Por Sara Fernandes As ICC - Indústrias Culturais e Criativas são o coração da Economia Criativa. Abrangem as actividades relacionadas com a arte, música, literatura, moda, media, design e artesanato. Podem ser serviços criativos (que englobam por exemplo a arquitectura) como actividades artísticas. Estas indústrias contribuem de forma positiva não só para a criação de emprego qualificado, em muitos casos autónomo, como são consideradas uma ferramenta de coesão social e territorial ao contribuirem para o bem-estar das comunidades, para a afirmação da identidade local e para a protecção das manifestações culturais tradicionais. O foco é a criatividade, a cultura e a inovação. E será que esta trilogia encontra no interior do Algarve terreno fértil para se desenvolver? Necessitará o interior de uma nova abordagem de desenvolvimento assente na relação destas disciplinas? Acredito que sim. A este propósito, aponto aqui uma candidatura transfronteiriça recentemente aprovada que acredito que possa estimular o espaço rural algarvio a afirmar o seu potencial. O “Projecto Magalhães_ICC” que reúne instituições de Andaluzia (Gerência de Urbanismo do Ajuntamento de Sevilha, o Instituto de Cultura e Artes de Sevilha, Andalucía Emprende - Fundación Pública Andaluza e Agencia Andaluza de Instituciones Culturales), Alentejo (Universidade de Évora, Direcção Regional de Cultura do Alentejo e Associação Portuguesa de Treino de Vela (APORVELA)) e Algarve (Direcção Regional de Cultura do Algarve, Comissão de Coordenação de Desenvolvimento do Algarve, Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), QRER - Cooperativa para o Desenvolvimento dos Territórios da Baixa Densidade) pretende contribuir para um horizonte mais favorável para estas regiões através do desenvolvimento de uma rede de cooperação que prevê a criação, dinamização e difusão de um ecossistema jovem, empreendedor e qualificado a fixar-se ao nível profissional e pessoal nos territórios referidos. No Algarve, vão ser instalados nos concelhos de Alcoutim, Loulé e Silves (com o apoio dos seus municípios) pólos de incubação para iniciativas empresariais ligadas às ICC, de forma a impulsionar a capacitação de dezenas de candidatos que serão apoiados nas várias fases de evolução do seu negócio. Para que este projecto não caia no vazio como tantos outros, será necessário (e fundamental) desenvolver uma estratégia paralela de capacitação dos territórios para acolher este grupo de pessoas e de iniciativas. Falo da necessidade de apresentar (e executar) soluções para a deficiente estrutura de serviços de apoio, que poderá proporcionar o conforto necessário aos futuros residentes e que pode facilitar o dia-a-dia do tecido empresarial (como por exemplo, um bom acesso a uma rede de comunicações) ou então para a fraca oferta - ou mesmo inexistente - de habitação em regime de arrendamento, que pode comprometer de forma irreversível um projecto como este. As situações elencadas exigem uma actuação proactiva por parte do poder local, independentemente, dos ciclos políticos. Iniciativas como o “Projecto Magalhães_ICC” apresentam-se como valiosas oportunidades para as organizações envolvidas consolidarem o seu papel de agentes de mudança ao pensarem, elaborarem e executarem ideias que podem contribuir para afirmar o Algarve como uma região mais coesa e equilibrada, que valoriza o seu espaço rural e que investe activamente nele para que seja mais dinâmico, atractivo e competitivo. Um território diferenciado, ambientalmente sustentado e que nos orgulhe pela forma única como se revitaliza com sólidos alicerces na Cultura e na Criatividade.
3 Comments
Abel M. J. Silva
16/11/2018 18:59:38
Frequentei até meados deste ano um curso de Pós-Graduação em "Construção e Reabilitação Sustentável", tendo o meu trabalho final, considerado pela coordenação do cusro um dos três melhores, com o título "Construção - Sustentabilidade antes da Sustentabilidade", sido elaborado com base nos actuais requisitos para a construção sustentável em comparação como os métodos de construção e urbanismo seguidos pelos nossos antepassados, mais afastados ou mais próximos. No Sul ainda temos muitos exemplos de construção sustentável, através da construção com materiais locais, nomeadamente a terra, recolha de águas pluviais, utilização racional dos espaços de cultivo, entre outros exemplos. No "Projecto Magalhães_ICC", parece-me que se poderia criar uma simbiose entre a construção tradicional, que permitisse a coexistência de habitação a baixo custo, com meios de comunicação modernos e rápidos, especialmente a nível de telecomunicações. Estou disponível para partilhar os poucos conhecimentos que tenho para o bom sucesso do Projecto.
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Sara Fernandes
19/11/2018 08:49:41
Bom dia Abel, muito obrigada pelas suas palavras e disponibilidade. Se possível entre em contacto comigo e certamente encontraremos oportunidades de colaboração. Obrigada.
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Abel Silva
19/11/2018 13:42:57
Boa tarde Sara. Como disse no meu comentário anterior estou disponível para colaboração, dentro das minhas disponibilidades e capacidades. Através dos links de resposta na página do Lugar ao Sul não consigo fazer ligação, pelo que, para facilidade de contacto o meu mail é silvalface@sapo.pt e o meu telefone é 962811680. Leave a Reply. |
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