O Lugar ao Sul dá hoje voz a um jovem muito especial. Ricardo Santos de seu nome, é Farense de gema, joga na equipa sub-25 deste País e licenciou-se na Universidade do Algarve há menos de tempo do que o Porto ganhou o seu último campeonato nacional de futebol na categoria de seniores. Infelizmente o Ricardo viu-se na contingência de procurar o seu futuro fora da nossa região pois apesar do seu talento natural e do seu forte apego à terra que o viu crescer, não encontrou por cá resposta aos seus anseios profissionais (e pessoais). Assim, nesta que é uma fase de balanço, penso ser útil trazer o seu testemunho a este nosso espaço. PS.: Falta apenas dizer que, como pessoa de bom gosto, o Ricardo é um feroz adepto do Sporting Clube de Portugal e, enquanto por cá andou, um habitué do Estádio do Sporting Clube Farense. É pois material de "Lugar ao Sul". Breve Nota Biográfica de Ricardo Moreira Santos: licenciado em Gestão de Empresas pela Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, atualmente Gestor de Conta na EB Consultores especialista em Consultoria de Gestão situada no Norte do país. Por Ricardo Santos Escrevo este artigo com o intuito de distinguir e comparar a Economia do Algarve com a Economia do Norte do País. Nasci e cresci em Faro, licenciei-me na Universidade do Algarve, mas vi- me “obrigado” a abraçar outros desafios profissionais a Norte de Portugal. O Algarve e o Norte apresentam diferenças demográficas, geográficas, mas essencialmente
económicas. Em área geográfica o Algarve apresenta 5.412 km2 e o Norte 21.278 km2. Já a nível de habitantes, o Algarve conta com 451.005 (4,27% população portuguesa) contra 3,6 milhões (35% população portuguesa) da região norte. As diferenças económicas são muito assinaláveis: a nossa Região representa (apenas) aproximadamente 5% do PIB do País enquanto o Norte vale quase 30% da riqueza nacional. O tecido empresarial do Norte assenta, essencialmente, na indústria do têxtil. Existe por aqui fábricas de calçado, de móveis e uma forte presença da indústria automóvel. Há também atividade industrial ligada à cortiça, aos metais e à borracha. No norte litoral tem também havido uma forte aposta no Turismo, que regista forte investimento nos últimos anos. Assim, e forma continuada, a Economia do Norte é, e continuará a ser a mais diversificada do País. Penso, no entanto, que o mais interessante é dar o meu testemunho pessoal sobre a forma de estar no negócio a Norte. De facto, a minha experiência pessoal e profissional leva-me a afirmar que existe no Norte uma maior diversidade empresarial, mais dinamismo e, essencialmente, maior investimento público e privado. Existem centenas de Associações Empresariais que dinamizam e alavancam as empresas e os empresários para serem mais competitivos, mais rigorosos e mais dinâmicos. Existem imensos encontros de empresários na qual o único objetivo é a partilha de negócio e referência de potenciais clientes. Não estranha por isso que a Economia do Norte seja responsável por 39% das exportações nacionais, as quais se repartem por diversas áreas de negócio. Olhar para o caso do Algarve é encontrar um mundo de diferenças. Em particular, o que se nota é que esta zona do País apresenta uma total dependência do sector do Turismo, com todos os riscos que tal acarreta. Como jovem Algarvio, penso que o tecido empresarial Algarvio tem que olhar para a Universidade e para o poder decisório como alavanca para colocar a região que ganhou o prémio “The World’s Best Place to Retire 2017” na rota da diversificação económica e sendo um dos destinos preferenciais das empresas para se instalarem e investirem na região em que o Sol brilha todo o ano. Considero que o Algarve pode dar o salto para outro patamar económico (tem imenso potencial). No entanto, é necessário primeiramente existir uma maior sinergia dentro do tecido empresarial, depois um forte investimento do Governo em áreas ainda carenciadas (saúde, algumas infraestruturas, por exemplo) e, por fim, colocar o conhecimento através da Universidade do Algarve nessa Economia. O