Paulo Pereira volta novamente a escrever a Sul apresentando um texto sobre temas fundamentais para o nosso futuro colectivo: inovação, empreendedorismo e regionalização. É, pois, material de Lugar ao Sul. Nota Biográfica Paulo Jorge Teixeira Pereira, esperou pela inauguração da ponte sobre o Tejo para ir nascer a Lisboa em novembro de 1966. É licenciado em Gestão Financeira pela ESGHT e Pós-graduado em Finanças Empresariais pela FE-UALG. Depois de várias colaborações na imprensa regional, viria a ser representante do Semanário Económico na Região até à sua passagem a diário. Há cerca de 25 anos que trabalha como consultor de empresas, tendo-se especializado na área dos apoios e incentivos ao investimento, incluindo ainda duas passagens por funções públicas em Vila Real de S. António e Portimão. Fez parte da Comissão Fiscal da Câmara de Comércio e Industria de Portugal e integra os orgãos sociais da BICS - Associação dos Centros de Empresa e Inovação Portugueses. Foi fundador e ainda é dirigente da Algarve Film Commission. Quanto tinha tempo livre ia ao cinema e dedicava-se à fotografia. Sempre que tem oportunidade, viaja em família. E, claro, é adepto do único clube desportivo nacional que tem um nome que se compreende em qualquer parte do mundo: SPORTING !!!! Por Paulo Pereira Os indicadores económicos do primeiro semestre de 2017, dificilmente poderiam ser melhores: o PIB está a crescer 2,8%, empurrado pelas receitas do turismo (+17,5% no Algarve) e pelas vendas imobiliárias (+30%). De facto, a economia está a crescer quase 3%, mas convém não esquecer que está ainda a recuperar de vários anos de “crescimento” negativo. Vistas bem as coisas, o PIB de 2016 estava ao nível de 2010 e os hoteleiros estão ainda a recuperar níveis de rendimento perdidos nos últimos 10 anos. Seria interessante aproveitar o momento, para desenvolver uma estratégia regional integrada de dinamização económica com um modelo de gestão que permitisse acompanhar a dinâmica do mercado. Gostaria de ver a região a pensar em formas de consolidar e potenciar o momento positivo que está a viver. Semanas atrás, Hugo Barros e Cristiano Cabrita escreviam no “Lugar ao Sul” sobre inovação, empreendedorismo e regionalização, dois temas que nem sempre se cruzam mas que, do meu ponto de vista, deveriam estar na ordem do dia de quem se preocupa ou tem responsabilidades sobre a dinâmica económica da Região. Dias depois, o João Fernandes escrevia sobre as boas contas apresentadas pelo INE, que anunciou 2,8% de crescimento do PIB no segundo trimestre deste ano. Este indicador junta-se a outros sinais positivos que assinalam ventos favoráveis para a economia da Região e do País: aumento de 17,5% nas receitas do turismo no Algarve (https://goo.gl/EA4k7z) e 30% nas vendas imobiliárias a nível nacional nos primeiros seis meses do ano (https://goo.gl/LJrfPn ). Como o Hugo Barros referia, “é inequívoca a importância da existência de políticas de inovação e apoio ao empreendedorismo, que estimulem os territórios a valorizar o conhecimento, a criar emprego qualificado, a gerar riqueza, a reter massa crítica relevante”. Há mais de 20 anos que a região assiste a várias iniciativas de apoio ao empreendedorismo e à inovação: desde a criação da Globalgarve e do BIC em 1995, estruturas entretanto desativadas, passando por dezenas de outras iniciativas públicas (i.e concursos de ideias do CRIA), o Eurogabinete da CCDR (atual Euro Info Centre), ou as dinâmicas geradas pelo NERA (primeiro centro de exposições da região), pela ANJE (ninho de empresas) e pelo IEFP (CACE de Loulé). Algumas Câmaras (i.e. Loulé, Aljezur, Olhão, Tavira e Vila Real de S. António) criaram gabinetes de apoio ao empresário ou zonas industriais com diferentes modelos de incentivo à fixação de empresas. Associações como a Odiana, ou os GAL (In Loco, Baixo Guadiana e Vicentina) e os GAC (Sotavento e Barlavento), contribuem para a dinamização da economia ao nível dos respetivos territórios. Pelo caminho ficaram projetos como o Pólo Tecnológico, enredado em indefinições e burocracias. Mais recentemente, no final de 2014, a Direção Regional de Economia foi extinta e as suas competências distribuídas por vários Organismos. No balanço entre criação e descontinuação de entidades, a região conta hoje com um sistema de organismos públicos que repartem entre si competências de licenciamento, dinamização e financiamento da economia e das empresas: No início de agosto, Cristiano Cabrita escrevia sobre regionalização, a propósito das sucessivas promessas dos sucessivos governos com ofertas de descentralização para as autarquias. Seja lá o que fôr que decidam transferir para a competência das autarquias, atrevo-me a dizer que será sempre positivo. Por princípio, quem está mais perto dos problemas é capaz de gerir melhor: há menos gente a mandar, menos entropia e menos burocracia.
Dito isto, afinal, como é que empreendedorismo e inovação rimam com regionalização ? Como se viu atrás, os últimos tempos têm sido particularmente positivos, com o turismo a puxar pela economia regional e a permitir às empresas do setor recuperar os níveis de rendimento perdidos nos últimos 10 anos. A atividade imobiliária também está em clara retoma o que, além dos proveitos diretos para os operadores privados do setor, representa boas notícias para os autarcas, com mais receitas de IMI e IMT a entrar nos cofres dos municípios. O turismo e a imobiliária são, como se sabe, duas atividades com um elevado grau de dependência dos mercados externos: - Mais de 75% do alojamento hoteleiro depende dos turistas estrangeiros (https://goo.gl/qMcdEy); - Mais de 65% das transações imobiliárias resultam de capitais estrangeiros (https://goo.gl/bQFDHG). Seria importante discutir as melhores formas de consolidar o crescimento que estas atividades têm estado a induzir na economia regional. Afinal, convém não esquecer que a economia nacional está a crescer quase 3% mas está ainda a recuperar de alguns anos de “crescimento” negativo: o PIB no final de 2016 estava num valor próximo do que se registava no final de 2010. A inovação pode começar por aí: sendo que o mais comum é ver os dirigentes empresarias a reclamar a concertação de estratégias com os responsáveis públicos quando há problemas para resolver, seria um bom principio aproveitar estes momentos favoráveis para pensar o futuro de forma tranquila, sem a pressão de ter que encontrar soluções para ontem. Acredito que o futuro da economia do Algarve está seriamente dependente da dinâmica de empreendedorismo e inovação que seja criada na região. E para que isso funcione, é desejável que os vários organismos presentes na região se organizem e assumam competências e poderes para gerir, avaliar e decidir de forma integral, sem ter que estar dependentes de pareceres emanados de Lisboa ou do Porto. A dinamização das empresas, a promoção e o incentivo ao investimento em empreendedorismo e inovação, faz-se com iniciativa, organização e recursos financeiros. Iniciativas não têm faltado, embora dispersas e, se me permitem, aparentemente pouco consistentes, ficando a sensação de que não existe um plano integrado e estruturado envolvendo todas as entidades com responsabilidades na área. Os recursos financeiros, esses, são sempre escassos. Por isso, o que se pede é uma boa estratégia, organização e gestão inteligente. Nota: não faço a minima ideia se este texto respeita o velho ou o novo acordo ortográfico. Aliás, nem sei se está em vigor. Lembro-me de ter lido em qualquer sitio que alguns países não tinham ratificado o Acordo.
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