Por Bruno Inácio “Peguem, por favor, num papel e escrevam o seguinte. Vá lá, peguem no papel. Já está? Então façam o favor de escrever com letras grandes e gordas: EU VOU DISCORDAR.” Foi desta forma que, no passado sábado de manhã, em Faro, desafiei cerca de meia centena de jovens a encarar as “aulas” que iam ter nas 24 horas seguintes.
Tratava-se de uma academia de formação política em que um conjunto de jovens (e alguns menos jovens) tiveram a oportunidade de ouvir as intervenções, em género de aula, de pessoas tão diferentes como o ex-candidato a Presidente da República, António Sampaio da Nóvoa, o jornalista e comentador, Miguel Sousa Tavares, o ex-presidente do PSD e comentador, Marques Mendes, o ex-Secretário de Estado do Turismo e Deputado, Adolfo Mesquita Nunes, o ex-Bastonário da Ordem do Médicos, José Manuel Silva, o Presidente do Conselho de Administração do Hospital Santa Maria, Carlos Martins, o Presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, Luís Gomes… e mais meia dúzia de figuras públicas do Algarve e do País. Arrisco-me a dizer que foi porventura o melhor painel de debate público que a região assistiu nos últimos tempos concentrado em dois dias bastante intensos. Convidaram-me para apadrinhar a iniciativa em conjunto com a Deputada Joana Barata Lopes. Não sabendo muito bem como se “apadrinha” uma formação política, achei por bem agitar (na medida das minhas capacidades) as mentes e pedir, como que por decreto, que fosse o que fosse que ouvissem nas “aulas”, encontrassem sempre algo para discordar. Fi-lo com a consciência de quem, como muitos de nós, acaba muitas vezes por ser inundado por um conjunto de opiniões publicadas, opiniões formuladas e notícias retraçadas. Nunca como antes tivemos acesso a tanta informação e de forma tão fácil. E nunca como antes tivemos tão pouca opinião própria fundamentada e reflectida sobre as mais diversas questões. Somos muito (e faço questão de me incluir) dados a absorver o efeito sem perceber a causa. Somos muito dados a tomar por certo o que ouvimos na televisão, nos jornais, na radio e na internet, sem colocarmos em causa o que nos está a ser dito. E pior que tudo isto é que (tendência recente) somos facilmente capturados para a defesa de posições que tem por base não pós-verdades ou factos alternativo ou até mesmo erros de percepção mútua (que já era mau), mas puras mentiras. Foi nesse contexto que pedi àqueles jovens que se esforçassem a discordar. Que por muito interessantes que fossem as intervenções (e foram), por muito conteúdo que tivessem (e tiveram), por muito que sentissem que aquela era a sua opinião também, que discordassem. A formação de opinião própria é hoje um exercício complexo que exige de nossa parte a capacidade de joeirar o trigo do joio sobre o que é e não é verdade. Mas só assim, criando uma malha mais fina e ouvindo o/ou os contraditórios podemos ter mais e melhor opinião. Foi também por querermos dar o nosso contributo – desta feita a Sul - que nasceu este Lugar ao Sul. Sem preconceitos ideológicos e sem pretensiosismo saloios sobre verdades absolutas, julgo que temos dado a nossa contribuição para o debate na nossa região. Termino sublinhado o papel que o Carlos Gouveia Martins, presidente da JSD Algarve, tem tido na organização destas iniciativas. A sua capacidade de atracão de um largo leque de convidados, com amplitudes políticas e de opiniões tão grandes, é um contributo importante que ele e a organização que ele lidera, dão a toda a região.
0 Comments
Leave a Reply. |
Visite-nos no
Categorias
All
Arquivo
October 2021
Parceiro
|