Por Luís Coelho Já várias vezes escrevi neste Lugar ao Sul sobre os problemas que podem advir por termos a nossa economia regional definida em torno do fenómeno turístico. A história hoje é bem diferente Começa na notícia que o Sul Informação publicou no dia 12 de Outubro relativa à sessão de apresentação dos resultados do projecto Algarve Cooking Vacations. Este resulta de uma parceria entre a Região de Turismo do Algarve e a Tertúlia Algarvia e teve como objectivo detalhar o potencial do turismo culinário e enológico no Algarve. Para além da natural saudação pela virtuosa parceria que se estabeleceu entre o sector público e privado nesta ocasião, é de notar que o estudo realizado mostra que o Algarve possui todos os recursos necessários para colocar a região a competir com o melhor que se faz no mundo neste segmento de mercado.
Boas notícias, claro. Há, no entanto, três ideias adicionais que saem deste estudo e que me parecem ser ainda mais interessantes. Desde logo o facto de se apontar para a possibilidade de se criar toda uma cadeia de valor em torno do turismo culinário e enológico do Algarve. De facto, o estudo revela que as pessoas interessadas neste tipo de experiência pretendem, também, conhecer o nosso vasto património cultural. Assim, à boleia da experiência culinária e enológica aparece a ida ao museu, a compra de artesanato ou a visita à destilaria tradicional onde se produz o medronho, para mencionar apenas alguns exemplos. Esta pode ser a forma de valorizar este tipo de actividades e activos (nobres e tradicionais) que, de outra forma, podem ficar votadas/os ao abandono. A segunda ideia é que este tipo de turismo democratiza o impacto territorial do turismo e pode ajudar no combate à sazonalidade. Por outras palavras, é perfeitamente possível (e desejável) ter este tipo de oferta fora dos concelhos do litoral do Algarve, criando uma economia ligada ao turismo onde esta tipicamente não existe. Ao mesmo tempo, em face da riqueza gastronómica da região, este turismo pode desenvolver-se ao longo de todo o ano, facto que o torna interessante para gerar procura no Algarve nos meses em que o sol não brilha com tanta intensidade e a temperatura da água do mar não convida a banhos. Finalmente, o estudo revela também que esta é uma procura mais qualificada, i.e., que se mostra disponível para pagar um preço mais elevado por experienciar algo único e verdadeiramente ímpar no mundo. Este aspecto não é um pormenor: ajuda a colocar o Algarve no segmento médio-alto em que, penso, este se deve posicionar. Em 2015 a Ordem dos Economistas lançou um estudo sobre a nossa economia regional no qual se alertava para a necessidade de maximizar o efeito arrastamento do turismo. Na eventualidade deste desiderato se materializar, teremos a capacidade de aumentar a riqueza criada (e retida) no Algarve, qualificando mais os sectores tradicionais ao mesmo tempo que se reforça a nossa identidade singular enquanto destino. É pois com especial entusiasmo que recebo os resultados do Algarve Cooking Vacations. Mais feliz fico por ver a iniciativa privada a utilizar este conhecimento para desenhar soluções de negócio que exploram esta oportunidade. Em particular, pelo que veio a lume na notícia de dia 12 de Outubro, a Tertúlia Algarvia prepara-se para comercializar dois pacotes de curta duração que envolvem visitas a Monchique, à adega da Tôr, a mercados variados, e envolve ainda aulas de culinária e outras actividades. Que venham pois mais ideias desta natureza, bem pensadas e bem articuladas entre os diversos actores da Região, de forma a melhor colocar o Algarve no mapa internacional do turismo gastronómico e enológico.
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