é um procedimento compartimentado e estanque, há todo um caminho de passos estruturados que é necessário para alcançar o fim proposto. Não só o empresário deve de ter um plano de negócio bem estruturado, como saber defender uma apresentação/pitch surpreendente, de forma a captar a atenção e interesse do investidor, não descurando que toda esta relação estabelece-se inicialmente não só pelo interesse financeiro de ambas as partes mas também pela empatia, reciprocidade e relação de confiança, quer com o empresário quer com a equipa. Os técnicos facilitadores que operam nestas áreas directamente, agem quase como “casamenteiros”, trabalhando não só as dificuldades técnicas e legais de desenvolver uma parceria como esta, mas também os entraves de soft skills, que possam surgir neste relacionamento sério. A maior dificuldade é encontrar o investidor certo para o negócio certo, aquele que a área lhe interesse e que possa aportar para a empresa não só a componente monetária mas também know how, contactos e promoção, entre outros. Por outro lado, há sempre o obstáculo da desconfiança por parte do empresário, que acha que o investidor lhe pretende tomar a empresa que ele construiu. Aqui compete desmistificar esta questão, já que um investidor (por norma) não pretende ser sócio maioritário nem adquirir a empresa. Quer investir, apoiar e, ao ter o seu retorno, sair. Para os empresários/empreendedores (Algarve, Baixo Alentejo e sul de Espanha) que pretendam investimento, e também para os investidores e Business Angels que procurem novos desafios, têm disponível o ESPOBAN - Rede de Business Angels Espanha – Portugal, que abriu a primeira convocatória para a capacitação de empreendedores e investidores da região do Algarve interessados em participar num programa de formação, consultoria e elaboração de planos de negócio de projectos empreendedores. Esta convocatória encontra-se aberta até dia 15 de Julho e permitirá aos participantes, mais tarde, fazer parte do Fórum de Investimento. É um projecto que visa facilitar o acesso das empresas e dos empreendedores das regiões do Algarve, Alentejo e Andaluzia ao investimento privado. Mais informação aqui: http://espoban.eu. Para um contacto directo com investidores, existem no Algarve Entidades Veículo de Business Angels, cuja actividade de investimento nas PME, equiparável à dos operadores de capital de risco, tem co-financiamento do FC&QC. Em áreas sectoriais tais como: Biotecnologia, Economia do Mar, Ambiente (Indústria, Serviços e Gestão), Eficiência Energética, Ambiente (Indústria, Serviços e Gestão), Indústria 4.0, entre outros. Contactos através do IAPMEI. Com ou sem seres mitológicos (por enquanto) o Algarve tem as condições positivas e vontades para melhorar, quer na captação de investidores privados, quer na promoção e desenvolvimento de empresas de especialização tecnológica e outras que tragam valor acrescentado e uma maior diversificação da economia regional.
1 Comment
Maria
16/10/2018 13:12:31
* VOCÊ GOSTA DE UM EMPRÉSTIMO PARA INVESTIR *
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