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Em tempo de férias e de feiras do  livro...                                                   “Visita Guiada ao ofício do Ator: um método” de António Branco

27/7/2017

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Por Dália Paulo

Nos meses de verão um pouco por todo o Algarve há feiras do livro, e, por outro lado, temos mais tempo para o prazer da leitura nos dias de férias. Por isso resolvi dedicar este apontamento ao livro Visita Guiada ao ofício do Ator: um método de António Branco.

Proponho partilhar a minha visita guiada à obra, porque como Manuela de Freitas nos interpela no posfácio “há mais coisas para além do que se mostra” e que a visita depende “sempre do guia”. Mais do que um livro sobre um método, eu diria que é um livro sobre opções de vida, sobre ética e sobre política. Um livro escrito por um professor, um ator, um homem implicado com o seu tempo, que revela uma profunda generosidade na partilha de um método. Um livro de memória futura e de agradecimento à mestre - Manuela de Freitas, situando-nos a sua atuação numa longa duração. Um livro de novidade mas com a profunda humildade de valorizar os que contribuíram para que hoje este seu método seja uma realidade. Uma obra que nos mostra um autor profundamente Humanista, de uma entrega à vida e de gratidão para com os outros.

Nas palavras de José Trindade dos Santos, que realiza o prefácio, começamos a sentir o que vai ser a leitura do livro com perguntas como “Como pode a minha autenticidade tolerar a intrusão da diferença?”. Esta questão essencial – a da autenticidade - é o tema central do livro, a mesma é aqui entendida como “expressão explícita da verdade individual, sem a descoberta da qual, na tradição em que me revejo (…) o contrato teatral não se cumpre”. São duas maneiras de fazer teatro, de ser ator e de estar implicado na vida, no fundo dois modos de vida que têm como base uma opção ética e estética.

Na linhagem em que o autor se insere fui, ao longo do livro, revisitando as minhas referências pessoais, quando se cita a carta de Shchepkin a uma jovem atriz que diz “para essa pessoa tudo o que interessa ao homem lhe importa” imediatamente me veio à memória a frase de André Malraux no livro Museu Imaginário (um clássico de 1947) quando afirma “o museu é um dos locais que nos proporciona a mais elevada ideia do homem”, posso dizer que esta linha comum ao livro e ao ser museólogo (que sou) me acompanhou em toda a leitura. Até porque o conceito de autenticidade é, igualmente, um conceito muito caro aos museólogos e historiadores, para nós este está definido na Carta de Cracóvia (2000) como “o somatório das características substanciais, historicamente provadas, desde o estado original até à situação actual, como resultado das várias transformações que ocorreram no tempo.” E este método assente na autenticidade que António Branco nos ensina também ele se baseia num somatório de características e nas suas transformações que ocorrem no tempo, o tempo longo desta linha da autenticidade é uma marca que o autor nos quer mostrar e vincar em toda a obra.

Continuando na visita guiada à obra, uma frase que não nos deixa indiferentes “A criação artística não se compadece com consensos e conciliações (…) é na radicalidade das escolhas éticas, estéticas e técnicas do artista (…) que assenta a possibilidade de criação” mais importante quando estamos perante um método para estudantes de teatro não atores.

Há dois conceitos ainda não abordados e que se relacionam com a terceira parte deste livro e com a experiência desenvolvida pelo grupo de teatro A PESTE: comunidade e cidadania, ou seja “o teatro como partilha comunitária e prática cívica em benefício da comunidade”. Um grupo que nasce a partir da Academia, pelo que se impõe recorrer a Steiner “Ensinar com seriedade é lidar no que existe de mais vital num ser humano” e isso percebe-se na seriedade do autor, quer ao longo do livro quer acompanhando o seu trabalho d’A PESTE.

Uma ideia forte que António Branco passa em todo o livro “fazer teatro desse modo é escolher um modo de estar na vida” e o “teatro como instrumento de análise da sociedade”, dando a conhecer um método implicado com o seu tempo, de questionamento, de partilha, de autenticidade, de fazedores de teatro, de coletivo. Tudo isto nos vai sendo contado na longa duração da linhagem e, depois, no pormenor do hoje, da prática em contexto académico e na prática de um grupo teatral, que ao fazer uma peça está a “apresentar um testemunho comprometido com a realidade”.

Quero terminar com uma citação de Steiner, incluída na obra, que diz “Os mais afortunados entre nós conheceram Mestres genuínos” e creio que posso afirmar, sem ter sido aluna (no sentido formal do termo) de António Branco que estamos perante um professor excecional e um mestre genuíno e que somos mais felizes por isso.

Boas leituras e boas férias!

 
 
 
 
 
NA: Este texto é o resumo da apresentação da obra que realizei na Biblioteca da Universidade do Algarve.


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