conhecimento diversificado é o motor de qualquer Economia. Assim, considero fundamental e de extrema importância o investimento na Universidade do Algarve. As Universidades do Norte têm financiamento público muito acima do que é chegado à UAlg e consequentemente injetam conhecimento e capital humano altamente preparado para a exigência do mercado de trabalho e de uma Economia mais diversificada e competitiva. O Algarve tem tudo para ser uma região de renome Nacional e Internacional, não só pelo Turismo, mas pela diversificação empresarial. Tenho colegas de trabalho que me questionam porque saí do Algarve se é lá (aí) que está calor, se não chove com tanta frequência como no Norte, se tenho boas praias e bons sítios para estar com os meus amigos e familiares e se tenho boas condições de vida. A tudo isto respondo: "é muito simples: o Algarve é altamente dependente do Turismo e o Turismo no Algarve é sazonal por isso decidi não estar exposto a esse risco." Desejo muito que a região que me viu nascer e me formou como homem e cidadão que seja melhor, que seja muito melhor, que exista dinamismo empresarial, boas condições laborais para os jovens e empresas se instalarem na região, essencialmente que a região não seja altamente dependente do Turismo existindo assim uma maior diversificação do tecido empresarial e económico.
10 Comments
Rui Pacheco
26/12/2017 17:08:24
É triste querer e,principalmente, poder contribuir para uma região que tanto nos dá e não existirem meios, infraestruturas e recursos para tal poder ser feito, e pior ainda, quando estes existem e são mal aproveitados ou mobilizados para as zonas erradas do investimento publico\privado. Espero que o Algarve deixe de ser apenas a praia de Portugal e consiga fazer frente à industrialização dos nossos vizinhos do Norte.
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Anónimo
26/12/2017 17:13:11
Gostava de perceber o vosso critério para "convidar" e dar "voz" ao vosso portal.
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Anónima
26/12/2017 18:10:50
Porque se calhar este jovem consegue ter uma visão melhor da grande diferença entre o norte e o sul, e o que se poderia fazer para melhorar.
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Luis Ponte
26/12/2017 19:44:55
Meu caro "anónimo",
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Anónimo
28/12/2017 12:04:30
Caro Luis Ponte,
Paulo Pereira
27/12/2017 21:47:58
O Ricardo esqueceu-se de mencionar outra diferença importante: o Norte tem politicos que dão murros na mesa e conseguem influenciar as decisões do(s) Governo(s). O resultado está à vista: as empresas do Algarve tem, no máximo, acesso a 82 milhões de euros de incentivos do Portugal 2020, enquanto as empresas do Norte tem acesso até a 3,103 mil milhões (são só 37,7 vezes mais).
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Ricardo Moreira Santos
27/12/2017 23:41:05
Antes de mais obrigado pelo seu comentário. Sim efectivamente existe uma grande discrepância nos fundos do Portugal 2020 eu sei porque também trabalho diretamente nessa área. Não referi no artigo porque, apesar de ser um bom dado comparativo vai de encontro ao que falei da falta de investimento público na Economia do Algarve (e não pretendia colocar demasiados dados estatísticos no artigo, preferi colocar dados mais macroeconómicos). Relativamente ao cálculo do pagamento do IVA será certamente um óptimo exercício que irei fazer e colocar como resposta aqui no comentário. Obrigado mais uma vez. Bom Ano Novo!
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Ricardo Moreira Santos
28/12/2017 16:22:14
Em resposta ao desafio lançado.
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António Soares
30/12/2017 02:39:25
Ricardo, a sua ignorância relativamente ao tema econômico é gravíssima, por favor estude o tema (e MUITO) antes de opinar, porque isto de andar a pesquisar estatísticas e cuspir conclusões não é assim tão simples.
Antonio Manso
3/1/2018 11:37:01
Há aqui uma questão muito importante:
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