Lugar ao Sul
  • Sobre nós
  • Autores
  • Convidados
  • Personalidade do Ano a Sul
    • Personalidade de 2017
  • Contactos
  • Sobre nós
  • Autores
  • Convidados
  • Personalidade do Ano a Sul
    • Personalidade de 2017
  • Contactos

Bem-vindo

Estratégia nacional 2020/2030: duas preocupações para o Algarve

23/1/2018

0 Comments

 
Por Luís Coelho.

No passado dia 12/01/2018, António Costa esteve em Faro para questionar o nosso Conselho Regional sobre as prioridades do Algarve para o período entre 2020 e 2030. Esta súbita preocupação para com a Região nasce da necessidade que o governo tem em preparar um difícil dossier: a negociação com Bruxelas sobre o próximo quadro comunitário de apoio. Pelo que é dado a conhecer pela comunicação social, os presentes elencaram um conjunto de questões que passam, essencialmente, pelos temas da mobilidade, das infraestruturas e da qualificação do pessoal, nomeadamente aquele que está afecto ao sector do turismo. Falou-se, também, da necessidade de valorizar os produtos do mar, as produções endógenas da região, assim como o seu artesanato e restantes traços culturais. Assuntos pacíficos com os quais a maioria dos algarvios seguramente se revê. No entanto, para mim, estes temas ficam aquém do que deveria preocupar a região no longo-prazo.
Passo a explicar. Para mim, a questão central para o nosso futuro colectivo prende-se com os efeitos resultantes das alterações climáticas. Quem se interessa pelo tema não pode negar que as condições naturais oferecidas pelo nosso Planeta estão a mudar muito rapidamente. Independente das razões para que tal aconteça, a verdade é que a forma como estamos habituados a viver está neste momento em causa. Dentro deste tema imenso, há pelo menos dois aspectos que deveriam preocupar a região do Algarve. O primeiro, mais imediato, é a falta de água. A este propósito valerá a pena recuperar o que disse o Eng.º Fernando Severino, Director Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAP) ao Sul Informação, em Novembro de 2017 “A única coisa que me poderia tranquilizar era se chovesse de forma substancial e normal. Sem ser isso, nada me vai deixar descansado” (ver aqui: http://www.sulinformacao.pt/2017/11/barragens-bem-compostas-deixam-quase-todos-tranquilos-no-algarve-apesar-da-seca/). Ora, parece que a mãe natureza teima em não descansar o Sr. Director da DRAP, pois a chuva parece ser um fenómeno cada vez mais raro cá por estes lados. O segundo tema é mais mediato e prende-se com a elevação do nível médio do mar. Apesar de alguma controvérsia à mistura, uma parte significativa da comunidade científica parece convencida de que o ritmo a que o mar está a subir é dramaticamente superior a tudo o que já experienciámos na vida do Planeta (ver aqui: http://www.pnas.org/content/113/11/E1434). Assim, neste momento, antecipa-se que o mar possa subir entre 50 e 130 cm até 2100 (ver aqui: http://www.pnas.org/content/113/10/2597). Este é um aspecto decisivo para o futuro do Algarve. De facto, como sabemos, nos últimos tempos tem-se assistido a uma litoralização da região que ditou que uma parte significativa da população viva a escassos metros do mar. Experimentem simular o que acontece à nossa faixa costeira com um aumento de 130 cm do nível do mar aqui: http://www.floodmap.net. É simplesmente aterrador para a ria formosa (i.e., Faro e Olhão), Quarteira, Vila Real de Santo António e Portimão, isto para citar apenas os casos mais graves.
A combinação da escassez de água com o aumento do nível médio do mar configura um cenário complicado para o Algarve, pois o mesmo coloca em causa a nossa capacidade para cá viver. Curiosamente (ou não), não vejo estas preocupações vertidas nos discursos de quem pensa a Região. Haverá, eventualmente, uma explicação simples para tal fenómeno. Os ciclos políticos (e de resto, a vida humana), são demasiado efémeros para que as verdadeiras questões estruturais façam parte das cogitações imediatas de quem nos “governa”. É bem mais fácil tratar de uma estrada ou dar uns cursos de formação profissional do que pensar e investir em soluções que só terão impacto real sobre a vida das populações daqui a algumas décadas. Percebo isto e também me parece que será lógico tratar primeiro do emergente, deixando o acessório para depois. Há, no entanto, um problema com esta abordagem. Quando se troca o longo pelo curto-prazo hipotecamos o futuro. De facto, regra geral, as soluções para problemas estruturais requerem estudo, planeamento e execução cuidada. Tudo isto leva tempo. Muito tempo (especialmente no nosso País). Assim, o tempo de agir é hoje. Só desta forma poderemos cultivar uma esperança de que os nossos filhos e netos terão a oportunidade de desfrutar da nossa bela Região tal como nós a conhecemos.
0 Comments



Leave a Reply.

    Visite-nos no
    Imagem

    Categorias

    All
    Anabela Afonso
    Ana Gonçalves
    André Botelheiro
    Andreia Fidalgo
    Bruno Inácio
    Cristiano Cabrita
    Dália Paulo
    Dinis Faísca
    Filomena Sintra
    Gonçalo Duarte Gomes
    Hugo Barros
    Joana Cabrita Martins
    João Fernandes
    Luísa Salazar
    Luís Coelho
    Patrícia De Jesus Palma
    Paulo Patrocínio Reis
    Pedro Pimpatildeo
    Sara Fernandes
    Sara Luz
    Vanessa Nascimento

    Arquivo

    October 2021
    September 2021
    July 2021
    June 2021
    May 2021
    April 2021
    March 2021
    February 2021
    January 2021
    December 2020
    November 2020
    October 2020
    September 2020
    August 2020
    July 2020
    June 2020
    May 2020
    April 2020
    March 2020
    February 2020
    January 2020
    December 2019
    November 2019
    October 2019
    September 2019
    August 2019
    July 2019
    June 2019
    May 2019
    April 2019
    March 2019
    February 2019
    January 2019
    December 2018
    November 2018
    October 2018
    September 2018
    August 2018
    July 2018
    June 2018
    May 2018
    April 2018
    March 2018
    February 2018
    January 2018
    December 2017
    November 2017
    October 2017
    September 2017
    August 2017
    July 2017
    June 2017
    May 2017
    April 2017
    March 2017
    February 2017
    January 2017
    December 2016
    November 2016
    October 2016
    September 2016

    RSS Feed

    Parceiro
    Imagem
    Proudly powered by 
    Epopeia Brands™ |​ 
    Make It Happen
Powered by Create your own unique website with customizable templates.